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quinta-feira, 12 março 2020 05:33

Covid-19: Conheça as razões para Moçambique estar sob alerta com a escalada da doença na RSA

Continua a preocupação dos cidadãos sobre uma provável propagação do coronavírus pelo território nacional, desde que a vizinha África do Sul confirmou, no passado dia 05 de Março, o primeiro caso de infecção por esta doença, surgida na China, em Dezembro passado. Até à tarde de ontem, o Ministério sul-africano da saúde tinha confirmado 13 casos de contaminação pelo Covid-19, todos importados (indivíduos que estiveram em países que já registaram infecções por esta doença).

 

A preocupação não é para menos! A África do Sul é o país africano com quem Moçambique regista maior fluxo migratório, por um lado, devido às elevadas trocas comerciais entre as duas nações – quase que o mercado moçambicano é abastecido pelas pharmas e indústrias sul-africanas, sobretudo para os produtos alimentares – e, por outro lado, devido ao turismo (destaque para entrada de sul-africanos durante o período pascal e a quadra festiva) e a existência de trabalhadores moçambicanos nas minas sul-africanas.

 

Moçambique e África do Sul partilham, entre si, seis fronteiras terrestres, sendo quatro na província de Maputo e duas na província de Gaza. De acordo com os dados fornecidos pelo Serviço Nacional de Migração (SENAMI), só nas quatro fronteiras existentes na província de Maputo, cerca de 4.000 pessoas saem e entram, diariamente, nos dois países.

 

A fronteira de Ressano Garcia, no distrito da Moamba, é a maior fronteira terrestre do país e regista, por dia, a entrada de uma média de 3.000 pessoas, enquanto a média de saída diária é fixada em 3.600. A fonteira da Ponta D’Ouro, no distrito de Matutuine, regista, por dia, uma média de 300 viajantes em ambos sentidos (entradas e saídas), enquanto a fronteira de Goba, no distrito da Namaacha, regista uma média diária de 150 viajantes. Já a fronteira de Namaacha regista uma média de 250 viajantes também nos dois sentidos.

 

A partir do dia 06 de Abril, as quatro fronteiras da província de Maputo poderão registar maior movimento migratório, com a aproximação do período pascal (a Páscoa será comemorada no dia 12 de Abril), facto que aumenta a preocupação dos cidadãos que, diariamente, vão se inteirando do perigo que a doença representa.

 

Em 2019, a fronteira de Ressano Garcia registou a entrada e saída de 96 mil viajantes, enquanto da fronteira da Ponta D’Ouro passaram 11.118 pessoas. Já em 2018, dos cerca de 167 mil viajantes que atravessaram as fronteiras nacionais durante a Páscoa, 115.500 passaram pela fronteira de Ressano Garcia.

 

Até ao momento, nenhum caso de coronavírus foi identificado, em todo o território nacional, apesar de o país já ter recebido 22 mil pessoas, provenientes de países que já detectaram pelo menos um caso desta doença, segundo o porta-voz do SENAMI, Celestino Matsinhe, falando esta terça-feira, num debate televisivo na STV.

 

Aliás, o Ministro da Saúde, Armindo Tiago, garantiu, semana finda, que o país tem uma equipa em prontidão para dar resposta a uma eventual eclosão do coronavírus no país, assim como tem material de protecção para atender os primeiros 100 casos.

 

O MISAU garante ainda não haver motivos de maior preocupação, pois, os casos até aqui reportados na vizinha África do Sul são importados. Sublinha estar a acompanhar a evolução da situação, sobretudo no que tange à infecção local, ou seja, a contaminação de indivíduos que nunca estiveram em países, onde a doença já foi detectada.

 

Entretanto, nem com as garantias do Governo, os cidadãos não deixam de manifestar a sua preocupação relativamente a este vírus, tendo em conta as fragilidades do nosso sistema de saúde, assim como devido ao precário sistema de transporte, sobretudo nas maiores cidades do país, onde as pessoas são transportadas em condições desumanas. Lembre-se que o período de incubação do coronavírus é estimado em 14 dias e o período de sobrevivência no ar é estimado em 30 minutos. O vírus pode ser transmitido a uma distância de até 4,5 metros.

 

Até esta quarta-feira, o continente africano já tinha reportado 112 casos de infecção pelo coronavírus, distribuídos em 12 países, nomeadamente, Costa do Marfim (um), África do Sul (13), República Democrática do Congo (um), Burkina Faso (dois), Nigéria (dois), Camarões (dois), Senegal (quatro), Togo (um), Egipto (59), Argélia (20), Tunísia (cinco) e Marrocos (um). Há também registo de dois óbitos, um em Marrocos e outro no Egipto.

 

Outro país com quem Moçambique regista um maior fluxo migratório é Portugal que até ao fecho desta edição, já tinha confirmado 59 casos do Covid-19. Aliás, o Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, está em quarentena domiciliar, depois de as autoridades de saúde terem confirmado um caso de coronavírus num aluno de uma escola que visitou o Palácio Presidencial, semana finda.

 

De acordo com o SENAMI, a companhia aérea portuguesa, TAP, transporta, por semana, uma média de 900 passageiros vindos daquele país europeu e outras 900 pessoas embarcam para as “terras lusas”.

 

Referir que o coronavírus já afectou mais de 118 mil pessoas, em 14 países, e já matou, em todo o mundo, 4.369 pessoas, na sua maioria na China. A Organização Mundial da Saúde declarou, na tarde de ontem, a doença como uma pandemia. (A.M.)

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