A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), a voz das empresas do sector privado, revelou esta segunda-feira (08) haver pouca procura de bens, serviços e mão-de-obra nacionais nos projectos de exploração de Gás Natural Liquefeito (GNL) em Moçambique, com destaque para o Projecto Mozambique LNG (ou Golfinho/Atum), liderado pela TotalEnergies. O anúncio foi feito durante o Fórum de Negócios entre Moçambique e Itália.
“Uma avaliação feita pela CTA, baseada apenas no projecto de LNG Golfinho/Atum da Área 1 da Bacia do Rovuma, liderado pela TotalEnergies, conclui que o número de empresas moçambicanas que, antes da suspensão das actividades, prestavam serviços e forneciam bens diversos ao projecto era bastante limitado, considerando os 2,5 mil milhões de USD que eram o volume de oportunidades para empresas locais”, disse o presidente da CTA, Agostinho Vuma.
Para reverter o cenário, Vuma defendeu no evento a abordagem assente na maximização da participação do empresariado nacional nos grandes projectos e na adição de valor, condição necessária para a industrialização e diversificação económica. Acrescentou que as grandes empresas devem assegurar a transferência de tecnologias, garantir o acesso da informação sobre as oportunidades de negócios, entre outros aspectos.
“Não estamos a propor um instrumento xenófobo, isto é, não queremos um instrumento que iniba o investimento. Defendemos apenas ser necessário assegurar benefícios para as comunidades onde os projectos estão inseridos, o emprego da mão-de-obra nacional e aplicação de recursos locais”, sublinhou o Presidente da CTA.
Segundo Vuma, a experiência internacional mostra que uma das formas de ligar os grandes projectos de recursos naturais ao resto da economia é a adopção de acções de conteúdo local por forma a garantir a participação dos nacionais nesses empreendimentos, que é uma das vias de trazer maior inclusão de toda a sociedade na partilha de benefícios.
“Deste modo, aproveito esta oportunidade para exortar as empresas aqui presentes, para que tenham sempre esta nossa demanda em conta, para que as suas actividades tenham, efectivamente, o efeito multiplicador de que se espera para a sociedade”, exortou o Presidente da CTA.
Durante o seu discurso de ocasião, Vuma comentou sobre o recente anúncio de mais descobertas de hidrocarbonetos em Temane pela Sasol, bem como as perspectivas de abertura de novos furos pela ENI, na bacia do Rovuma. Para o Presidente da CTA, estas informações são exemplos que mostram que o gás tem tudo para trazer uma transformação estrutural da matriz energética nacional, para servir o país e o mundo.
“De acordo com estimativas da CTA, consubstanciadas por dados oficiais, a exploração do Gás tem o potencial de elevar a taxa de crescimento da economia nacional para cifras que, numa primeira fase, variam entre 7 a 8 por cento ao ano e, a posterior, acelerar a economia para um crescimento de dois dígitos, o que faz antever um aumento do consumo, dos gastos públicos e dos investimentos, factores cruciais para a lucratividade empresarial”, acrescentou Vuma.
Com foco para o sector de energia, o Fórum de Negócios entre Moçambique e Itália juntou mais de 50 empresas italianas líderes no sector de energia e que operam em Moçambique, bem como da África do Sul e outras provenientes das câmaras italianas da Ásia. (Carta)