A retirada do contingente das Forças de Defesa do Botswana (BDF) da Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) em Moçambique (SAMIM), na semana passada, foi a primeira saída do país contribuinte de tropas (TCC) antes do encerramento da missão em Julho, três anos após o seu destacamento para Cabo Delgado.
O contingente do BDF, segundo o Oficial de Operações de Informação Pública da SAMIM, Capitão Tshepiso Mantjane, estava operacional em Cabo Delgado desde Outubro do ano passado e, juntamente com outros TCCs, fazia parte de operações ofensivas para neutralizar terroristas, bem como participar em projectos de rápido impacto. Estas são iniciativas para melhorar a vida dos residentes locais que regressam à casa depois de terem sido deslocados por acções terroristas.
O Chefe em exercício da SAMIM Shikongo Shikongo e o Comandante da Força da SAMIM, Major General Patrick Dube, destacaram o “compromisso, resiliência e determinação” do contingente do Botswana num desfile de despedida realizado no passado dia cinco de Abril.
Outros países que contribuem com tropas (TCC) para a missão multifacetada da SADC em Moçambique são Angola, Botswana, República Democrática do Congo (RDC), Lesotho, Malawi, África do Sul, Tanzânia e Zâmbia.
O mandato da SAMIM inclui o apoio a Moçambique no combate ao terrorismo e aos actos de extremismo violento em Cabo Delgado. Outros pontos do mandato são o fortalecimento e manutenção da paz e segurança, a restauração da lei e da ordem nas áreas afectadas de Cabo Delgado e o apoio a Moçambique, em colaboração com agências humanitárias, na prestação de ajuda humanitária aos moçambicanos afectados por actividades terroristas, incluindo pessoas deslocadas internamente (PDI).
A Ministra dos Negócios Estrangeiros, Verónica Macamo, foi até à data a única pessoa a fornecer uma razão para o encerramento da SAMIM. No fim de Março, ela teria dito que a SAMIM partiria em Julho devido à falta de fundos.
“A SAMIM está a enfrentar alguns problemas financeiros. Também temos que cuidar das nossas próprias tropas e teríamos dificuldade em pagar pela SAMIM”, disse ela à imprensa local na capital da Zâmbia, Lusaka. “Nossos países não estão a conseguir arrecadar o dinheiro necessário”.
Macamo falava após uma reunião entre o Presidente Filipe Nyusi e o seu homólogo zambiano, Hakainde Hichilema, actual presidente do órgão de Cooperação em Política, Defesa e Segurança da SADC. Macamo disse à imprensa que, dadas as suas limitações orçamentais, o bloco regional da África Austral optou por priorizar a sua missão na RDC (SAMIDRC) à frente da SAMIM.
O Ruanda, entretanto, planeia enviar mais tropas para Moçambique. O Brigadeiro General Patrick Karuretwa, chefe de cooperação internacional nas Forças de Defesa do Ruanda (RDF), disse a jornalistas em Kigali que soldados ruandeses adicionais ajudariam a preencher a lacuna deixada pela saída da SAMIM, informou o News24.
Embora a violência em Cabo Delgado tenha diminuído, registaram-se picos recentes este ano, com ataques no sul da província causando o deslocamento de milhares de pessoas. Desde 2017, o conflito deslocou internamente um milhão de pessoas e resultou em 5 000 mortos. (Defenceweb)