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A Plexus vai sair de Cabo Delgado na próxima semana, sem comprar o algodão a 50 mil pequenos agricultores, disse ontem Nick Earlam (CEO), numa reunião aberta na Chatham House, em Londres. "A nossa inteligência sugere que os problemas em Cabo Delgado vão continuar a agravar-se", disse ele.
Earlam disse que nenhum banco adiantará à Plexus dinheiro para ela comprar o algodão, devido à situação de insegurança.
Ele acrescentou que 50.000 agricultores esperam que a Plexus compre seu algodão e, se isso não acontecer, "eles ficarão furiosos". A única forma para acabar com a guerra é ganhar a confiança do povo. Ele concluiu que “o sector de energia deve tornar-se um parceiro da Agricultura para ganhar a confiança dos agricultores locais e trazer a paz”.
A Plexus, uma empresa britânica, única concessionária de algodão em Cabo Delgado, esteve em apuros financeiros e foi socorrida pelo Governo. Em Fevereiro de 2020, seus 100 trabalhadores entraram em greve reclamando quatro meses. E a Plexus deve dinheiro a 48.000 produtores cujo algodão não foi pago. Ao todo, a Plexus disse que eram US $1,5 milhão em dívidas. Nesse mesmo mês de Fevereiro de 2020, o Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, prometeu que encontraria uma solução em duas semanas.
Volvidas poucas semanas, o Governo entregou à Plexus 2 milhões de USD para ela pagar os produtores e voltar a operar. Mas, agora, está dando as costas ao Governo e aos produtores. “Carta” sabe que a Plexus ainda não informou o executivo da sua intenção de deixar Cabo Delgado, pouco mais de uma semana depois de a Syrah Resources, que explora grafite em Balama, ter retomado suas operações. O algodão é a fonte de rendimento mais importante para milhares de camponeses nos distritos do sul de Cabo Delgado, particularmente Montepuez, Balama, Namuno e Chiure.
Em 2020 foi noticiado que a Plexus precisava de aproximadamente US $10 milhões para superar uma crise financeira motivada por uma má gestão. No seu website, a Plexus diz que tem uma base de 165.000 agricultores, sendo o maior produtor de algodão do país. (Joseph Hanlon, com Carta)
