A Comunidade Desenvolvimento da África Austral (SADC) destacou ontem “grandes progressos” da missão militar que apoia Moçambique no combate ao terrorismo em Cabo Delgado.
“Apraz-me destacar que a Missão da SADC em Moçambique (SAMIM) tem feito grandes progressos no restabelecimento da paz e segurança em Cabo Delgado”, disse a ministra das Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, Naledi Pandor, falando durante a abertura da 24.ª Reunião Ministerial do Órgão da SADC sobre Cooperação em Política, Defesa e Segurança, que decorre em Pretória, na África do Sul.
Segundo a chefe da diplomacia sul-africana, além da missão militar no terreno, a SADC está a desenvolver programas de apoio para as comunidades locais, através do Mecanismo de Resposta Antecipada da União Africana.
“Estes são esforços que visam contribuir para a reconstrução em curso em Cabo Delgado, no âmbito do plano definido pelo Governo de Moçambique”, acrescentou Naledi Pandor, destacando o terrorismo como uma ameaça que exige a cooperação regional.
“Além disso, os esforços regionais para prevenir e combater a proliferação de armas devem ser intensificados e encorajados. A este respeito, os Estados-membros devem fortalecer e priorizar a implementação do protocolo da SADC sobre o controlo de armas de fogo, munições e outros materiais relacionados”, acrescentou.
Na quinta-feira, a SADC prorrogou provisoriamente a sua missão militar que combate grupos armados no norte de Moçambique.
A decisão foi tomada durante uma cimeira extraordinária da “troika” dos chefes de Estado e de Governo da SADC, reunida em formato virtual e em que Moçambique foi representado pelo seu chefe de Estado, Filipe Nyusi.
O alargamento provisório do destacamento das tropas da África Austral vai durar até à “apreciação e consideração” do relatório abrangente da SAMIM pela cimeira ordinária dos chefes de Estado e de Governo da SADC, agendada para 17 e 18 de agosto de 2022, na República Democrática do Congo.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Há cerca de 800 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio.(Lusa)