Lucílio Matsinha (Tchenguela), que foi detido em finais de Setembro passado na posse de cornos falsos de rinoceronte, é sócio do mercenário norte-americano Erick Prince, numa empresa denominada FSG Mozambique Segurança, Limitada – criada em finais de Julho deste ano.
[Prince, um ex-fusileiro naval norte-americano, foi o fundador da Blackwater, foi contratada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos para fornecer segurança durante a Guerra do Iraque. Em 2007, mercenários da Blackwater atiraram e mataram 17 civis iraquianos em Bagdad. Um dos funcionários envolvidos foi condenado por assassinato e três outros foram condenados por homicídio culposo. Em 2010, a Blackwater concordou em pagar 42 milhões de USD em multas por centenas de violações das regras de exportação dos EUA, incluindo a realização de propostas não autorizadas para o treinamento de tropas no sul do Sudão. A empresa agora opera como uma Academia, com sede na Virgínia. Erik Prince, administra o Frontier Services Group (FSG), sediado em Hong Kong, desde 2014. Até bem pouco tempo, a FSG foi indicada como estando a ajudar o Governo na contenção da insurgência em Cabo Delgado, negócio que terá perdido para os mercenários russos da Wagner.]
Lucílio é filho de Mariano Matsinha, um destacado veterano da luta de libertação nacional (Frelimo), que foi durante muitos anos Ministro da Segurança, responsável pelos serviços secretos de Moçambique.
De acordo com o Boletim da República nº 147 (III Série), de 31 de Julho de 2019, a FSG Mozambique Segurança, Limitada, foi matriculada na Conservatória do Registo das Entidades Legais no dia 26 de Julho de 2019, sob o NUEL 101188302.
Segundo o documento, a empresa resulta de uma “joint venture” entre a Frontier Services Group FSG Mozambique, S.A, e Lucílio Matsinha, maior, de nacionalidade moçambicana, portador do Bilhete de Identidade n.º 11010009090387A, emitido aos 13 de Janeiro de 2016, residente na Rua Aquino de Bragança, n.º 200, cidade de Maputo, Moçambique.
A Frontier Services Group FSG Mozambique, S.A, é uma sociedade anónima também matriculada na Conservatória do Registo das Entidades Legais, no dia 11 de Dezembro de 2017, sob o NUEL 100936062, e cuja sede sita no Bairro Central, Avenida da Marginal, Torres Rani, 6.º andar, na cidade de Maputo.
A referida empresa é representada, em Moçambique, pela senhora Haijie Li e o registo foi publicado no BR nº 16, III Série, de 23 de Janeiro de 2018. A mesma tem por objecto a gestão global de projectos, execução, manutenção e exploração de sistemas integrados de logística, segurança e seguro, incluindo a navegação, controlo e fiscalização marítima.
Segundo o BR, Tchenguela Matsinha é sócio maioritário da FSG Mozambique Segurança, Lda., com um capital social de 510 mil Mts, que corresponde a 51% do total do capital social da empresa, que é de 1 milhão de Mts. Por seu turno, a Frontier Services Group FSG Mozambique, S.A, entrou no negócio com um capital social de 490 mil Mts, o que corresponde a 49%.
Lucílio Matsinhe foi nomeado para o cargo de Administrador único da sociedade, para um mandato de quatro anos, sem direito a qualquer remuneração. De acordo com os estatutos da sociedade, a FSG Mozambique Segurança, Limitada, tem o seguinte objecto: “prestação de serviços de segurança estática e móvel, vigilância industrial, comercial, instalação e assistência de sistemas electrónicos de segurança em estabelecimentos comerciais, bancários, instituições privadas e estatais, missões diplomáticas, consulares, serviço de transporte de valores, guarda-costas, rastreio de viaturas e outros bens através do sistema satélite de segurança e outros serviços”. (A. Maolela)