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quarta-feira, 29 janeiro 2020 02:45

Comando-Geral diz estar a perseguir “homens armados da Renamo”

O Comando-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) reconhece que os malfeitores que, desde Outubro de 2017, vêm atacando civis, propriedades públicas e privadas em alguns distritos do norte da Província de Cabo Delgado, têm perpetrado acções criminosas contra as Forças de Defesa e Segurança (FDS). Esta informação consta no comunicado de imprensa enviado à nossa redacção esta terça-feira, 28.

 

No comunicado em nossa posse, a PRM diz que “face às acções criminosas perpetradas por malfeitores, tendo como alvos civis e Forças de Defesa e Segurança (FDS), nalguns distritos do norte da província de Cabo Delgado, as FDS estão em prontidão combativa permanente, em várias linhas operacionais, levando a cabo acções de patrulha ostensiva, visando combater e neutralizar os malfeitores”.

 

Indo mais, o Comando-Geral refere: “as FDS estão em perseguição aos homens armados da Renamo, que têm protagonizado ataques contra civis, em alguns troços da EN1 e EN6, no centro do país, tendo em vista a sua neutralização e a devida responsabilização criminal”.

 

Esta informação surge numa altura em que os distritos de Mocímboa da Praia, Muidumbe, Quissanga, Macomia e, recentemente, Mueda, viveram as incursões do grupo armado “sem rosto”, mas que na semana finda divulgou um vídeo que vem confirmar as fotos veiculadas no ano passado, onde apareciam em viaturas pertencentes às FDS.

 

Na semana finda, os distritos acima mencionados vivenciaram os horrores da insurgência, tendo fontes de “Carta” confirmando que, na quinta-feira, ocorreu um ataque na aldeia Mbau, no Distrito de Mocímboa da Praia, onde morreram mais de 15 militares, numa posição militar, onde se encontravam estagiários da Escola de Sargentos de Boane.

 

De fontes militares, “Carta” soube que durante o ataque os insurgentes tomaram todas as posições centrais das FDS, não restando alternativas para os sobreviventes que não fosse recuar e tomar uma nova posição. O ataque a Mbau foi reivindicado pelo Estado Islâmico, através das suas plataformas de comunicação nas redes sociais. Esta situação levou o Chefe do Estado moçambicano, Filipe Nyusi, a visitar as FDS em Mueda, onde entre as mensagens encorajadoras que passou, tentou desdramatizar e atacou as organizações de comunicação que, na sua óptica, estão a desinformar.

 

Curiosamente, este posicionamento do PR vem numa altura em que vários órgãos de comunicação apresentam dados divergentes sobre as baixas verificadas no ataque de Mbau, havendo quem fale de 60 mortos e outros de 22, alguns de 15.

 

Estas diferenças surgem num momento em que os ataques se intensificam e o Ministério da Defesa Nacional (MDN) parou de emitir os comunicados de imprensa onde se anunciava constantemente “o assestamento de golpes de artilharias aos malfeitores”. Entretanto, durante o período em alusão, nunca se chegou a apresentar evidências de que os ataques estivessem a surtir efeitos.

 

Devido à situação de insegurança que se verifica, a população de Mocímboa da Praia acusou o Partido Frelimo, durante a campanha eleitoral, de ter criado os “al-shababs” e, meses depois, populares das aldeias de Chitunda e Namacande, no distrito de Muidumbe, expulsaram os membros das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) por alegada inoperância.

 

Estranhamente, o Governo de Maputo pouco fala dos ataques e, mesmo quando são questionados pela imprensa, os dirigentes politizam mais o assunto, levando os órgãos de comunicação a veicularem os factos através de fontes militares e relatos da população.

 

Outrossim, os ataques nos distritos a norte de Cabo Delgado têm provocado lutos diários nas diferentes famílias, levando mais 60.000 pessoas residentes nas aldeias atacadas a deslocarem-se para locais mais seguros, conforme avançaram as Nações Unidas em 2019 e a morte de mais de 350 pessoas, havendo organizações internacionais que falam de mais de 500. (O.O)

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