A Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM) retoma a greve nacional, a partir da próxima quinta-feira, devido ao incumprimento do caderno reivindicativo. O anúncio foi feito esta segunda-feira (25) pelo porta-voz da APSUSM, Anselmo Muchave. A greve havia sido suspensa em Agosto do ano passado.
“Voltaremos à greve porque o período de suspensão só serviu para provar a falta de comprometimento do Governo. Aquando da greve anterior, dissemos que as nossas unidades sanitárias se ressentem da falta de material médico-cirúrgico e hospitalar e de medicamentos. Enquanto esperávamos alguma melhoria, o cenário nas unidades sanitárias é pior que antes”, refere o Porta-voz da APSUSM.
Segundo Muchave, houve várias negociações com o Governo, mas não foram cumpridos os acordos em relação a vários aspectos do caderno reivindicativo. De acordo com a fonte, para além do incumprimento do caderno reivindicativo, as condições dos hospitais estão a deteriorar-se.
Especificou que neste momento não há medicamentos para tratar as doenças mais comuns, incluindo a falta de luvas, máscaras, seringas e agulhas, gesso, cateteres, papel para imprimir documentos hospitalares e resultados das análises.
Mencionou ainda a falta de reagentes de laboratório, combustível para ambulâncias, comida para doentes, roupa hospitalar e aumento do número de unidades sanitárias que não funcionam por falta de energia, resultante dos cortes efectuados pela Electricidade de Moçambique.
Em alguns casos, disse Muchave, os pacientes compram "credelec" para serem atendidos.
Um dos pontos solucionados pelo Governo foi o pagamento de um subsídio e o reenquadramento de um pequeno grupo de funcionários em detrimento da maioria. Enquanto isso, o pagamento das horas extras continua a ser uma miragem.
Sem detalhar sobre o período de duração da greve, Anselmo Muchave acusou o Governo de indiferença na solução dos problemas dos hospitais públicos, alegando que, quando ficam doentes, os dirigentes recorrem às clínicas privadas.
“O pacato cidadão que não tem condições de se dirigir a uma clínica fica entregue à própria sorte, e esquecem que o direito à saúde não é um favor, mas sim um dever do Estado”.
Lembre que a greve dos profissionais de saúde surge no âmbito das negociações que decorreram em 2023 entre o Governo e a APSUSM. A associação congrega cerca de 71 mil profissionais que lutam por melhores condições de vida e trabalho. (M.A)