A Conferência Episcopal de Moçambique (CEM), que junta os Bispos de todo o país, considera que a “corrupção” é um dos grandes males que frustra o sonho de Moçambique ser uma nação independente, desenvolvida e de bem-estar para os seus cidadãos.
“Apesar dos esforços na luta contra esta praga social, no país instaurou-se uma cultura de corrupção, chegando a pensar-se que é normal, que é assim que as coisas funcionam, que só pode ser assim”, refere a CEM, em nota pastoral, divulgada na última sexta-feira, após mais uma sessão da Conferência Episcopal.
“Neste país, faz-se descaradamente um uso privado dos recursos e do património público, pondo os interesses pessoais ou de um grupo acima do bem comum. A corrupção manifesta-se nas constantes “propinas” (refrescos) que se devem pagar aos servidores públicos para fins e interesses privados, no nepotismo e clientelismo”, afirmam os Bispos.
A corrupção está na origem da delapidação e destruição da riqueza e de todo o tecido social, mas o aspecto mais grave é que se infiltrou nas instituições e no exercício do poder do Estado, comprometendo estruturalmente o projecto de um país livre, justo e solidário, observa a CEM.
A CEM avança ainda que a avidez de que a corrupção é filha, por vezes, leva a favorecer grandes projectos económicos de capitais estrangeiros, implantados para extrair recursos naturais sem real e transparente envolvimento das populações que muitas vezes não apanham espaço para darem as suas opiniões porque são impedidas de falar.
Na nota, os religiosos afirmam que o silêncio imposto e as acções de repressão condicionam o caminho de consolidação do país livre e democrático. (Marta Afonso)