Ainda estão por identificar os garimpeiros ilegais que, na madrugada de sábado, agrediram cinco agentes de segurança privada da mineradora Montepuez Ruby Minning (MRM), na província de Cabo Delgado, sendo que três ainda continuam de baixa no hospital local.
A informação foi partilhada, esta segunda-feira, pelo Porta-voz do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM), em Cabo Delgado, Augusto Guta, em entrevista telefónica com a “Carta”.
À “Carta”, Guta contou que o episódio aconteceu por volta das 05:00 horas do último sábado, 22 de Fevereiro, quando os cinco agentes de segurança privada fiscalizavam uma das áreas concessionadas àquela mineradora, tendo-se deparado com um grupo de garimpeiros ilegais que, depois de serem abordados, iniciaram uma confusão que culminou com a agressão dos cinco vigilantes, sendo que três contraíram ferimentos graves, para além de terem incendiado uma viatura da companhia.
Segundo o Porta-voz da corporação, a Polícia teve de intervir para repor a ordem numa das maiores minas de rubi do mundo, porém, ninguém foi detido em conexão com o caso. Guta garantiu apenas que a corporação está a trabalhar para desencorajar as pessoas de aderir ao garimpo ilegal.
Entretanto, na noite de ontem, a MRM emitiu um comunicado de imprensa a informar que os mineradores ilegais invadiram, mais uma vez, a sua concessão, tendo emboscado uma viatura, situação que, segundo a companhia, culminou com o ferimento grave de três funcionários da mina e, ligeiramente, um agente de segurança privada.
A empresa diz estar a observar, nos últimos tempos, “um aumento dramático e coordenado do número de mineiros ilegais que entram naquela concessão, incluindo mulheres e crianças”, sendo que, no passado dia 11 de Fevereiro, “um grupo de mineiros ilegais arriscou a vida e introduziu-se nas minas da Ruby, acção que resultou na morte de pelo menos uma dezena de garimpeiros”.
De acordo com o documento enviado à nossa Redacção, a MRM acredita que os garimpeiros são explorados por sindicatos ilegais de contrabando de rubis, normalmente financiados por compradores estrangeiros, que pagam aos ilegais apenas uma fracção do valor real de mercado de rubis que são obtidos ilegalmente na mina e de outras fontes.
“A MRM continuará a fazer campanhas para aumentar a consciencialização entre as comunidades locais, mas as acções perpetradas pelos mineradores ilegais ultrapassam as nossas capacidades, daí que pedimos o apoio do Governo para a resolução deste problema, que tem causado enormes prejuízos à companhia”, afirma o Director-geral da MRM, Harald Hälbich, citado no documento.
Refira-se que Fakhir Asghar, membro do Conselho da Administração da MRM, revelou, em entrevista ao “Notícias”, que cerca de três mil garimpeiros ilegais, oriundos de diversas partes de Moçambique e outros países, invadiram a área mineira da MRM, porém, a PRM tem-se mostrado incapaz de defender os interesses da empresa e do Estado.
Entretanto, Eugénia Nhamuchua, porta-voz substituta da PRM, em Cabo Delgado, assegurou, na semana finda, que a corporação criou uma Comissão de Inquérito para averiguar as motivações do grupo que invadiu a mina. (Omardine Omar)