A crise testemunhada na Igreja Velha Apostólica de Moçambique, no ano de 2022, e que levou ao afastamento de Jaime Matlhombe, líder da congregação nas províncias de Maputo e Gaza, acusado de escândalos sexuais, curandeirismo, criminalidade e fraude financeira, chegou ao Conselho Superior da Magistratura Judicial e um magistrado judicial viu-se sancionado pelo órgão de gestão e disciplina de juízes.

Os dados constam da Síntese das Deliberações da II Sessão Ordinária da Comissão Permanente daquele órgão, que esteve reunido em Maputo no passado dia 27 de Março. Trata-se de Bernardo Rafael Matusse, Juiz de Direito A, afecto à 14ª Secção do Tribunal Judicial da Província de Maputo, que recebeu a sanção de advertência, “em virtude de ter exercido um cargo directivo na Igreja Velha Apostólica, sem previa autorização” do Conselho Superior da Magistratura Judicial e “por se ter envolvido em polémica com os crentes da Igreja, que culminou com o envio de mensagens com teor ameaçador ao exponente”.

O exponente referido pelo órgão presidido por Adelino Muchanga é Elídio Mavume, o principal opositor de Jaime Matlombe na Igreja Velha Apostólica de Moçambique, que submetera uma exposição àquele órgão a denunciar as “falcatruas” protagonizadas por Matusse, um dos delfins de Jaime Matlombe.

Ao que “Carta” apurou, Bernardo Rafael Matusse era Secretário-Geral da Igreja Velha Apostólica, durante o período de liderança de Jaime Matlombe, caindo sobre si acusações de desvio de fundos da igreja.

A nossa reportagem não teve acesso à exposição submetida por Elídio Mavume ao Conselho Superior da Magistratura Judicial, mas sabe que, no auge da “guerra” pelo controlo da Igreja Velha Apostólica, Mavume terá recebido diversas ameaças, inclusive de morte, de pessoas fiéis ao Apóstolo Matlombe. Aliás, em algumas situações, a Polícia foi chamada a conter os ânimos entre os crentes daquela igreja, que se encontram exaltados até hoje.

Refira-se que a crise vivida na Igreja Velha Apostólica levou o Governo, através do Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, a suspender, em Outubro de 2022, as actividades daquela congregação religiosa, medida levantada dois meses depois (isto é, em Dezembro). (A.M.)