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segunda-feira, 14 outubro 2019 06:07

Cerca de 40 mesas poderão não abrir em Cabo Delgado

Estamos na contagem decrescente rumo às VI Eleições Gerais e III das Assembleias Provinciais, agendadas para esta terça-feira, 15 de Outubro. Mais de 12 milhões de eleitores são chamados a escolher, pela primeira, os 10 Governadores provinciais e a eleger, pela sexta vez, o Presidente da República e os 250 deputados e, pela terceira vez, os membros das 10 Assembleias Provinciais.

 

Entretanto, eleitores recenseados nas zonas costeiras dos distritos de Palma, Mocímboa da Praia, Macomia e no interior do distrito de Nangade, na província de Cabo Delgado, poderão não exercer este direito constitucional, em virtude da não abertura de cerca de 40 mesas de votação. Os dados foram revelados, semana finda, pela “Sala da Paz”, uma plataforma das organizações da sociedade civil que monitora as eleições sem, no entanto, avançar o universo de eleitores a ser afectado pela situação.

 

 

Em causa estão os ataques militares que se registam naquela região do país, desde 05 de Outubro de 2017, que já levaram à morte de mais de 300 pessoas. Nos últimos dias, as Forças de Defesa e Segurança (FDS) têm intensificado as suas incursões naquela região do país, com vista a devolver a tranquilidade às populações locais, mas as acções ainda se mostram insuficientes para garantir a segurança do processo eleitoral amanhã.

 

Aos jornalistas, o porta-voz do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), Cláudio Langa, garantiu que os órgãos eleitorais estão a mapear e monitorar todos os distritos da província de Cabo Delgado para assegurar a abertura das mesas de votação amanhã.

 

Segundo o porta-voz do STAE, toda a segurança naquele ponto do país “está, neste momento, acautelada de forma especial”, porém, assegurou que, havendo necessidade, a direcção e a Comissão Provincial de Eleições de Cabo Delgado irão comunicar a Comissão Nacional de Eleições (CNE) o ponto de situação para o funcionamento ou não das Mesas, de modo que a CNE, no devido momento, tome uma decisão.

 

Em relação aos eleitores que se deslocaram para outros pontos da província à procura de melhores condições de segurança, Cláudio Langa afirmou que estes irão votar na sede do distrito porque foi naquele ponto onde se recensearam. Entretanto, “Carta” sabe que alguns residentes da zona costeira de Macomia deslocaram-se para o distrito de Mocímboa da Praia, outros para a Ilha do Ibo e alguns para o distrito de Mueda.

 

Por sua vez, os partidos políticos mostram-se preocupados com a situação. A Renamo, na voz do seu Mandatário nacional, Venâncio Mondlane, perspectiva “grandes abstenções” naquela região do país, porém, por mais que se registe maior afluência às urnas, Mondlane entende que “será difícil garantir eleições justas e transparentes, em Cabo Delgado, porque as mesmas mesas vão abrir sob vigilância das FDS”.

 

“Portanto, um processo limpo e justo não pode ser feito à volta com elementos de coerção. Será um processo turbulento”, defende a fonte.

 

Moisés Chenene, Director Central da Campanha do MDM, afirma estar claro que teremos zonas onde alguns eleitores não irão votar, não por vontade, mas por falta de condições para que exerçam o seu direito cívico.

 

Refira-se que a província de Cabo Delgado recenseou, para estas Eleições, 1.185.024 eleitores, razão que levou os órgãos eleitorais a atribuírem àquela província do norte do país 23 mandatos para a Assembleia da República e 82 lugares para a próxima Assembleia Provincial. Para garantir a realização do escrutínio, foram instaladas 1860 mesas de votação. (A. Maolela)

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