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segunda-feira, 05 fevereiro 2024 07:41

Construído pelo MPDC: Parque de camiões de minérios já reduz congestionamento na EN4

O parque de camiões de minérios vindos da África do Sul, localizado em Pessene, distrito da Moamba, Província de Maputo, já está a surtir os efeitos para os quais foi construído pelo MPDC (Porto de Maputo), em parceria com o Governo daquela província, nomeadamente, de reduzir o congestionamento na Estrada Nacional Número Quatro (EN4). Quem o diz são os utentes da via, que liga Maputo e a África do Sul.

 

Erguido pela concessionária do Porto de Maputo, Maputo Port Development Company (MPDC), no âmbito da medida tomada pelo Governo, em Março do ano passado, de interditar a circulação de camiões de minérios, das 06h00 às 08h00 da manhã e das 16h00 às 18h00, no período da tarde, o parque, que está ao longo da EN4, já está operacional desde 1 de Dezembro de 2023. E em poucas semanas, seus efeitos positivos já se sentem, com um alívio marcante no congestionamento da via.

 

No local, “Carta” recebeu explicações dos gestores do Porto de Maputo sobre o funcionamento da infra-estrutura. O Gestor Sénior de Operações no Porto de Maputo, Ricardo Almeida, explicou que, para garantir a eficiência das operações do parque, o MPDC alocou uma equipa, que trabalha 24 horas por dia, composta por seus técnicos, polícia de trânsito, agentes de carga que representam os clientes, bem como serviço de catering.

 

Além disso, o MPDC definiu um plano de gestão, para a entrada e saída gradual dos camiões para que não inundem a EN4 e outras entradas, nas horas definidas e não só. Segundo o nosso interlocutor, o gestor do parque não deixa todos os camiões saírem ao mesmo tempo. O parque (com capacidade de abrigar cerca de 300 camiões) liberta os camiões em números de 10 a 15 e deixa também um período de 10 a 15 minutos. “Isto garante que o congestionamento que se evita no intervalo das 06h00 às 08h00, por exemplo, não passe para as 09h00 ou 10h00”, explicou Almeida.

 

No âmbito desse plano, a nossa fonte explicou ainda que, para além dos períodos de interdição, nos últimos dias, todos os camiões passam pelo parque de Pessene, onde ao entrar fazem a pré-verificação dos documentos (triagem e correcção de desvios) para que, ao chegar no porto de Maputo ou Matola, não demorem despachar a carga. Depois da verificação (que leva entre cinco a oito minutos) os camiões seguem para o estacionamento em filas e em ordem de chegada. Quer dizer, o primeiro a entrar, é o primeiro a sair às 08h00, de manhã e às 18h00, no fim do dia.

 

“O parque ajuda também em casos de acidentes na EN4. Nesse tipo de situações, dá-se ordem para os camiões permanecerem no parque para evitar o bloqueio da via, enquanto a polícia descongestiona a zona de acidente. O parque retém igualmente camiões em caso de congestionamento na via, até que a situação seja regularizada. Isso tem vantagem, pois, além da segurança na via, reduz o tempo de trânsito dos camiões”, explicou o Gestor Sénior de Operações no Porto de Maputo. 

 

Segundo Almeida, apesar da interrupção nas referidas horas, o Porto de Maputo por exemplo continua a receber pouco mais de 1000 camiões por dia, o mesmo número que antes. Incluindo o Porto da Matola, o MPDC assegura que 1500 são atendidos todos os dias, o que perfaz 30 a 40 mil camiões por mês. “A interdição não afectou o número diário de camiões recebidos nos portos, pelo contrário ajudou-nos a melhorar a gestão com a verificação prévia”, assegurou a fonte. 

 

Durante a visita ao parque, o jornal ouviu alguns motoristas sobre as vantagens do recinto para a classe. Todos os entrevistados foram unânimes em afirmar que, o parque reduz consideravelmente o tempo de viagem e congestionamento na EN4 para além de ser um lugar seguro para parquear os camiões, enquanto aguardam pela luz verde depois das horas proibidas.

 

Um dos entrevistados foi Domingos Vilanculos, camionista na Transportes Lalgy. Para ele, a infra-estrutura é bem-vinda, pois reduz o tráfego na estrada. “Antes da construção do parque, a esta altura estaríamos na estrada onde corríamos vários riscos, como acidentes, entre outros. Sobre se esta interdição afecta o nosso trabalho, é claro, porque o desejo de qualquer camionista não é parar. Mas penso que se estivéssemos na estrada também estaríamos parados por causa do congestionamento”, relatou Vilanculos.

 

No mesmo diapasão falou Thomas Nyembe, da empresa sul-africana Reinhardt. “Desde que o parque foi aberto, tenho notado pouco congestionamento na estrada. Além disso, a passagem por aqui permite regularizar uma e outra situação, o que facilita o trabalho na hora de entrega do produto no porto. Inicialmente não entendia os benefícios, porque levaria um tempo para sair, mas agora percebo. É um local seguro”, afirmou Nyembe.

 

Para além dos camionistas, os utentes da EN4 em geral dizem experimentar melhores dias com a interdição dos camiões de minérios nas primeiras horas e no fim do dia. No terminal de transportes de Malhampsene, ao longo da estrada, interpelamos o automobilista Alfredo Cumbe, que nos assegurou que realmente tem verificada "uma redução do congestionamento nos últimos dias. Em pouco tempo consegue sair de Malhampsene, o que antes não acontecia por causa da longa fila de carros”.

 

No mesmo terminal, também abordamos o transportador público de passageiros, Albano Machava, que faz a rota Malhampsene-Boane. Contou-nos que, antes, para sair do terminal para a zona da “Ceres” levava entre 30 a 45 minutos, mas agora leva apenas 15 minutos. (Evaristo Chilingue)

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