Director: Marcelo Mosse

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Actualizado de Segunda a Sexta

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Redacção

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A companhia Montepuez Ruby Mining (MRM), que explora rubis no posto administrativo de Namanhumir, considera o Aeroporto Internacional de Pemba, em Cabo Delgado, uma porta de saída daquelas pedras preciosas. Na óptica da MRM, muitas vezes a exportação de rubis através do aeroporto de Pemba é facilitada pelas autoridades policiais que actuam naquela zona. Para Raime Raimundo Pachinuapa, gestor de Assuntos Corporativos da MRM, a exportação de rubis à margem da lei naquele ponto do país acaba por promover o garimpo ilegal na concessão da empresa, e assim colocar em risco a vida dos próprios garimpeiros que desenvolvem a sua actividade sem as mínimas condições de segurança.

 

Asghar Fakir, um dos administradores de Mwiriti, a contraparte da Gemfields que forma a MRM, acredita que “as autoridades podem parar com as mortes”.De acordo com Fakir, os compradores que incentivam o garimpo ilegal, nomeadamente tailandeses e pessoas de outras nacionalidades, “estão em Montepuez e pagam dinheiro aos garimpeiros para penetrarem na área da empresa. Também pagam aos agentes da Polícia para guarnecerem a roubalheira”.

 

Mortes associadas a compradores forasteiros

 

Segundo a MRM, as trágicas mortes de garimpeiros que ocorrem no posto administrativo de Namanhumir onde os rubis são extraídos estão associadas às habilidades que determinados compradores estrangeiros têm de conduzir descaradamente as suas operações de compra ilegal daquelas pedras em cidades como Montepuez, sem que as autoridades tomem as devidas medidas.

 

A MRM refere ainda que os compradores estrangeiros têm a capacidade de entrar e sair do país, principalmente através do Aeroporto Internacional de Pemba, muitas vezes sem a requerida documentação, pagando subornos a elementos das autoridades. Com base neste facto, aquela companhia aconselha as autoridades a actuarem com maior agressividade contra o garimpo ilegal, adianta estar profundamente triste com a tragédia dos mineiros que ficaram soterrados, que resultou em nove mortos. Apela às autoridades “para fazerem cumprir a lei para parar com a comercialização ilegal de rubis”. (Carta)

Inauguração da exposição fotográfica “Quando eu quero, eu consigo” sobre projectos implementados no âmbito do programa MUVA.

 

MUVA é um programa que trabalha para o empoderamento económico das jovens mulheres residentes em áreas urbanas em Moçambique. Trabalhamos com o sector privado, público e a sociedade civil para identificar, testar e apoiar a adopção de soluções para reduzir as barreiras que excluem as mulheres do acesso a um trabalho decente.

 

(05 de Março, às 18 no Centro Cultural Franco-Moçambicano)

Ginga de Maputo, grupo de capoeira, hoje uma família, que foi fundada a 04 de Março de 1999, por uma mulher de nome Célia Marina Matue. Este evento de celebração do surgimento deste desporto em Moçambique é em homenagem da mãe da capoeira, Mestre Marina e realiza-se todos os anos no mês de Março.

 

(De 04 à 10 de Março, às 18:30min no Centro Cultural Brasil-Moçambique)

domingo, 03 março 2019 13:48

Literatura / O galo que não cantou

O escritor moçambicano Alex Dau encontra-se no Brasil, até ao final deste mês, a promover o seu novo livro de contos, publicado naquele país pela editora Nandyala. A obra intitula-se “O galo que não cantou”. Esta colectânea publicada pela editora Malê (do Brasil) e pela Fundza (de Moçambique) vai, segundo uma nota de apresentação da obra, contribuir para a promoção da literatura moçambicana no Brasil, e, também, divulgar em Moçambique a literatura de alguns dos principais autores da literatura brasileira contemporânea. Alex Dau participa nesta antologia com texto “Menina Teresinha”, uma história de uma menina de quinze que enfrenta tamanhos desafios para cuidar do pai doente. Alex Dau é tido como um autêntico representante da sua geração de escritores. Produtor cultural, videomaker e activista sócio-ambiental, Dau revela por meio de suas histórias, a realidade de um Moçambique contemporâneo, postado diante do impasse entre suas raízes africanas ancestrais e um presente tecnológico e globalizado. Alex Dau, tem textos espalhados pela imprensa nacional e internacional. Para além, de “O galo que não cantou” é autor de “Reclusos do tempo”, “Heróis de palmo e meio” e “ Habitante do inóspito”. Como video maker tem realizado filmes documentários com cunho identitário moçambicano, sua estadia no Brasil também abrangerá actividades ligadas à sétima arte.

