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BCI
quinta-feira, 09 junho 2022 03:45

Do encontro off-the-record com a Ministra Carmelita, escreve Ericino de Salema

Alguns amigos abordaram-me, ontem, querendo saber do encontro de apresentação de um “plano secreto” recentemente realizado por uma membro do Governo, de que tomei parte, em torno do que gostaria de partilhar o seguinte:

 

  1. Participei, na última quinta-feira, 2 de Junho, num encontro off-the-record com a Ministra da Educação e Desenvolvimento Humano, tal como já participei noutros encontros do género com Presidentes da República (Joaquim Chissano e Armando Guebuza, tanto dentro como fora do país), Primeiros-Ministros (Pascoal Mocumbi, Luísa Diogo, Aires Ali, Alberto Vaquina e Carlos Agostinho do Rosário), ministros (uma “tonelada” deles), embaixadores de vários países, líderes de partidos políticos (finados Afonso Dhlakama e Daviz Simango, por exemplo), governadores provinciais, presidentes de municípios, etc.
  1. Alguma literatura classificou o encontro de que tomei parte com a Ministra da Educação e Desenvolvimento Humano semana passada como tendo tido natureza secreta, o que, enquadrando-se no direito fundamental à liberdade de expressão da mesma, não passa de um equívoco, conforme se pode facilmente concluir do rol dos convidados ao tal encontro (compatriotas da Renamo, da Frelimo, do MDM, da Nova Democracia, jornalistas, activistas sociais e/ou independentes).
  1. Aliás, encontros tais são comuns em todo o mundo, tendo em conta a centralidade que os fazedores de opinião têm na discussão, na esfera pública, de assuntos de interesse geral, sendo através deles que o grande público (com o qual não é possível reunir nem no maior estádio de futebol do mundo!) têm acesso a um debate informado e esclarecido. Os que têm o hábito de ler biografias (Nelson Mandela, Tony Blair, Dick Cheney, etc.) sabem, certamente, do que estou a falar.
  1. Nesse recente encontro off-the-record, de que participei do primeiro ao último minuto, não me recordo de a Ministra de Educação e Desenvolvimento Humano ter dito “Queimem a Firosa”, nem de ter condicionado a liberdade de expressão dos presentes. O nome Firoza Bicá foi trazido à tona pelo jornalista Paul Fauvet, que perguntou, àquela governante, “Quem é Firoza Bicá, a autora do livro? Ela não aparece, mas tem dignidade e bom nome por defender”. A governante disse quem ela era e onde trabalhava.
  1. Ainda sobre a “teoria do secretismo”: recordo-me do facto de, em tempos, uma “fonte” ter feito chegar, ao jornal SAVANA, de que eu era colaborador, um relatório “muito quente”, cujo título era “Plano para Assassinar Afonso Dhlakama”, supostamente resumindo o que integrantes da Comissão Política da Frelimo tinham secretamente abordado a propósito. Claro que o jornal chegou facilmente à conclusão de que um relatório do género, feito por quem supostamente organizara o encontro, só poderia ser uma treta de proporções bíblicas.

Maputo, 9 de Junho de 2022.

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