Moçambique está prestes a pagar uma “fortuna” à vizinha África do Sul para a realização de uma partida de futebol da selecção nacional, os “Mambas”, em resultado da incompetência do Governo em gerir o maior e mais importante empreendimento desportivo do país: o Estádio Nacional do Zimpeto.
Os “Mambas”, refira-se, jogam no próximo dia 02 de Junho diante da sua congénere do Ruanda, em jogo pontuável para a primeira jornada do “Grupo L” de Qualificação à Copa Africana das Nações de 2023, a ter lugar na Costa do Marfim, e não podem utilizar o Estádio Nacional do Zimpeto por se encontrar interdito pela Confederação Africana de Futebol (CAF).
Um documento submetido esta terça-feira pela Federação Moçambicana de Futebol (FMF) à Secretaria de Estado do Desporto, e a que “Carta” teve acesso, revela que os gestores do FNB Stadium, local escolhido pela FMF para realização do jogo, exigem pelo menos 280.787,50 Rands, o equivalente a 1.110.380,87 Meticais, para utilização do recinto.
De acordo com a fonte, o referido valor destina-se apenas à realização do jogo sem, no entanto, haver presença de espectadores. Caso a FMF queira ver moçambicanos nas bancadas a assistirem a selecção comandada por Chiquinho Conde deverá desembolsar, adicionalmente, 317.067,00 Rands (correspondentes a 1.253.849,02 Meticais), totalizando 597.854,50, o que corresponde a 2.364.229,89 Meticais.
A factura apresentada pela FMF ao Governo não inclui as despesas com o transporte (aéreo de Maputo à Johannesburg e vice-versa e terrestre para circulação na cidade sul-africana), acomodação, entre outros gastos associados àquela viagem.
O Estádio Nacional do Zimpeto está interdito de receber jogos da CAF (sejam de clubes ou de selecções nacionais) desde Setembro de 2021, após uma inspecção daquele organismo reitor do futebol africano ter reprovado as condições do maior e mais moderno recinto desportivo do país. O principal pecado era a relva natural, que se encontrava degradada, porém, juntaram-se a este facto, as péssimas condições dos balneários, a ausência de torniquetes, a ausência de uma área exclusivamente reservada aos jornalistas e falta de isolamento da área VIP.
Na altura, o Secretário de Estado do Desporto, Carlos Gilberto Mendes, disse não ter ficado surpreendido e nem chocado com a decisão tomada pela CAF porque “não era nada que nós não soubéssemos que podia acontecer a qualquer momento”.
Como resultado da falta de preocupação, a Secretaria de Estado do Desporto, gestora do empreendimento, cruzou os braços e, com o início de uma nova fase de qualificação, a CAF voltou a interditar o uso daquele Estádio para acolher provas por si organizadas, facto que se irá reflectir nos bolsos dos moçambicanos. A relva continua inadequada para a prática do futebol.
Embora tenham sido feitas algumas intervenções, o facto é que o Estádio Nacional do Zimpeto não está apto para receber jogos internacionais. Aliás, a relva natural, colocada em Janeiro último, continua longe do desejável. Notar que, no lugar de colocar uma relva em rolos, tal como é habitual nos outros estádios do mundo, a Secretaria de Estado do Desporto recorreu à relva em cubos, facto que concorre para a lenta implantação do “tapete verde”.
Devido à má gestão do Estádio Nacional do Zimpeto, Gilberto Mendes, em entrevista à STV, admitiu a possibilidade da gestão do empreendimento passar para um consórcio sul-africano, que gere exactamente o FNB Stadium, estando em curso, neste momento, negociações para o efeito. Lembre-se que o Estádio do Zimpeto custou, ao bolso dos moçambicanos, 57 milhões de USD e, para a sua manutenção, são gastos pouco mais de 80 milhões de Meticais por ano.
Sublinhar que o FNB Stadium, localizado em Johannesburg, é o maior estádio de futebol de África e um dos maiores do mundo, tendo capacidade para acolher 91.141 espectadores, todos sentados. O Estádio foi inaugurado em 1989 e, em 2010, durante a realização da Copa do Mundo de Futebol da FIFA, foi escolhido como o palco dos jogos de abertura e da final da prova. (A.M)