 

(02 à 05 de Março, no Brasil)

domingo, 03 março 2019 10:30

Quem vai ser o novo Presidente da CNE?

Não é que o Sheik Abdul Carimo, que dirige a comissão eleitoral desde Maio de 2013, tenha posto o lugar à disposição. Apesar do seu mandato terminar a 22 de Maio, depois de 6 anos, e tal como todos os restantes membros da CNE que também assumiram funções naquele ano (nomeadamente 5 membros da Frelimo, 1 do MDM e 3 da “sociedade civil”, Paulo Cuinica, Rabia Valgy e o próprio Carimo), ele pode continuar em funções caso a Assembleia da República não faça nada para nomear outros. No caso dos representantes da Frelimo, a coisa parece mais simples. Basta o partido indicar os seus cinco nomes; e a luta por esses lugares já está ao rubro nas hostes do “partidão”.  

 

No caso dos membros provenientes da chamada sociedade civil, a disputa poderá ser mais frenética, sobretudo para a apetecível cadeira ocupada pelo Sheik. Já há movimentações nos bastidores, o afiar de facas para longas disputas. Se tudo correr como está previsto, a AR vai convocar candidaturas da sociedade civil dentro de poucas semanas, de modo a que até 23 de Maio, quando a presente sessão parlamentar terminar, haja uma “nova” CNE já pronta para preparar as eleições gerais de Outubro.

 

 O Sheik Abdul Carimo, entrevistado pela “Carta”, não diz nem sim nem não sobre sua apetência para continuar no cargo. “Depende de haver confiança”, diz ele, recordando que nunca um Presidente da CNE permaneceu dois mandatos num cargo que é uma enorme “batata quente”.A CNE tem presentemente 17 membros mas, apesar de o seu presidente ser uma figura proveniente da "sociedade civil", o órgão é marcadamente de cunho partidário. Em 2013, tomaram posse os 5 membros indicados pela Frelimo e 1 pelo Movimento Democrático de Moçambique, mais os 3 da sociedade civil e 2 membros provenientes do judiciário (um da magistratura judicial e outro da magistratura do Ministério Público). A Renamo, que devia indicar 4 membros, boicotou exigindo “paridade” e forçando a um arranjo negocial através do qual essa “paridade" foi alcançada.

 

Em 2014, depois de negociações intensas no “Centro Joaquim Chissano”, a composição da CNE foi alargada, apesar de os dois membros do judiciário terem sido afastados. Para além dos seus 4 membros, a Renamo nomeou na altura mais duas figuras da “sociedade civil” (entre as quais o jornalista Salomão Moyana), e a Frelimo e o MDM indicaram mais 1 membro cada também sob a capa de serem provenientes da “sociedade civil” (o jornalista José Belmiro, do MDM, chegou lá nesse contexto). 

 

O debate sobre como vai ser a nova composição da CNE ainda não começou. Conforme estão as coisas, dos 17 membros apenas os que tomaram posse em 2013 podem ser removidos e reconduzidos. Esta é a situação do Sheik Abdul Carimo, cuja actuação nas recentes eleições autárquicas foi severamente contestada, sobretudo por causa das eleições de recurso em Marromeu, a 22 de Novembro de 2018, caóticas sob o ponto de vista da integridade dos órgãos eleitorais. Carimo foi amplamente criticado inclusive no próprio espectro da "sociedade civil” que lhe escolheu (ele foi uma proposta da organização CEDE, ligada ao primeiro Presidente da CNE Brazão Mazula). Também da parte das chancelarias ocidentais, sobretudo dos EUA, a CNE não escapou a juízos negativos.

