A agenda de terror segue intacta na nortenha província da Cabo Delgado. Apesar de as Forças de Defesa e Segurança (FDS) continuarem com a narrativa triunfalista, no teatro operacional norte (Cabo Delgado). Os terroristas teimam em exibir musculatura, semeando luto e destruindo várias infra-estruturas, entre públicas e privadas. Disso faz prova a invasão à vila da Mocímboa da Praia, no passado dia 27 de Junho, onde, em mais uma incursão terrorista, assassinaram um comandante da unidade das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).
Imediatamente a seguir ao ataque àquela estratégica vila, o Estado Islâmico da Província de África (ISCAP na sigla em Inglês), em meio ao corte dos serviços de telecomunicações, reivindicou a autoria dos ataques e relatou inúmeras baixas do lado do exército governamental. Entretanto, em mais uma comunicação, na quinta-feira última, o Estado Islâmico emitiu o seu posicionamento em torno da situação que se vive naquele ponto do país, tendo deixado claro que vão continuar a inviabilizar toda e qualquer iniciativa de exploração dos recursos por parte dos “ocidentais”, chamados de “Cruzados”, na curta comunicação em árabe que grupo veiculou.
“E se os cruzados pensam que, com seu apoio ao governo infiel de Moçambique, protegerão seus investimentos e garantirão sua preparação contínua para a riqueza da região, então eles serão ilusórios, pois, as condições logo se estabilizarão para os soldados do califado – Deus disposto – mais cedo ou mais tarde, eles estão em progresso e vitória e seu inimigo está voltando, graças a Deus Todo-Poderoso, e que a contínua mobilização de forças dos Cruzados contra o Estado Islâmico, bem como sua interferência directa na guerra lá, como alguns deles chamam, só levarão ao que não desejam! E que Deus seja vitorioso com sua vitória, Deus é forte e querido”, refere o comunicado do grupo, traduzido do árabe para o inglês e depois para o português.
O grupo refere que os “Cruzados” estão apenas interessados em explorar as “grandes reservas das várias riquezas internas” de que o país dispõe, no qual o investimento é compartilhado por empresas “americanas, francesas e sul-africanas, e as russas e chinesas” à espreita.
Prossegue, afirmando que Moçambique “é agora governado por uma gang fragmentada de ateísmo comunista”. Com ajuda dos Cruzados, refere o grupo na comunicação, espalharam ódio contra os muçulmanos naquele ponto do país e promoveram maus tratos e coagiram boa parte a deixar a religião, realidade que abriu espaço para a vingança dos “soldados do califado contra o exército cruzado de Moçambique e seus ajudantes infiéis e apóstatas”.
O Estado Islâmico reclama vitória sobre os mercenários contratados pelo governo moçambicano tendo optado, na sequência, por solicitar apoio dos países vizinhos. Perante o quadro “negro”, anota o grupo, o governo moçambicano optou por envolver o governo sul-africano e o seu exército, mas este país, refere, “tem problemas internos suficientes para forçá-lo a evitar envolvido nesta guerra que o colocará num grande impasse financeiro, militar e de segurança”.
Anotaram, igualmente, que o “apoio da coalizão «Estados da África do Sul» ao exército moçambicano não era o nível desejado, já que, até agora, se limitou a um pequeno número de soldados treinados com uma pequena quantidade de armas, porque alguns desses países já estão sofrendo de conflitos internos envolvidos na longa guerra que os esgotou, ou teme um envolvimento de longo prazo nesse campo de batalha, assim como outros exércitos gregos estavam envolvidos na guerra do Estado Islâmico como no caso dos Camarões, Nigéria, Chade, Níger, Benin, Mali, Burquina Faso e Congo, e o potencial dos exércitos da Mauritânia, Argélia e Costa do Marfim, o que constitui uma imagem aterradora de um pensamento do exército de mergulhar numa longa guerra em Moçambique. E o resultado de tudo isso é que os cruzados hoje estão vivendo uma perda própria. Temem que sua grande interferência nesta guerra leva à adição de mais muçulmanos em Moçambique e sua vizinhança aos soldados do califado, especialmente porque a agressão contra o Islã e seu povo em todos os países da região é antiga e grande, e eles temem que isso leve a para o alargamento do fogo ardente da Jihad que ameaça queimar politeístas nesta região”, sublinha o grupo. (Carta)