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sexta-feira, 17 julho 2020 03:56

Filipe Nyusi cede a pressão e recua da decisão do regresso às aulas

Depois não ter feito balanço de meio-termo aquando da segunda prorrogação do Estado de Emergência, o Presidente da República, Filipe Nyusi, decidiu, esta quinta-feira, dirigir-se à Nação no quadro da terceira, relacionada com a prevenção e combate à pandemia da Covid-19. O objectivo era avaliar os primeiros quinze dias e desenhar perspectivas para os restantes treze dias que nos separam do fim do Estado de excepção.

 

E a avaliação não diferiu “na letra e no espírito” da sua última comunicação sobre o assunto. Filipe Nyusi voltou a colocar o acento tónico na existência de enormes desafios no que a prevenção e combate à pandemia diz respeito, mormente quando estudos recentes revelam que a contaminação pela Covid-19 pode também pode acontecer pelo ar . Por esse facto, decidiu manter todas as medidas restritivas anunciadas aquando da terceira prorrogação do Estado de Emergência, cuja vigência estende-se até ao 29 de Julho corrente.

 

Na verdade, a manutenção das restrições representa, em termos práticos, um recuo na decisão de retorno faseado às aulas presencias, nos estabelecimentos de ensino público e privados. O regresso faseado das aulas estava, segundo anunciou o Conselho de Ministros, previsto para o dia 27 do corrente mês, dois dias antes do fim da terceira prorrogação do Estado de Emergência.

 

Desafios relacionados com a higiene e segurança, tal como disse o Presidente da República, estão por detrás do recuo da decisão da reabertura das escolas. O chefe do Estado avançou que apesar dos esforços dos vários actores tendentes à criação das mínimas condições para o retorno boa parte dos estabelecimentos de ensino ainda não se apresenta em condições de acolher os alunos em segurança. 

 

Segundo o PR, o retorno as aulas presenciais só será autorizado quando as mínimas condições de higiene estiveram asseguradas, tendo, na ocasião, encorajado os gestores das escolas e os outros profissionais do sector a continuar com os trabalhos preparatórios.   

 

O regresso faseado aulas presenciais anunciado por Filipe Nyusi esteve sempre ensombrado pelo boicote dos pais e encarregados de educação, que, desde à primeira hora, não se mostraram a favor da decisão por partilharem da opinião que os estabelecimentos de ensino não ofereciam as condições para o efeito.

 

Até esta quinta-feira, as autoridades sanitárias anunciaram que o país havia registado um total de 1.383 casos positivos da Covid-19, sendo 53 registados nas últimas 24 horas. Do total de casos registados no país, 1.239 são de transmissão local e 144 importados. Deram a conhecer que 07 pessoas estão internadas, 380 recuperadas e 09 haviam já perdido a vida.   

 

Igrejas vão continuar fechadas e os líderes religiosos continuarão a fazer contas à vida

 

A manutenção das medidas restritivas não caiu bem nas hostes religiosas que estavam esperançosos em ver levantada a suspensão da realização de cultos. Por este facto, a classe religiosa continuará a fazer contas à vida visto que o número de casos novos da doença cresce a velocidade da luz no país, realidade que faz ruir o desejo de ver as igrejas e mesquitas lotadas de fiéis.   

 

O “balde de água fria” vem semanas depois da elite religiosa ter montado acampamento na Presidência da República com o objectivo de tentar persuadir o chefe de Estado a autorizar que os fiéis pudessem voltar a frequentar as igrejas e mesquitas, facto que garantiria automaticamente as benevolentes e salgadas contribuições dos crentes.  

 

Questões ligadas à sobrevivência das congregações religiosas estão na origem da forte pressão para o retorno aos “cultos presenciais”. Enquanto a autorização não chega, através de canais televisivos, canais no youtube, redes sociais (facebook e whatsupp) e outras plataformas, as congregações religiosas vão persuadindo os fiéis a fazerem as suas contribuições, sendo plataformas de pagamentos electrónicos a via preferencial.

 

E porque já estamos no quarto mês de “confinamento” congregações religiosas há que, como forma de driblar a crise, optaram por reunir de forma clandestina. (Carta)

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