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segunda-feira, 01 agosto 2022 06:24

Regime de Kagame prossegue ofensiva contra "opositores" na África Austral

ruanda zimbabwe min

Ruanda assinou na última sexta-feira (29) vários acordos com o governo do Zimbabwe, entre os quais, o tratado de extradição, o mesmo que assinou nos princípios de Junho com Moçambique, em Kigali. O acordo assinado em Harare, capital do Zimbabwe, prevê a extradição de suspeitos de prática de delitos entre os dois países. 

 

  

O presidente do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa, testemunhou a assinatura do tratado, rubricado pelo ministro zimbabueano do Interior e do Património Cultural, Kazembe Raymond Kazembe, enquanto o Ruanda foi representado pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Vincent Biruta, que se encontrava de visita ao país.

 

O Ministro Biruta disse na ocasião: "assinamos um tratado de extradição, sendo este um instrumento muito importante para lidar com criminosos que podem estar aqui no Zimbabwe ou no Ruanda".

 

A comunidade ruandesa na África Austral já manifestou várias vezes o sentimento de medo, devido a acções de perseguição supostamente movidas pelos serviços de segurança de Kigali contra alegados opositores do Presidente Paul Kagame. 

 

  

De acordo com o jornal "The Herald", os acordos incluem, para além do tratado de extradição, um memorando de entendimento sobre cooperação em matéria de migração e outro sobre cooperação na investigação de acidentes de aeronaves civis e incidentes graves.

  

 

A assinatura do tratado de extradição entre Harare e Kigali ocorreu poucos dias antes da visita ao Ruanda do Secretário de Estado dos EUA, Antony J. Blinken. Blinken viajará para três países africanos de 7 a 12 deste mês com visitas à África do Sul, República Democrática do Congo e Ruanda.

 

O Secretário de Estado visita o Ruanda num momento em que o cargo de Embaixador dos EUA em Kigali está vago desde Fevereiro deste ano, quando Peter Vrooman, que representava  os  interesses de Washington na capital ruandesa,  foi enviado  para Moçambique.

 

Esta será a primeira visita ao Ruanda de um alto funcionário dos EUA desde que o Presidente Joe Biden assumiu o cargo e a segunda à África, após uma visita em Novembro ao Quénia, Nigéria e Senegal. 

 

Em Kigali, o Secretário de Estado dos EUA vai reunir-se com altos funcionários do governo do Ruanda e membros da sociedade civil para discutir prioridades compartilhadas, incluindo a manutenção da paz.  Blinken vai concentrar-se no papel que o governo do Ruanda pode desempenhar na redução das tensões e da violência em curso no leste da RDC, com a República Democrática do Congo, acusando Ruanda de apoiar a milícia M23 na região do Kivu Norte.

 

Blinken também vai levantar preocupações com a democracia e os direitos humanos, incluindo repressão transnacional, limitação do espaço para críticos e oposição política, e a detenção injusta do residente permanente legal nos EUA Paul Rusesabagina, diz o comunicado do Departamento de Estado. Robert Menendez, que preside o Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA, levantou preocupações sobre o histórico de direitos humanos no Ruanda e pediu uma revisão da política dos EUA em relação a Kigali.

 

Os EUA  são grandes parceiros do  Ruanda, onde forneceram  141  milhões de dólares em financiamento em  2021. O financiamento inclui equipamentos médicos e doses de vacinas doadas ao Ruanda para combater a COVID-19.

 

  

De acordo com fontes diplomáticas, o ponto central da viagem de Blinken será o discurso político para anunciar a estratégia do governo dos EUA para a África. Uma nova estrutura política está em discussão há muitos meses, coordenada por Judd Devermont, um ex-analista de inteligência dos EUA que ingressou no Conselho de Segurança Nacional como consultor especial para a estratégia da África em Outubro passado. No início de Julho, Devermont foi escolhido como director sénior do Conselho de Segurança Nacional (NSC) para a África, substituindo Dana Banks.

 

A visita a África ocorre dias depois que o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavlov, visitou quatro capitais africanas e o presidente francês Emmanuel Macron visitou três estados da África Ocidental e segue-se ao anúncio do presidente Joe Biden e da vice-presidente Kamala Harris de uma Cimeira de Líderes da África em Washington, marcada para meados de Dezembro. Na SADC, o Ruanda tem desempenhado um papel importante na restauração da segurança na província de Cabo Delgado, aterrorizada por grupos armados desde 2017. 

 

O país tem na região um contingente armado desde Julho de 2021, que, juntamente com as forças governamentais moçambicanas e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), combate insurgentes na província. (Carta)

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