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sexta-feira, 15 dezembro 2023 03:29

Eleições 2023: Violência policial representa aniquilamento da democracia e negação à reconciliação nacional – Renamo

Quatro dias depois da realização da segunda votação nos municípios de Marromeu, Gurué, Milange e Nacala-Porto, no âmbito da repetição das VI Eleições Autárquicas de 11 de Outubro naquelas vilas e cidades, a Renamo, o maior partido da oposição do país, convocou a imprensa para reagir aos actos ocorridos naquele domingo.

 

Na conferência de imprensa concedida na manhã de ontem, a Secretária-Geral da Renamo, Clementina Bomba, afirmou que a votação de domingo foi caracterizada pela ocorrência dos mesmos actos que levaram o Conselho Constitucional a anular as eleições de 11 de Outubro passado e com agravante de terem sido cometidos pelos mesmos actores.

 

Segundo Clementina Bomba, em Nacala-Porto, por exemplo, a Polícia fez detenções fora do flagrante delito e sem mandado judicial por causa de manifestações pacíficas convocadas pela Renamo em repúdio à fraude de eleitoral.

 

“No dia da repetição, 10 de Dezembro, na autarquia do Gurué, o carácter carrasco e assassino da Polícia ficou demonstrado com o baleamento e assassinato de cidadãos que simplesmente queriam exercer o seu direito de votar e, cumprindo o seu dever de cidadania, denunciaram eleitores fantasmas e o enchimento de urnas”, descreve a fonte.

 

Já na autarquia de Milange, província da Zambézia, a “perdiz” refere que, logo nas primeiras horas da manhã de domingo, a Polícia posicionou-se em todas as artérias da vila para impedir os eleitores de se dirigirem às três Mesas de Voto que estavam sujeitas à repetição, “numa autêntica violação de um direito fundamental”.

 

“Na autarquia de Marromeu, ainda no dia da repetição das eleições, a Polícia infligiu maus tratos e prendeu, sem culpa formada, vários delegados de candidatura da Renamo, desviou urnas para impedir a transparência eleitoral e a produção de actas e editais”, narrou Bomba, condenando o cerco, nesta terça-feira, à residência do deputado e cabeça-de-lista da Renamo na cidade de Maputo, Venâncio Mondlane.

 

Para a Renamo, estes actos põem em causa a lisura e transparência eleitoral e “representam um autêntico aniquilamento da democracia e negação da paz, reconciliação nacional e da alternância governativa”. Defende ainda que “estes crimes representam um autêntico golpe de Estado e à soberania dos moçambicanos”.

 

Refira-se que a votação de 10 de Dezembro foi marcada por diversas irregularidades, algumas descritas como ilícitos eleitorais, com destaque para o enchimento de urnas, tumultos, sevícia aos observadores eleitorais, transporte de urnas pela Polícia, troca de cadernos eleitorais e a detenção arbitrária de delegados de candidatura da oposição.

 

Sublinhar que, em consequência dos tumultos registados no último domingo, uma pessoa foi assassinada pela Polícia em Marromeu, tendo subido para 10, o número de cidadãos mortos pela Polícia durante o período eleitoral e pós-eleitoral, nomeadamente, quatro em Chiúre (a Polícia reconhece um), dois em Nacala-Porto, dois em Nampula e um em Quelimane. (Carta)

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