Mais de duas centenas de funcionários do Conselho Municipal da Cidade de Angoche, na província de Nampula (dos 420 integrados no quadro de pessoal), iniciaram uma greve, na manhã desta quinta-feira (28), em reivindicação do não pagamento de três meses de salários deste ano, do 13º vencimento do ano passado, bem como dos cortes salariais de que têm sido vítimas, de forma constante.
À “Carta”, os funcionários contaram que as restrições no pagamento de salários verificam-se desde Fevereiro último, quando Ossufo Raja, Edil eleito a 10 de Outubro de 2018, pela lista da Renamo, assumiu as rédeas da terceira maior cidade da província mais populosa do país, Nampula. Os cortes, que consideram inexplicáveis, variam entre os 500 os 1.200 Mts.
Para os funcionários, há falta de vontade política, por parte do Edil de Angoche, para resolver este problema que deixa centenas de famílias numa situação de fome e miséria. Acrescentam que já levaram o caso ao conhecimento do Administrador do Distrito e à Direcção Provincial da Economia e Finanças de Nampula, mas sem sucesso.
Assim, goradas as tentativas de resolver o problema por via pacífica, os trabalhadores daquele município decidiram abandonar os seus postos de trabalho e saíram às ruas para exigir o pagamento do que lhes é devido. As fontes garantem ainda que sem um “frente-a-frente” com Ossufo Raja, os protestos vão continuar, não havendo data para a sua cessação.
Entretanto, o autarca da Cidade de Angoche, Ossufo Raja, desdramatiza a situação e afirma que a greve é ilegal, por ter sido convocada e realizada sem o conhecimento da instituição que dirige, como é de Lei.
À “Carta”, Raja negou haver cortes salariais nos funcionários da Edilidade, assim como defendeu não existirem salários em atraso. Garantiu que a única dívida salarial que o Conselho Municipal tem com os funcionários é referente ao mês de Janeiro último, que transitou da anterior gestão, liderada pela Frelimo, para a actual.
Porém, diz que já havia assegurado aos trabalhadores que seriam pagos até Dezembro deste ano. “Recebemos a transferência na quarta-feira (27 de Novembro), por parte do Governo, para o pagamento desse salário em atraso”, afirmou, frisando que nunca teve problemas salariais, apesar da demora na canalização do Fundo de Compensação Autárquica, de Estradas e de Investimentos, por parte do Governo.
Para o Edil de Angoche, a greve tem motivações políticas e acusa a Frelimo, na pessoa do seu Chefe da Bancada na Assembleia Municipal, de instrumentalizar os funcionários para fins inconfessáveis. (Carta)