O Instituto Nacional de Meteorologia (Inam) alertou ontem para a ocorrência de chuvas intensas nas próximas 24 horas na região centro de Moçambique, destacando a província de Sofala como uma das que mais pode ser afetada pelas intempéries.
“Temos um centro de baixa pressão na província de Sofala e este sistema está a trazer consigo muita chuva para toda a região”, explicou à Lusa Geneth Roque, meteorologista do Inam.
As primeiras análises apontam para chuvas até 50 milímetros para o centro de Moçambique, principalmente nas províncias de Tete, Manica, Zambézia e Sofala, regiões consideradas baixas e com alto risco de inundações, avançou a meteorologista.
“O lençol freático está muito próximo da superfície, principalmente na província de Sofala. Por mais que chova apenas 20 milímetros, teremos aquele cenário”, frisou Geneth Roque.
Embora as previsões não apontem para uma catástrofe, a meteorologista não afasta a possibilidade da evolução da situação na região centro, províncias em que continuam frescas as memórias da devastação deixada pelo ciclone Idai, que se abateu sobre a região em 2019 deixando centenas de mortos.
“Cada fenómeno tem as suas características e tem a sua evolução. Não podemos dizer que uma coisa está longe porque não sabemos o que nos espera. A época chuvosa ainda está a ocorrer”, declarou Geneth Roque.
Além do centro de Moçambique, as previsões apontam para mais chuva também nas províncias do norte e do sul, incluindo a província de Maputo, onde as intempéries já provocaram nove óbitos e afetaram 39.225 pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Gestão de Desastres.
“Teremos mais chuvas em Maputo e no interior da província de Gaza. Mais para o norte também temos um sistema de baixas pressões que vai dar muita chuva para Niassa [norte]. Portanto, nos próximos dias espera-se chuva moderada a forte um pouco por todo o país”, declarou.
Entre outubro e abril, Moçambique é ciclicamente atingido por cheias, fenómeno justificado pela sua localização geográfica, sujeita à passagem de tempestades e, ao mesmo tempo, a jusante da maioria das bacias hidrográficas da África Austral.
O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas do Idai e Kenneth, dois dos maiores ciclones de sempre a atingir o país.(Lusa)