Quatro anos depois de ter causado a morte de 12 pessoas (das quais 11 carbonizadas) em consequência de um acidente de viação, ocorrido no passado dia 03 de Setembro de 2017, no distrito de Zavala, província de Inhambane, a transportadora “Nhancale” volta a ser protagonista de uma das maiores tragédias rodoviárias do país.
Neste sábado, 03 de Julho de 2021, um dos autocarros da transportadora esteve envolvido num acidente de viação, que causou a morte de mais de 30 pessoas e feriu mais de 40, das quais 11 continuam internadas (10 no Hospital Central de Maputo e uma no Centro de Saúde do Distrito da Manhiça).
A ultrapassagem irregular, associada ao excesso de velocidade, é apontada, até ao momento, como a principal razão da ocorrência do sinistro, que teve lugar por volta das 19:00 horas, no distrito da Manhiça, província de Maputo.
Apesar do Ministro dos Transportes e Comunicações, Janfar Abdulai, ter anunciado a criação de uma Comissão de Inquérito (constituída pela Polícia de Trânsito, Instituto Nacional de Transportes Rodoviários e Administração Nacional de Estradas) para investigar as causas do sinistro e apurar os respectivos responsáveis, o Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) e o Governador da Província de Maputo atiram a responsabilidade à transportadora e avançam algumas das medidas a serem tomadas.
Em entrevista à STV, o Comandante-Geral da PRM, Bernardino Rafael, propôs o “banimento” da Transportes Nhancale, alegando que a companhia não está a beneficiar os utentes e muito menos a si própria.
“Não está a beneficiar os utentes da empresa, que são os passageiros; não está a beneficiar a si própria, como empresa. Então, a existência dessa empresa devia ser nula”, defende Bernardino Rafael, para quem é importante revisitar-se a legislação e analisar-se o cadastro da empresa, de modo a avaliar “se vale a pena ou não essa empresa existir”.
Já o Governador do Província de Maputo, Júlio Parruque, também em entrevista à STV, disse que a transportadora Nhancale já está na lista negra, pelo que deve rever a sua frota e a qualidade dos seus condutores, pois, “queremos condutores sensíveis à vida humana”.
“Não queremos pessoas que abusam das nossas vidas. Estamos a morrer nas estradas por comportamento irresponsável dos motoristas”, disse o Governante.
Enquanto isso, a Secretária de Estado na província de Maputo, Vitória Diogo, aguarda a conclusão do Inquérito em curso, de modo a propor as suas medidas. “Nesse momento, nós vamos aprofundar porque não posso tecer considerações sem ter dados concretos”, disse a antiga Ministra do Trabalho, Emprego e Segurança Social.
O Ministro dos Transportes e Comunicações estimou, numa a duas semanas, o período necessário para a conclusão do Inquérito em curso. Refira-se que, para além do autocarro da Transportadora Nhancale, o sinistro envolveu também dois camiões, sendo que um deles estava estacionado e sem sinalização. Os condutores dos três veículos automóveis encontram-se detidos.
Lembre-se que, em 2017, após o sinistro que matou 12 pessoas na província de Inhambane, a transportadora foi suspensa por três meses, por ter sido considerada culpada.
Sublinhe-se, no entanto, que no passado dia 30 de Junho 30 passageiros saíram ilesos após um dos autocarros da transportadora Nhancale ter pego fogo em plena marcha, um incidente que teve lugar no distrito de Bilene, província de Gaza. (Carta)