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sexta-feira, 25 agosto 2023 06:42

Profissionais de saúde dizem que só voltam ao trabalho quando as suas inquietações forem resolvidas

Anselmo Muchave Profissionais saúde min

Os profissionais de saúde decidiram, desde ontem (24), ficar em casa e paralisar os serviços mínimos, com a retoma das actividades pela classe médica. O presidente da agremiação, Anselmo Muchave, garantiu que o grupo só iria retomar o trabalho se as suas inquietações forem resolvidas.

 

“A partir de hoje (24), com o retorno da classe médica, os profissionais de saúde vão ficar em casa e os médicos vão prestar os cuidados de motoristas, maqueiros, agentes de serviço e trabalhadores da morgue. Os médicos vão assegurar os serviços mínimos na totalidade”, disse Anselmo Muchave.

 

O presidente da Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUM) frisou que não é a troca da equipa de negociação que constitui um factor fundamental para a suspensão da greve, pois, o que os profissionais desejam é ver todas as suas preocupações resolvidas.

 

“Acordos são acordos, eles devem ser cumpridos e as pessoas devem entender que, quando alguém assume um compromisso, tem que cumprir e só vamos voltar quando tudo estiver resolvido. As pessoas estão fartas de ouvir promessas e preferem aguardar pela resposta em casa”.

 

Acrescentou ainda: “Nós pretendemos que o Governo entenda que a nossa guerra não está dentro da saúde, mas sim com o Governo. Sentimo-nos traídos pelos médicos. Eles deviam ter dito ao Governo que não voltam ao trabalho sem os Profissionais de saúde, porque eles não estão em condições de fazer a técnica sozinhos. Nós estamos cansados de mimar o Governo e já percebemos que ele gosta disso. Então, eles como classe médica teriam sentado com todos nós. Para nós voltarmos a trabalhar, o Governo deve cumprir com os acordos e parar de assumi-los apenas. Eles passam a vida a fazer promessas e nunca cumprem. Queremos ver a seriedade do Governo e assumir perante o povo o cumprimento dos acordos”.

 

Entretanto, Muchave diz que as negociações entre os profissionais de saúde e o Governo estão paradas. “O Governo está pouco interessado no povo, por isso, está a dar muitas voltas. Neste momento, temos o Hospital Geral José Macamo que só em 24 horas (de domingo para segunda-feira), desde o início da greve dos profissionais de saúde, registou a morte de seis bebés no berçário, sem falar das medicinas e banco de socorros”.

 

“Neste momento, pedimos desculpas ao povo porque nós recebemos mensagens vindas de diversos lugares e não podemos espalhar. Temos ainda o caso de um hospital cujo nome não podemos referenciar, onde numa enfermaria estavam internadas 21 pessoas e no dia seguinte só estavam lá oito pessoas e os outros 13 pacientes perderam a vida (de domingo para terça-feira), isto ainda no âmbito da greve dos profissionais de saúde”, acrescentou, defendendo que “o Governo deve parar de enganar o povo e conversar”

 

Entretanto, os gestores do sector da saúde na cidade de Maputo garantem que haverá uma sobrecarga para os médicos, prejudicando a qualidade assistencial. “Apelamos a todos os profissionais de saúde para que voltem enquanto decorrem as negociações”. (Marta Afonso)

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