Na área metropolitana de Maputo a notícia do dia é a paralisação do transporte semi-colectivo de passageiros, vulgo Chapa, cujo epicentro é o Município da Matola. Para a paralisação, os Chapeiros alegam de que o rigoroso cumprimento da lotação da viatura (15 lugares), no quadro do estado de emergência, não é economicamente viável e é injusto, comparando com a mesma medida em relação aos autocarros (70 lugares), vulgo FEMATRO/TPM. Em defesa dos passageiros veio a terreiro o Edil da Matola, apelando para que os Chapeiros regressassem à actividade. Em poucas palavras é esta a fotografia cuja impressão trouxe, à superfície, detalhes que não foram captados no momento do “Click”. Por enquanto fiquemos com três e destes a conclusão.
O primeiro detalhe: à escassos dias do fecho da 3ª prorrogação do estado de emergência, declarado por conta da Covid-19, fica confirmado de que a medida “Fica em Casa” não decola e se ela tivesse sido levada à letra a paralisação teria um outro espírito, certamente o da falta de utentes e não o da proibição do transportador em responder à demanda que é alta, faltando saber se é por escassez de meios ou do cumprimento da lotação; O segundo detalhe: o Edil da Matola mostrou-se contra a paralisação. Uma posição em contramão com a política governamental do momento, a do “Fica em Casa”, pois, no mínimo, e em nome da coerência, o Edil teria igualmente dirigido aos seus munícipes, e de forma veemente, um apelo para que ficassem em casa, salvaguardando, claro, as devidas excepções; Por último, o terceiro detalhe: a obrigatoriedade do cumprimento da lotação. Na verdade, não é nenhuma medida genuína (e nem adicional) do estado de emergência, mas apenas o cerco ao seu rigoroso cumprimento cuja intenção, suponho, foi a de servir de um mecanismo para desestimular a oferta e a procura por transportes, forçando assim o “Fica em Casa”. Debalde.
A experiência do que acontece(u), um pouco por todo o mundo, com o sub-sector da aviação pode ser um ponto de partida interessante para reflexão. Aqui o lema foi: “Fique em Terra” e o seu cumprimento integral. De toda a maneira, a posição tomada pelos Chapeiros força o cidadão a fazer o que não fez nos últimos 04 meses: ficar em casa. Em síntese, a fechar, e no âmbito da prevenção da Covid-19, a paralisação voluntária dos Chapas pode ser vista como um indicador de sucesso da medida “Fica em Casa”. Um resultado que o Governo fica a dever aos Chapeiros.