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segunda-feira, 13 julho 2020 08:12

A outra face da Reserva Especial de Maputo

Composta por 10.000 Km², a Reserva Especial de Maputo (REM) carrega uma vasta população animal, seja ela selvagem, como marinha. Num trabalho realizado em finais de Junho, “Carta” apurou que vivem, ao redor e no interior daquela área de conservação, 24 comunidades, que vivem na base da renda daquele local turístico. De acordo com Miguel Gonçalves, Administrador da REM, como forma de afastar as comunidades da caça furtiva, a administração daquela área tem implementado projectos sustentáveis.

 

Segundo Miguel Gonçalves, nos últimos anos, houve uma redução significativa da “caça furtiva”, embora haja alguns furtivos que abatem pequenos antílopes, mas, devido ao investimento feito pelas autoridades, a situação mudou. O gestor explicou que se está a desenvolver um programa de “redesenho” da vedação da área para que se evite o conflito homem-fauna bravia.

 

Na REM, as comunidades de Madjadjane, Zitundo, Machangulo e Gala, todas do distrito de Matutuine, na província de Maputo, têm praticado agricultura de conservação, sendo que, em 2019, produziram quatro toneladas de cebola, 90 kg de alface e pimento. Cada membro vendeu 200 kg de todos os produtos e o rendimento foi de 5 mil meticais para cada família.

 

Segundo Fernando Manecas, representante da Associação de Camponeses de Gala, no presente ano, esperam dobrar a produção. Manecas avançou que a associação é composta por 20 pessoas, sendo que, na sua maioria mulheres, cultivam os quatro hectares atribuídos pela direcção da REM.

 

Helena Njate, praticante da agricultura de conservação, explicou à nossa reportagem que a actividade é boa porque minimiza os custos de vida e que as técnicas usadas melhoraram os índices de produção, uma vez que cultivavam maior quantidade de terra, mas o rendimento era “fraco”.

 

Gil Mutemba, técnico extensionista da REM, explicou que a prática da agricultura de conservação naquela área visa afastar as comunidades do abate de espécies florestais proibidas, a prática da pesca ilegal, a caça furtiva e a queima de árvores para a produção de carvão vegetal. Disse ainda que, com o melhoramento dos solos, esperam colher o dobro de 2019.

 

Já Artur Mazive, Secretário do bairro de Madjadjane, afirmou que as comunidades têm-se dedicado ao cultivo da mandioca, batata-doce e couve, garantindo haver uma equipa também preparada para afugentar os elefantes, em caso destes invadirem as machambas. Naquele bairro, sublinha a fonte, os caçadores “furtivos” direccionam as suas acções à caça de pivas, cabrito vermelho e porcos-bravos.

 

Miguel Gonçalves revelou, aliás, que algumas comunidades residentes no interior da REM pediram para sair daquele local, tendo tido apoio por parte da administração da Reserva.

 

De acordo com Artur Muandula, Administrador do distrito de Matutuine, a produção de hortas, em locais vedados, permite às comunidades adquirirem os seus próprios rendimentos, tendo revelado que, em 2019, houve comunidades que registaram uma produção excessiva, o que obrigou o governo local a negociar com alguns centros comerciais para adquiri-la.

 

Em relação ao turismo, o Administrador da REM avançou que, devido ao impacto causado pelo novo coronavírus, houve uma redução de turistas, o que se reflectiu nas receitas geradas pela área. Por isso, o valor alocado às comunidades será bastante “irrisório”. (O.O.)

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