Nas últimas semanas, os ataques terroristas que eclodiram em Outubro de 2017, na província de Cabo Delgado, têm demonstrado uma outra faceta, com ataques repentinos e em zonas nunca antes atacadas.
Estranhamente, tudo acontece numa altura em que se encontram no Teatro Operacional Norte (TON) cerca de 25 países que vinham com a missão de devolver a paz e tranquilidade para o povo que há aproximadamente cinco anos vem vivendo o horror do terrorismo antes tratado como insurgência.
Depois de Mocímboa da Praia, Palma, Macomia, Nangade, Mueda, Muidumbe, Ilha do Ibo e Quissanga, nos últimos dias, os distritos de Meluco e Ancuabe passaram a constar no mapa dos distritos fustigados pela onda de ataques terroristas que já tiraram a vida, segundo dados da ACLED e do Observatório de Conflito de Moçambique a mais de 3.100 pessoas, entre civis, militares e terroristas.
Por outro lado, mais de 784 mil pessoas fugiram das zonas atacadas e, pela nova saga, o número poderá vir a subir.
Dados em nossa posse indicam que, deixando de lado o grupo que nos últimos dias atacou os distritos de Meluco e Ancuabe, os recentes ataques estão a ser liderados por outras figuras supostamente recrutadas em Nampula e nos subúrbios de Pemba, que antes desenvolviam actividades comerciais e outras suspeitas.
Nesta senda, um grupo de 10 homens mascarados, munidos de armas de fogo e objectos cortantes dirigiu-se, na noite da última quarta-feira (08), à região de Silva-Macua, nas imediações da Grafite Company e decapitou dois guardas e um militar de idades compreendidas entre 23 e 25 anos, que na altura se encontravam a guarnecer o pátio da mineradora.
De fontes militares, "Carta" apurou que, nesta quinta-feira, dois indivíduos foram neutralizados na posse de armas de fogo contendo munições enquanto tentavam passar pelas autoridades no cruzamento de Metoro – Ancuabe. Reagindo sobre os ataques em Ancuabe, Jorgina Manhique, Porta-voz dos Serviços provinciais de representação do Estado em Cabo Delgado, confirmou, nesta quinta-feira, o ataque e as mortes, mas não avançou os números. Conforme noticiamos, morreram durante o ataque quatro pessoas.
Jorgina Manhique disse que os ataques ocorridos na aldeia de Nanduli criaram mais de 2500 deslocados em Ancuabe, Chiure e Pemba. No total, são 257 famílias, estando 169 em Chiure, 77 em Pemba, 76 em Metuge e as restantes nos distritos de Balama e Namuno, para além das outras que fugiram para a província de Nampula. (O.O.)