A família de Afonso Dhlakama, que liderou o principal partido da oposição em Moçambique, a Renamo, de 1979 até à sua morte por diabetes em 2018, ameaça processar uma figura da oposição menor, Yaqub Sibindy, por usar o nome de Dhlakama sem a aprovação da Renamo ou da família.
No início da década de 1990, Sibindy queria criar um “Partido Islâmico de Moçambique”. Esta designação infringiu as regras sobre nomes de partidos, que não devem ser religiosos. Assim, Sibindy rebaptizou sua organização de Partido Independente de Moçambique (PIMO), que se apresentou repetidamente nas eleições moçambicanas, geralmente com total insucesso.
No entanto, ganhou três assentos nas eleições municipais de 2003, apenas para perdê-los todos nas próximas eleições locais em 2008. Nunca ganhou nenhum assento parlamentar, e Sibindy recorreu à falsificação em suas tentativas de concorrer à Presidência. O Conselho Constitucional, o órgão máximo em matéria de direito constitucional e eleitoral, examinou os documentos de nomeação de todos os candidatos presidenciais e descobriu que muitas das assinaturas de eleitores apresentadas por Sibindy eram inválidas.
Agora Sibindy está a tentar fazer uso do nome de Dhlakama e criou o que ele chama de “Coalizão Eleitoral Afonso Dhlakama” (também conhecida como coalizão “Afonso Dhlakama Novo Moçambique”). O irmão mais novo de Dhlakama, Elias Dhlakama, general reformado das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), citado pela agência noticiosa alemã DW, diz que a família considera este uso não autorizado do nome de Dhlakama como “uma agressão moral e psicossocial”.
Ele suspeita que Sibindy queira usar o nome de seu irmão para reviver sua própria imagem e a de PIMO e descreveu Sibindy como "um político fracassado" que era próximo do ex-presidente Armando Guebuza, com quem costumava trocar camisetas "como se a política fosse um clube de futebol". Sibindy é sobrinho de Dhlakama. Mas Elias Dhlakama diz que nem mesmo os filhos de seu irmão podem usar o nome Dhlakama para fins políticos. Ele ameaçou levar o assunto ao tribunal, se Sibindy não mudar o nome de sua coalizão proposta.
“Afonso Dhlakama não é um instrumento e exigimos respeito”, disse. O secretário-geral da Renamo, André Magibire, declarou na Beira que a Renamo vai tomar medidas legais para impedir que Sibindy use o nome de Dhlakama.
“Não entendemos como as autoridades da justiça estão a passar certidões para uma barbárie como essa”, disse ele, citado pela emissora de televisão independente STV. Ele disse que, embora Sibindy fosse sobrinho de Dhlakama, os dois homens nunca foram próximos. Quando Dhlakama morreu, numa base da Renamo no distrito da Gorongosa, Sibindy nem se deu ao trabalho de lá ir. (AIM)