 

Com o actual défice no orçamento da CNE para as eleições deste ano (dos 14.6 mil milhões de Mts, o governo garantiu menos de metade o valor, designadamente 6.5 mil milhões), é provável que os doadores aproveitem sua caridade na sua cobertura (do défice) para imporem mudanças profundas nos órgãos eleitorais, entre processos e pessoas. Se isso acontecer, a continuidade do Sheik Carimo poderá estar em causa. (Marcelo Mosse)

O governo do Chipre anunciou na quinta-feira a maior descoberta de gás natural da sua história e a terceira mais importante do mundo, num bloco marítimo da sua Zona Económica Exclusiva (ZEE). O denominado campo "Glafkos", localizado no bloco de prospecção 10, é descrito como contendo entre 5 e 8 trilhões de pés cúbicos do hidrocarboneto, disse o Ministro de Energia do Chipre, Georgios Lakkotrypis, em entrevista coletiva com a energética americana ExxonMobil, que explora o bloco (em parceria com o Qatar). "São resultados encorajadores numa área de exploração fronteiriça", disse Steve Greenlee, presidente da ExxonMobil Exploration, que acrescentou que "o potencial energético para os mercados regional e global do recurso recém-descoberto será avaliado mais adiante". 

 

Ainda se desconhece até que ponto a descoberta no Chipre vai impactar no cometimento da ExxonMobil com suas operações em Moçambique. A americana está em vias de lançar, no próximo mês de Julho, o seu Plano de Desenvolvimento relacionado com a monetização da Área 4 da bacia do Rovuma (85 trilhões de pés cúbicos de gás natural), onde tem uma participação de 25%. 

 

Os recentes desenvolvimentos negativos da insurgência em Cabo Delgado poderão fazer atrasar o anúncio da sua decisão financeira, também prevista para Julho, num investimento orçado em 20 bilhões de USD. Para além de Cabo Delgado, a ExxonMobil acaba de lançar as bases para seus trabalhos de prospeção em três blocos de exploração 'offshore' (no mar): Angoche A5-B, Zambeze Z5-C e Zambeze Z5-D. Os três blocos foram atribuídos a um consórcio liderado pela companhia petrolífera americana, com uma participação de 50%. Os outros membros são a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos, ENH, com 20%, a Rosneft com 20% e a Qatar Petroleum com10%.(Carta)

Ontem de manhã, cerca de 300 crianças, alunas da escola Nyoxani, na Sommershield, em Maputo, foram impedidas pela Polícia da República de Moçambique (PRM) de desfilar em festa de carnaval, um evento que o estabelecimento organiza anualmente, desde 2014, para recrear a petizada, ensinando a cultura dos povos. Este ano o evento tinha como lema “Cultura de Moçambique, de África e do Mundo”. O desfile era para percorrer as ruelas do bairro, através da “João de Barros”, “Lucas Kumato” e “Fernão Lopes”, com destino no Parque dos Cronistas e, por fim, regressando pela Travessa Azura até a “João de Barros”, onde mora a escola.

 

O desfile estava aprazado para se realizar das 10 às 12 horas. A escola submetera uma carta ao Conselho Autárquico da Cidade de Maputo no passado dia 12 de Fevereiro, pedindo a devida autorização, como mandam as normas. Mas até a última quarta-feira (27), a edilidade não tinha respondido. Entretanto, o dia chegou e os pais já haviam abraçado a iniciativa, comprando os adereços apropriados para a ocasião. Arrumadas em duas filas indianas, as crianças estavam prontas para se fazerem à rua, cantando e dançando, sob a monitoria rigorosa de cerca de 100 funcionários da Nyoxani (a escola tem Kindergarten, lecionando até a Sétima Classe, mas também é uma instituição inclusiva, que alberga crianças com diversas deficiências, desde autistas a portadoras de síndrome de Down, justificando-se, por isso, a dimensão de seus colaboradores).

 

Mas a desfile não se movimentou. A alegria das crianças foi interrompida pela repressão policial.

 

Um grupo de 10 polícias que se fazia transportar em dois carros interpelou a direção da escola, informando que os alunos da Nyoxani não tinham permissão para desfilar pois seu pedido tinha sido indeferido. A Directora da Escola, Maria do Carmo Soares, contou-nos o seguinte: “No despacho que o comandante deu-me a ler, não devíamos desfilar por se tratar de um dia de trabalho e... iríamos provocar barulho". 

