Foi através de um vídeo, gravado em 01 minuto e 25 segundos e posto a circular nas redes sociais, que um grupo de quatro militares, supostamente presentes no “teatro das operações”, em Cabo Delgado, conta a alegada real situação que se vive naquele ponto do país.
No referido vídeo, um dos militares afirma: “estamos aqui na cadeia regional norte, vulgo penitenciário… nós fomos incumbidos numa missão e não sabemos o que estamos a guarnecer. O próprio insurgente (risos) que foi levado para aqui está ali dentro. Nós estamos aqui fora. Mas, até agora são 08 horas e 42 minutos nem matabicho nem nada”.
Indo mais, o mesmo diz: “não temos condições, não temos onde dormir, estamos a dormir nas trincheiras conforme vêem as redes lá no fundo, ali é na trincheira. Rede que chamam o inimigo, indícios de redes que não são camufladas nem tenda nem nada, aqui nem fogo até agora não se acendeu, não se sabe se vamos comer ou não”, diz o militar.
Deplorando a situação, o suposto porta-voz do grupo, que não chegou a se identificar, aponta uma arma AKM e diz: “mas, imagina lá uma pessoa vai ser dada uma arma assim, uma arma grande como esta aqui, sem cinta nem nada. E se o inimigo vier, como vamos fazer? Haam!!! Só saímos do quartel com um carregador, nem capacete nem cartucheira nem nada, nem prova de bala não temos. Haam!!! Mas que tipo de missão nós estamos a cumprir. Então, estamos a pedir se tem os donos, as pessoas que inventaram esta coisa aí, melhor virem nos retirar aqui, porque já estamos cansados aqui e ponto final”.
Coincidência ou não, o facto é que o Ministro da Defesa Nacional (MDN), Jaime Neto, em entrevista a certos órgãos de comunicação social, na sexta-feira, em Maputo, após ser ouvido pela Comissão da Defesa, Segurança e Ordem Pública, da Assembleia da República, no quadro do Programa Quinquenal do Governo (PQG) disse: “precisamos de reforço sim. E caso esse reforço chegue, nós vamos empregar não apenas para os desafios de hoje, mas também do amanhã”.
Segundo Jaime Neto, os casos esporádicos que acontecem, não é porque não temos meios para a defesa. “É a conjuntura e nós estamos a trabalhar à volta disso”. Entretanto, os ataques, em Cabo Delgado, ganharam outras dimensões nas últimas semanas, com os terroristas tendo atacado as vilas-sede de Mocímboa da Praia e Quissanga, onde o nível de destruição de infra-estruturas públicas e privadas é avultado.
Informações dão conta que foram capturados, após os ataques nos distritos acima mencionados, mais de 50 integrantes do grupo que desde 2017 vem aterrorizando a população de nove distritos, uma situação que está a criar um êxodo rural, na Cidade de Pemba, com a chegada de várias pessoas por via marítima à capital daquela província. (Omardine Omar)