Depois de os acordos para as empresas Ematum, Proinidicus e MAM terem sido estabelecidos através do antigo ministro das Finanças Manuel Chang - detido desde dezembro passado na África do Sul a pedido da justiça norte-americana -, o ministro que lhe sucedeu, Adriano Maleiane, continuava a ocultar estes negócios à instituição internacional que prestava ajuda financeira ao país, disse hoje a testemunha.
Andrew Pearse tomou conhecimento que Adriano Maleiane escondia as dívidas através de conversas com a vice-ministra das Finanças de Moçambique Lucas (apelido de Maria Isaltina de Sales, exonerada do cargo em fevereiro deste ano pelo envolvimento no caso das dívidas ocultas).
As afirmações foram feitas pelo conspirador Andrew Pearse, também acusado na investigação, em resposta ao interrogatório dos procuradores norte-americanos.
Para além disso, as três empresas estatais que provocaram o escândalo das dívidas ocultas - Ematum, Proinidicus e MAM - utilizaram dinheiros de outras companhias nacionais como Eletricidade de Moçambique (EDM).
Pearse recordou que o acordo de assistência financeira do FMI obrigava o Governo de Moçambique a informar de todas as dívidas existentes. Além disso, a lei moçambicana pedia uma auditoria anual a todas as empresas públicas.
Todos os anos, em março, a companhia Ematum tinha de pagar os créditos fornecidos pelos investidores internacionais, que totalizavam 850 milhões de dólares (762 milhões de euros). O acordo inicial era que o Governo pagasse 350 milhões (314 milhões de euros) inicialmente e que os 500 milhões (448 milhões de euros) restantes fossem retirados das atividades anuais da Ematum.
Pearse afirmou que soube, em 2015, que a Ematum pagaria o valor devido, mas “não por recursos próprios”.
Depois dos 350 milhões, a empresa a EDM (Eletricidade de Moçambique) fez uma declaração de “apoiar as finanças da Ematum ao pagar 53 milhões de dólares” (47 milhões de euros) aos investidores.
A defesa do principal suspeito do julgamento, o negociador da empresa Privinvest, Jean Boustani, considerou que Andrew Pearse não tinha um conhecimento direto e real, mas baseou o seu entendimento por artigos de imprensa. (Lusa)