É do conhecimento de que “tempo é dinheiro” e por isso é também sabido de que é necessário “correr para ganhar tempo”. Neste entendimento, aposto que quem tenha ganho mais tempo terá tirado mais vantagens para lograr os seus objectivos pessoais e até corporativos. Concorda? Eu concordo e faz muito sentido. Aliás, e para citar um exemplo corriqueiro, a ambulância quanto menos tempo perde no trânsito, mais tempo sobra para salvar o doente. Contudo, e como não há bela sem senão, também discordo e acho que o princípio não faz nenhum sentido quando o assunto são os governantes da Pérola do Índico. Já explico e vou ser breve porque preciso de ganhar tempo antes das 13 horas.
Desde que me conheço noto que os nossos governantes ganham muito tempo, tanto em afazeres do serviço como nos da vida privada. Por exemplo, e é só um cheirinho: eles não esperam; não ficam na fila; não “respeitam” os sinais de trânsito; nada começa sem a presença deles ( os outros que se atrasem ou gastem o tempo); e também nada acaba sem a saída deles. Alguém pode justificar de que este comportamento não é dos dirigentes, mas uma exigência do Protocolo do Estado. Tudo bem e acredito que o Protocolo do Estado tenha sido concebido no espírito de que “tempo é dinheiro” e de que os nossos dirigentes precisam de “correr para ganhar tempo” e assim poderem resolverem os problemas que apoquentam o povo que são muito e corpulentos. .
Dito isto, reitero que o princípio faz muito sentido, sobretudo em países subdesenvolvidos como o caso de Moçambique, justificando assim que os seus dirigentes precisem de mais tempo face aos problemas dos respectivos países. No entanto, infelizmente, e para fechar, também reitero que discordo e que o princípio não faz nenhum sentido, pois o tempo que é ganho (e que não é pouco) pelos dirigentes da Pérola do Índico não tem surtido o efeito (de desenvolvimento) desejado para o país. E isto, é caso para dizer: tempo ganho em vão!
PS: Aproveito a deixa do texto e partilho em seguida uma preocupação de uma amiga ocidental: ela não compreende como a África (Moçambique) é atrasada se no compasso da dança, o africano (moçambicano) acompanha sempre os passos no tempo certo da música. Talvez esteja aqui uma saída para o problema do “tempo ganho em vão”, pois não são mais ou menos minutos da música que são determinantes para o passo certo, mas sim que o passo seja (e bem) feito no tempo certo.