 

Perante a ordem, Maria do Carmo ainda tentou insistir que o desfile seguisse em surdina, crianças andando sob mordaça colectiva. Iriam de mansinho ao Parque dos Cronistas e “lá faríamos o nosso carnaval, como é habitual”. O pedido foi negado. E para garantir a desfeita, as duas viaturas da Polícia fixaram-se ao redor da escola até depois das 12 horas. 

 

As crianças, essas já tinha sido recolhidas para o interior das instalações mas era visível nas suas faces uma ponta de tristeza e desilusão perante a intrusão policial, num dia preparado com todo o cuidado, onde dariam largas às suas "nyoxanis", que é afinal nome para alegria em ronga. 

 

A intrusão policial foi simbolicamente violenta. Muitos pais se revoltaram. Maria do Carmo estava desolada e interrogava-se permanentemente sobre até onde está chegando a insensibilidade da autoridade pública para com a educação e a cultura em Moçambique, quando, por volta das 15 horas, uma delegação da edilidade irrompeu na sua sala. 

 

Iam a mando do presidente do Conselho Autárquico de Maputo, Eneas Comiche. Dois "directores" da edilidade  deslocaram-se à Nyoxani para se “inteirarem” do que tinha acontecido e traziam um “pedido de desculpas” do Presidente Comiche. Disseram que Comiche estava “impossibilitado de vir pessoalmente” e que “logicamente não estava a par da decisão de terem indeferido o nosso pedido”. O indeferimento, alegaram, resultara de um “ruído” na comunicação. O pedido de desculpas de Comiche serviu de consolação, sobretudo porque esse gesto de “mea culpa” também já não faz parte da(in)decência com que as autoridades públicas tratam os cidadãos. Agora, é esperar para vir, se para o ano o episódio se repete ou Comiche começa a fazer por justificar por que é que as gentes da cidade, sobretudo sua classe média, escolheu-o para a edilidade, depois de muitos anos de laxismo e arrogância. (E.C. e M.M.)

sexta-feira, 01 março 2019 16:28

O que a PGR pede ao tribunal londrino de Queens

Na sua acção de responsabilização civil intentada no Supremo Tribunal de Justiça de Londres (Divisão de Queen's Bench, Tribunal Comercial) contra o Credit Suisse, seus três antigos funcionários (Surjan Singh, Andrew Pearse e Detelina Subeva) e as empresas fornecedores dos serviços contratados no quadro do endividamento oculto (Privinvest Shipbuilding SAL, Abu Dhabi Mar LLC e Privinvest Shipbuilding Investment LLC), a Procuradoria Geral da Republica (PGR), em representação do Estado moçambicano, requere o seguinte:

 

  • ·A declaração de que a garantia dada a ProIndicus não constitui uma obrigação válida, legal ou exequível;
  • ·Rescisão da garantia e a sua entrega à Credit Suisse para o seu cancelamento imediato;
  • ·Danos de direito comum e compensação equitativa pela fraude incluindo, em razão do suborno, conspiração por actuar por meios ilícitos, deturpação e engano, incluindo todas as perdas sob as garantias, pela fraude praticada dos arguidos;
  • ·Indemnização e contribuição dos arguidos em relação a todas as obrigações incorridas como resultado das garantias, incluindo todos os passivos decorrentes da garantia da empresa MAM;
  • ·Um relato dos lucros, incluindo todas as comissões recebidas pelos arguidos e um relato e restituição com base em enriquecimento sem causa ou outra forma, de todos os subornos pagos, incluindo a liquidação patrimonial; e
  • ·Ressarcimento contra todos os arguidos, juros compostos sob o capital próprio, alternativamente juros legais em todas as quantias recebidas. (Carta)

Os 17 agentes do Serviço Nacional Penitenciário (SERNAP) detidos na passada segunda-feira em Maputo e Matola são acusados de terem orquestrado o processo de liberdade condicional de Momade Assif Abdul Satar, ou simplesmente Nini Satar, solto a 1 de Setembro de 2014. Nini fora condenado a 24 anos de prisão maior por autoria moral do assassinato do jornalista Carlos Cardoso. Estava a cumprir pena na cadeia de máxima segurança, vulgo BO.

