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quarta-feira, 29 junho 2022 09:00

Custo de importação de combustíveis vai subir para níveis históricos nos próximos meses

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O custo de importação de combustíveis para Moçambique vai quadruplicar nos próximos três meses, com a subida do preço do petróleo e do frete marítimo no mercado internacional. Esta conclusão advém da análise que “Carta” fez dos resultados do último concurso, cujas propostas foram abertas pela Importadora Moçambicana de Combustíveis (IMOPETRO), a 15 de Junho, prestes a findar.

 

Com base na análise, o próximo fornecedor vai importar combustíveis quatro vezes mais caro que a empresa cujo contrato está quase a terminar, a Independent Petroleum Group (IPG), do Kuwait. É que a média do custo de importação das cinco propostas feitas pelas empresas concorrentes é de 180,30 USD por Tonelada Métrica (TM), contra uma média de 44.93 USD por TM do último concurso (realizado no fim de 2021 para cobrir o primeiro semestre de 2022) em que sete empresas apresentaram propostas.

 

Fora a média, do ponto de vista dos preços propostos, entre o mínimo e máximo, o custo da próxima importação também quadruplica. No último concurso, o preço mínimo foi de 146.37 USD por TM, preço que é quatro vezes maior que os 35.62 USD por TM (preço mínimo) do concurso anterior. O preço mais alto proposto no último concurso foi de 256.04 USD por TM, cinco vezes maior que os 41.64 USD por TM, valor mais elevado proposto no concurso anterior.

 

O terceiro aspecto notório no último concurso é que, das sete empresas que compraram os cadernos de encargo, apenas cinco apresentaram propostas. Isto revela que, devido à crise de combustíveis, o último concurso foi menos apetecível às empresas que operam no sector, de tal modo que a IPG (actual importadora) é das duas que não apresentou proposta. Ora, no concurso anterior oito empresas compraram os cadernos, mas só uma é que não apresentou a proposta do preço de importação de combustíveis.

 

O quarto e último aspecto sobejamente conhecido é que, por causa da crise no sector a nível global, a IMOPETRO decidiu reduzir as quantidades e tempo de importação de combustíveis para minimizar os custos de importação em questão. Conforme noticiamos há dias, a IMOPETRO importa combustíveis, geralmente, de seis em seis meses. Nessa lógica, no primeiro semestre deste ano, a instituição importou 1,190,000 TM de diversos combustíveis líquidos para todo o país, quantidades que também irão cobrir o mês de Julho. 

 

Entretanto, num anúncio publicado a 31 de Maio passado, no qual busca um novo fornecedor, a IMOPETRO convida concorrentes elegíveis a apresentar propostas seladas para o fornecimento de aproximadamente 575,000 TM, uma redução em 50% dos combustíveis a serem importados e que cobrirão três meses, de Agosto a Outubro. Entretanto, mesmo com estes custos, a IMOPETRO sempre assegurou que não haverá ruptura de stock.  

 

Verdade é que o elevadíssimo custo de importação de combustíveis que se irá observar nos próximos três meses, nunca tinha sido verificado, pelo menos nos últimos cinco anos. Entretanto, a escassez do petróleo no mercado internacional e elevado custo do frete marítimo, devido ao conflito Rússia – Ucrânia forçaram o facto.  

 

Como consequência, as gasolineiras poderão repassar este custo aos consumidores ou a economia, agravando ainda mais o custo de vida. Para que isto não aconteça, o Governo deverá fazer um verdadeiro jogo de cintura, pois as actuais almofadas (manchadas por uma dívida de 140 milhões de USD) às gasolineiras ver-se-ão esgotadas.

 

TotalEnergies poderá ser o próximo fornecedor

 

A Totsa, empresa subsidiária da TotalEnergies, poderá ser a importadora de combustíveis de Agosto a Outubro de 2022, após destacar-se no último concurso ao propor menor preço de importação de produtos petrolíferos em cerimónia de abertura de propostas de um concurso, lançado a 31 de Maio de 2022.

 

Como tem sido apanágio, em concursos de importação de combustíveis, a empresa que melhor proposta de preço apresentar ganha automaticamente o concurso. Das cinco companhias, a Totsa se destacou ao propor importar, cada Tonelada Métrica, por 146.37 USD em média, contra a proposta de 149.63 USD apresentada pela Vitol, 158.48 pela Augusta Energy, 191.02 USD pela Glencore Energy e 256.04 de USD∕ TM pela Trafigura.

 

Embora o preço mínimo seja o principal factor, a verdade é que, até o dia 15 de Julho, a Comissão de Aquisição de Combustíveis Líquidos deverá avaliar outros pressupostos, como a capacidade técnica para a importação e, no final, adjudicar-se-á a empresa que apresentar as melhores propostas. (Evaristo Chilingue)

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