Os profissionais de saúde decidiram, desde ontem (24), ficar em casa e paralisar os serviços mínimos, com a retoma das actividades pela classe médica. O presidente da agremiação, Anselmo Muchave, garantiu que o grupo só iria retomar o trabalho se as suas inquietações forem resolvidas.
“A partir de hoje (24), com o retorno da classe médica, os profissionais de saúde vão ficar em casa e os médicos vão prestar os cuidados de motoristas, maqueiros, agentes de serviço e trabalhadores da morgue. Os médicos vão assegurar os serviços mínimos na totalidade”, disse Anselmo Muchave.
O presidente da Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUM) frisou que não é a troca da equipa de negociação que constitui um factor fundamental para a suspensão da greve, pois, o que os profissionais desejam é ver todas as suas preocupações resolvidas.
“Acordos são acordos, eles devem ser cumpridos e as pessoas devem entender que, quando alguém assume um compromisso, tem que cumprir e só vamos voltar quando tudo estiver resolvido. As pessoas estão fartas de ouvir promessas e preferem aguardar pela resposta em casa”.
Acrescentou ainda: “Nós pretendemos que o Governo entenda que a nossa guerra não está dentro da saúde, mas sim com o Governo. Sentimo-nos traídos pelos médicos. Eles deviam ter dito ao Governo que não voltam ao trabalho sem os Profissionais de saúde, porque eles não estão em condições de fazer a técnica sozinhos. Nós estamos cansados de mimar o Governo e já percebemos que ele gosta disso. Então, eles como classe médica teriam sentado com todos nós. Para nós voltarmos a trabalhar, o Governo deve cumprir com os acordos e parar de assumi-los apenas. Eles passam a vida a fazer promessas e nunca cumprem. Queremos ver a seriedade do Governo e assumir perante o povo o cumprimento dos acordos”.
Entretanto, Muchave diz que as negociações entre os profissionais de saúde e o Governo estão paradas. “O Governo está pouco interessado no povo, por isso, está a dar muitas voltas. Neste momento, temos o Hospital Geral José Macamo que só em 24 horas (de domingo para segunda-feira), desde o início da greve dos profissionais de saúde, registou a morte de seis bebés no berçário, sem falar das medicinas e banco de socorros”.
“Neste momento, pedimos desculpas ao povo porque nós recebemos mensagens vindas de diversos lugares e não podemos espalhar. Temos ainda o caso de um hospital cujo nome não podemos referenciar, onde numa enfermaria estavam internadas 21 pessoas e no dia seguinte só estavam lá oito pessoas e os outros 13 pacientes perderam a vida (de domingo para terça-feira), isto ainda no âmbito da greve dos profissionais de saúde”, acrescentou, defendendo que “o Governo deve parar de enganar o povo e conversar”
Entretanto, os gestores do sector da saúde na cidade de Maputo garantem que haverá uma sobrecarga para os médicos, prejudicando a qualidade assistencial. “Apelamos a todos os profissionais de saúde para que voltem enquanto decorrem as negociações”. (Marta Afonso)