Cinco anos depois do desabamento da Lixeira de Hulele, que resultou na morte de pelo menos 17 pessoas, um total de 227 famílias continuam a residir em casas arrendadas, devido à lentidão que se verifica na construção do bairro de reassentamento, localizado no bairro de Possulane, distrito de Marracuene, província de Maputo.
Em construção há quase quatro anos, o Governo só conseguiu entregar, até ao momento, 73 casas, de um total de 300 a serem erguidas naquela localidade do distrito de Marracuene. Das casas entregues, 20 foram disponibilizadas aos beneficiários na semana finda, pelo Ministério da Terra e Ambiente.
Em 2020, o Governo chegou a garantir que as vítimas da Lixeira de Hulene receberiam as suas casas em apenas 12 meses, porém, três anos depois da promessa, sequer a metade das famílias que residiam nas imediações da Lixeira de Hulene receberam as suas casas.
Dados fornecidos à “Carta” pelo Ministério da Terra e Ambiente indicam que, até ao fim do mês de Julho de 2023, serão entregues mais 53 casas, sendo que as restantes (174) serão entregues até 31 de Dezembro próximo. O Governo diz igualmente estar na fase conclusiva a construção de um Pequeno Sistema de Abastecimento de Água, sendo que a energia eléctrica já foi instalada em todas as casas.
A lentidão que se verifica na construção das casas já preocupa as vítimas da Lixeira de Hulene, que há cinco anos vivem em casas de renda. O Chefe da Comissão dos Afectados pelo Deslizamento do Lixo, António Massingue, é um dos que ainda não recebeu a sua casa e afirma que o facto já leva muitas vítimas a perder esperança de ter, novamente, um tecto para morar.
A situação, diz Massingue, agrava-se pelo facto de o Governo não efectuar, regularmente, as transferências monetárias às famílias para o pagamento das rendas. Conta, por exemplo, que o valor destinado às rendas de Janeiro a Março só começou a ser pago na semana finda, não se sabendo quando serão pagas as rendas referentes aos meses de Abril, Maio e Junho.
“O pior de tudo isto é que o Conselho Municipal não se comunica connosco. Não temos qualquer informação, por exemplo, de quando seremos entregues as casas. Só sabemos que, no caso do meu quarteirão, seremos os próximos a receber”, narrou Massingue.
Massingue disse ainda que as famílias que já receberam as casas se queixam da qualidade das obras, havendo casas que já apresentam fissuras nas paredes.
Refira-se que o projecto de reassentamento das famílias afectadas pelo deslizamento de lixo inclui a construção de um posto policial, escola, centro de saúde, mercado, igreja, centro infantil, centro comercial e lojas. (Carta)