Já são conhecidos os novos membros do Comité Central da Frelimo, o órgão mais importante do partido no poder no intervalo entre os congressos. Nesta segunda-feira, os cerca de 1.500 delegados provinciais elegeram os 79 membros que faltavam para preencher o órgão, de um total de 100 candidatos inscritos a nível central.
Do processo eleitoral mais longo dos últimos anos na Frelimo (a eleição ocorreu às 10:00 horas, mas os resultados só foram divulgados depois das 22:00 horas), resultou o que já se projectava a nível dos bastidores: a consolidação do Nyussismo.
Dos resultados a que “Carta” teve acesso, a nível das mulheres que faziam parte do anterior Comité Central, destaque vai para a saída de Lucília Hama, deputada da Assembleia da República e antiga Governadora da Cidade de Maputo. Hama, recorde-se, foi membro da Comissão Política da Frelimo entre 2012 e 2017, tendo sido rejeitada daquele órgão em 2017.
Da mesma lista, foram excluídas Helena Música e Joaquina Siliya. Graça Machel, membro sénior da Frelimo, não se candidatou para a sua continuidade. “Carta” apurou que a retirada visava evitar possíveis humilhações, tal como a de Eduardo Nihia, que não conseguiu fazer-se eleger para àquele órgão a nível da província de Nampula.
Assim, continuam membros do Comité Central, na lista da continuidade mulheres, Verónica Macamo, Margarida Talapa, Carmelita Namashulua, Alcinda De Abreu, Luísa Diogo, Conceita Sortane, Nyeleti Mondlane, Esperança Bias, Marina Pachinuapa, Anchia Talapa, Emília Moiane, Ana Rita Sithole, Sónia Macuvele, Amélia Muendane, Lucinda Espirito Santo e Maria Fernanda Moçambique Tonela. Sublinhar que concorriam 19 pessoas para 16 lugares.
Já da lista das mulheres que pretendiam entrar no novo Comité Central, o destaque vai para a entrada das ministras do Governo de Filipe Nyusi, nomeadamente Josefina Mpelo (Ministra dos Combatentes), Ana Comoana (Ministra da Administração Estatal e Função Pública), Maria Helena Kida (Ministra da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos) e Eldevina Materula (Ministra da Cultura e Turismo).
Na mesma lista também foram aprovados os nomes de Luísa Meque (Presidente do INGD), Ana Canhemba (Administradora do distrito de Inhassoro), Isabel Cumbane, Xarzarda Orá, Julita Juma, Bendita Lopes e Rosel Salomão Pedro. Nesta lista, sublinhe-se, concorriam 13 candidatos para 11 assentos disponíveis. Ficaram de fora Maria de Fátima Pelembe, antiga Secretária-Geral da OMM, e Páscoa Themba.
Joaquim Veríssimo e Manuel Formiga rejeitados
Na lista de candidatos para continuidade homens, praticamente não houve surpresas, pois, concorriam 31 pessoas para 30 vagas. O único rejeitado foi Chinguane Sebastião Marcos Mabote. Assim, continuam sendo membros do Comité Central, entre os homens, Roque Silva, Alberto Chipande, Alcido Nguenha, Eduardo Abdula, Eduardo Mulémbwė, Raimundo Pachinuapa e Eneas Comiche. Fazem ainda parte desta lista Alberto Chipande Júnior, Namoto Chipande, Aires Aly, Samora Machel Júnior, Sérgio Pantie, António Niquice, Celso Correia, Tomás Salomão, Marcelino Pita, Carvalho Muária, José Pacheco, Chakil Aboobacar, Jaime Basílio Monteiro, Bruno Morgado, Licínio Mauaie, Dominic Phiri, Salim Valá, Carlos Agostinho do Rosário, Carlos Mesquita, Agostinho Mondlane, Eusébio Lambo, Arlindo Chilundo, Raimundo Diomba e Francisco Cabo.
No entanto, é na lista de renovação homens onde houve a maior disputa. A Frelimo disponibilizou 7 vagas, tendo concorrido 13 candidatos. Entre as entradas, destaque vai para o regresso de Oswaldo Petersburgo (Secretário de Estado da Juventude) – rejeitado no anterior Congresso – e para entrada, pela primeira vez, de Adriano Maleiane (Primeiro-Ministro), Max Tonela (Ministro da Economia e Finanças) e de N´Naite Chissano, filho de Joaquim Chissano, antigo Presidente da República e da Frelimo. Também foram eleitos Pedro Guiliche (um famoso analista do G15), Constantino Bacela (Ministro na Presidência para Assuntos da Casa Civil) e Rui Chong Saw (ex-Edil de Nacala-Porto).
Já na lista dos rejeitados, pontificam os nomes de Joaquim Veríssimo (antigo Ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos), Mouzinho Saíde (antigo Vice-Ministro da Saúde e actual Director do Hospital Central de Maputo), Inocêncio Impissa (vice-Ministro da Administração Estatal e Função Pública), o empresário Prakash Prehlad, Manuel Formiga (antigo Presidente do Conselho Nacional da Juventude) e Virgílio Mateus.
Lineu Candieiro rejeitado e Jacinto aclamado
Os resultados eleitorais conseguidos pela “Carta” indicam que, na lista de renovação para a área económicas e sociais do Comité Central, os delegados rejeitaram as candidaturas do empresário Lineu Candieiro, do Grupo Lin (que inclui a famosa Lin Limpezas), e da desportista Ana Flávia de Azinheira, ex-Vice Ministra da Juventude e Desportos.
Neste sector, foram eleitos Eduardo Mondlane Júnior, o empresário Mahomed Assif Osman e Ana Senda Coanai, PCA do IGEPE (Instituto de Gestão das Participações do Estado).
Já entre a juventude, destaque vai para a entrada, pela primeira vez, de Jacinto Filipe Nyusi (filho do Presidente da República e da Frelimo), Emília Chambal (Presidente do Conselho Nacional da Juventude), Edma Braund, Jherson Fernandes, Baera Morreira, Francisco Nunes e Constantino André. Foram excluídos Sale Mussa e Patrícia Lopes.
Na lista de renovação, a nível dos combatentes, os delegados elegeram, entre os homens, Rafael Rahomoja, João Américo Mpfumo e João Ferreira dos Santos; e, entre as mulheres, Joisse Jock e Laura Agostinho Mavota. Ficaram de fora Maria Gundana, Victória Daniel, Miguel Mkaima, André Massaite e Xavier Nelson.
Os 79 membros do Comité Central eleitos ontem no XII Congresso da Frelimo juntar-se-ão aos membros eleitos nas conferências provinciais, aos dois presidentes honorários do partido, aos seis membros honorários, aos 11 Primeiros-Secretários Provinciais e aos 3 Secretários-Gerais dos órgãos sociais do partido, nomeadamente, OJM, OMM e ACLLN. No total, o futuro Comité Central da Frelimo será composto por 250 membros e 11 suplentes provinciais, faltando-se ainda definir quantos suplentes serão eleitos a nível central. (A. Maolela)