 

Como tudo começou

 

Informações em nosso poder indicam que tudo começou no ano de 2013, quando Nini Satar submeteu um pedido de liberdade condicional ao Conselho Técnico da BO, por alegadamente ter cumprido metade da pena e ter um comportamento que não constituía qualquer perigo para à sociedade. O pedido viria a ser chumbado pelo Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, alegadamente porque a personalidade do requerente ainda representava um perigo na sociedade, exigindo por isso a sua manutenção em regime de segurança

 

A 16 de Dezembro de 2013, o Conselho Técnico da BO reuniu-se extraordinariamente para apreciar e decidir sobre o comportamento e mudança de regime (de segurança para o regime comum) a favor de Nini. O colectivo concluiu, por unanimidade, que Nini Satar devia ser mantido em regime de segurança. Só que devido à insistência do próprio visado, no dia 14 de Março de 2014, a direcção da BO recebeu um ofício da 10ª Secção do Tribunal Judicial da cidade de Maputo, assinado pelo Juiz Adérito Malhope, solicitando informação sobre o comportamento do Nini Satar. Coincidência ou não, no dia 20 de Março de 2014 o Conselho Técnico voltaria a reunir-se em mais uma sessão para avaliar se Nini Satar poderia ser mantido em regime de segurança ou não. A decisão final foi a de mantê-lo em regime de segurança.

 

Apanhado com cinco telemóveis

 

Segundo os membros do Conselho Técnico, arazão por que as duas deliberações foram desfavoráveis prendeu-se com o facto de, anteriormente, Nini ter sido encontrado em flagrante na posse de cinco telemóveis, que usava para se comunicar com o mundo exterior. A outra razão foi a de Nini Satar ter enviado, mesmo preso, à direcção da Cadeia Central da Machava, várias cópias de brochuras contendo informações confidenciais e respectivos ofícios partilhados com várias pessoas ligadas à administração da justiça, sem que tivessem passado pela direcção da BO.

 

Uma informação que consta no “dossier” em nosso poder indica que José Machado (agora preso), na altura Director da BO e do respectivo Conselho Técnico, de que faziam parte João Doa, Hermínia Chilaúle, Constantino Simone, Francisco Neto, Milate Evaristo, Josefa Sambo e Moniz António, emitiu pareceres favoráveis ao recluso Nini Satar. Todos os membros do Conselho Técnico da BO subscreveram. Todos eles estão presos. Depois de chancelarem o parecer favorável a Nini, os agentes simularam sua transferência da BO para a Cadeia Central da Machava. Posteriormente, emitiram uma nota para a 10ª Secção do TJCM, endereçada ao juiz Adérito Malhope, que deu entrada no dia 9 de Julho de 2014. A nota dizia que Nini Satar passou para o regime comum, e tudo o que dissesse a ele respeito devia ser solicitado à à Central.

 

 A nota dirigida à 10ª Secção do TJCM dava a entender que Nini Satar tinha sido conduzido para a Central, quando na verdade ainda estava sob o regime de segurança. Conforme se apurou, todos estes actos aconteceram sem o conhecimento do Director-Geral do SERNAP, Eduardo Mussanhane, ou seja, os arguidos do processo agiram e ignoraram o seu superior hierárquico, porque tudo o que estavam a fazer era da competência do DG daquele sector.

 

Artimanhas de José Machado

 

Para a consumação do processo da transferência simulada da BO para a Cadeia Central da Machava, no dia 10 de Julho de 2014, José Machado chancelou e ordenou a remessa do expediente da primeira para a segunda. No pacote constava o processo individual do recluso, um atestado de comportamento e a acta do Conselho Técnico-Social, com assinatura de outros agentes ora detidos. O processo dessa simulação foi recebido na Cadeia Central por Ramos Zamboco, então Director substituto daquele estabelecimento prisional, que por coincidência foi adjunto de José Machado na BO. Tal como os membros do Conselho Técnico da BO, todos os membros do Conselho Técnico da Cadeia Central da Machava foram envolvidos na trama. Todos eles, nomeadamente Félix Simbine, Jorge Lúcio Manjate, Jamussidine Faquirá, Alberto Ndaluza, Júlio Marcos, Lídia Alberto e Notisso Alexandre, estão igualmente detidos. Aliás, este colectivo reuniu-se no dia 17 de Julho de 2014 para discutir a proposta de liberdade condicional a favor de Nini Satar.

