Até à primeira quinzena de Abril passado, a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) contabilizava 364 empresas que suspenderam as suas actividades, devido à crise provocada pela Covid-19, afectando mais de 10 mil postos de trabalho, mas findo o primeiro mês de Estado de Emergência, a congregação constatou que o número de empresas disparou para 1.175, elevando para 12.160 postos de trabalho afectados.
Do total de empresas encerradas, a CTA aponta que cerca de 756 empresas são do sector de hotelaria e turismo e empregam um total de 5 mil trabalhadores. A congregação apurou que as empresas que ainda se mantêm em funcionamento reduziram o seu nível de actividade para menos de 25%.
Em conferência de imprensa havida semana finda, o vice-Presidente do Pelouro de Política Fiscal na CTA, Paulo Oliveira, explicou que, por conta desta redução em 75% do nível de actividade das empresas, os prejuízos avolumaram-se no mês passado.
“Dados preliminares indicam que, ao longo dos 30 dias de emergência, o sector empresarial moçambicano registou perdas de facturação estimadas em 6,1 mil milhões de Meticais, o correspondente a 87,1 milhões de USD, sendo os serviços relacionados com o turismo, nomeadamente hotelaria, agências de viagens, restauração, entre outros, os mais afectados”, relatou Oliveira.
Segundo o vice-Presidente do Pelouro de Política Fiscal na CTA, o referido impacto deve-se, por um lado, aos desafios que as empresas enfrentaram para a implementação efectiva da legislação que regula as medidas do Estado de Emergência e, por outro, à ausência e/ou insuficiência de medidas de resposta adequadas para a minimização dos impactos económicos desta pandemia no sector empresarial.
Para salvar as empresas, principalmente do sector da hotelaria e turismo, a CTA reitera a necessidade de adopção de medidas excepcionais para apoiar a tesouraria destas empresas e relançar o nível de actividade económica, tais como o relaxamento de alguns custos operacionais, nomeadamente, a redução em 50% das facturas de água e energia e o adiamento de pagamento de impostos, bem como contribuições para a segurança social.
“Por outro lado, o sector das pescas, que é um dos vitais para a economia moçambicana e que contribui significativamente para a balança de pagamento através das exportações, ressente-se do cancelamento de encomendas, acumulação de stocks e aumento de custos operacionais, aliados à redução do preço dos produtos pesqueiros no mercado internacional que torna as empresas deste sector menos competitivas por conta dos elevados custos operacionais que estas empresas continuam a suportar”, apontou o empresário.
Reconhecendo o papel preponderante que os sectores de exportações tradicionais têm para a economia, a CTA clama pela necessidade de apoio a estes sectores, através de medidas urgentes e objectivas. No caso do sector das pescas, por exemplo, a agremiação propõe redução do preço dos combustíveis que, actualmente, está fixado em 956.35 USD por Tonelada Métrica, mais do que o dobro do preço registado em outros países da região como a África do Sul, em que o preço está fixado em 306 de USD por Toneladas Métricas.
Para além do sector pesqueiro, a CTA considera que esta queda, em cerca de 68.5%, no último trimestre, do preço do crude no mercado internacional (custando actualmente 20.84 de USD/barril), devia reflectir-se no preço dos combustíveis para apoiar os sectores económicos no geral.
Por exemplo, demonstrou o vice-Presidente do Pelouro de Política Fiscal na CTA, no passado mês de Março, esperava-se que, com esta tendência de queda do preço do petróleo bruto, o preço dos combustíveis pudesse baixar em 3 Meticais para o Gasóleo e em 2.6 Meticais para a Gasolina.
“Com este cenário, os custos operacionais diários dos transportadores públicos poderiam baixar em cerca de 17%, o que poderia aliviar significativamente as perdas dos transportadores, que se ressentem da redução de cerca de 57% na sua receita diária devido às medidas do Estado de Emergência”, sublinhou Oliveira. (Evaristo Chilingue)