 

E no dia 21 de Julho de 2014, o colectivo da Cadeia Central da Machava concluiu a formulação do juízo opinativo favorável à concessão da graciosa liberdade condicional, tendo ordenado a remessa do expediente ao Tribunal, que deu entrada no TJCM no dia 30 de Julho do mesmo ano. No dia 1 de Setembro de 2014, o juiz Adérito Malhope, da 10ª Secção do TJCM, concedeu a graciosa liberdade condicional a Nini Satar, através do despacho de soltura.

 

A acusação do Ministério Público

 

Os 17 agentes do SERNAP encontram-se agora detidos em prisão preventiva. “Carta” apurou que todos os agentes vão ser acusados de violação do artigo 368 da Lei da Organização Penitenciaria (LOP), aprovada pelo Decreto-Lei nº 26643, de 28 de Maio de 1936, conjugado com o artigo 3 da Lei nº 3/2013, de 16 de Janeiro. Incorreram também na declaração de falsas qualidades por terem proposto liberdade condicional a favor de um réu preso num estabelecimento penitenciário sobre o qual não tinham jurisdição. Também usaram informação da BO para atestar como “bom” o comportamento do mesmo réu, sem que eles próprios tivessem feito o acompanhamento dentro do período normal de seguimento para efeitos de confirmação. 

 

Segundo consta na acusação, de acordo com fontes de “Carta”, os 17 arguidos cometeram o crime de abuso do cargo ou função, puníveis nos termos do artigo 507 do Código Penal. O outro crime que pesa sobre eles é o de falsificação. Incorreram igualmente no crime de falsas declarações.

 

Facto curioso é que durante as investigações do MP não ficou demonstrado que os 17 arguidos obtiveram contrapartidas de natureza patrimonial ou de outra índole pela soltura de Nini. Curioso também é que o juiz Adérito Malhope, que assinou o despacho de soltura, não foi arrolado no processo.(Omardine Omar)

O governador da Zambézia, Abdul Razak Noormahomed, lançou na quinta-feira (28) a primeira pedra para a construção da agência bancária do Millennium bim em Pebane. Será a primeira agência naquele distrito zambeziano, que vai beneficiar e promover a inclusão financeira das cerca de 211.000 pessoas que ali vivem.

 

O fututo Balcão faz parte do plano de expansão dos serviços bancários em zonas rurais, no âmbito do projecto “Um Distrito. Um Banco”. A futura agência bancária em Pebane será a décima segunda do Millennium bim na província da Zambézia, e a primeira das 12 que aquele maior banco comercial do país vai construir ao longo do ano no âmbito do Programa “Um Distrito. Um Banco”, lançado pelo MITADER através do Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável (FNDS).

 

O Balcão de Pebane, cujas obras terão a duração de aproximadamente três meses, será concebido para assegurar a qualidade e o conforto de diversos segmentos de Clientes, reforçando desta forma o posicionamento do Millennium bim como um Banco de confiança, ‘Aqui Consigo’, afirmando uma vez mais o seu compromisso de bem servir os moçambicanos e o público em geral.

 

Investimento vai gerar impactos positivos

 

Em contrapartida, o investimento a ser aplicado na agência bancária do Millennium bim em Pebane vai gerar impactos positivos não só na comunidade local mas também na economia nacional, o que irá permitir que a população daquele distrito ganhe autonomia financeira para as suas poupanças e produção. Através do novo Balcão do Millennium bim, os residentes de Pebane passarão a ter acesso aos diversos produtos e serviços bancários como abertura de contas, levantamentos em numerário, transferências, pagamento de serviços e de impostos, compra de recargas, consulta de saldos, seguros, ATM e POS. 

 

Outra vantagem do novo Balcão a ser construído em Pebane pelo Millennium bim será a de permitir a este Banco elevar para 194 o número total dos seus Balcões distribuídos por todo o país, que disponibilizam produtos e serviços bancários adequados às necessidades dos seus mais de 1.800.000 Clientes.

 

Tornar o Metical cada vez mais valorizado

 

Durante a cerimónia do lançamento da primeira pedra para a construção da agência bancária do Millennium bim em Pebane, Abdul Razak referiu que “com o estabelecimento desta agência bancária aqui no distrito de Pebane queremos que o nosso Metical seja cada vez mais valorizado, e que grande parte da massa monetária que circula informalmente no meio rural possa ser integrada no circuito financeiro formal”. (Carta)