No banquete por ocasião da investidura do Presidente da República (PR), o investido, Filipe Jacinto Nyusi, proferiu alguns pronunciamentos que despertaram a curiosidade dos que acompanham a vida política nacional, mormente quanto a composição do novo governo. Pairou a ideia de que na composição do novo governo o PR não se contentaria com o “balneário partidário”, abrindo alas para o “ balneário da sociedade “ que é, quiçá, mais vasto e nas palavras do PR: de altíssima qualidade.
Abaixo e de forma breve, partilho um apanhado do que foram as expectativas, conclusões e lições aprendidas a partir de excertos do “ Discurso de Sua Excelência Filipe Jacinto Nyusi, Presidente da República de Moçambique, no Banquete oferecido por ocasião da Sua Investidura como Presidente da República” vis-à-vis a composição do novo governo.
- Expectativas
- “ Sou imune a todas as pressões, embora em democracia, elas sempre existam. A única pressão que pesou em mim, foi o interesse nacional de Moçambique.”: esta parte do discurso gerou a sensação de que o novo governo seria imune à pressões, sobretudo as de ordem partidária na escolha dos ministros e em defesa da unidade nacional, o superior interesse nacional;
- “É verdade que sou Presidente da FRELIMO, mas também é mais verdade que a Presidência da República não é um cargo partidário”: deste entendimento , a esperança de que o novo governo também não seria um órgão partidário;
- “Mais de 60% dos membros do Governo serão novas caras,(…), mas porque o balneário moçambicano é de altíssima qualidade...”: desta afirmação a certeza de que estes 60% seriam quadros fora do partido do PR.
- Conclusões
“O Estado não se esgota no governo, como muitos pensam. Há várias posições relevantes no tão diverso quadro institucional de Moçambique. Esse quadro diversificado pede o concurso do talento e da experiência de um amplo leque de quadros, cuja vontade seja servir Moçambique./O meu governo irá capitalizar esses talentos nacionais… ”: com o anúncio do novo governo ficou patente, fora o entendimento contrário, que o grosso ou a totalidade dos membros do governo é formado por membros do partido do PR. O resto que aguarde a possível chamada para as outras posições relevantes fora as do governo.
- Lições aprendidas
“…A inclusão é muito mais do que a acomodação de um grupo restrito de compatriotas, seja qual for a sua origem. Incluir é ouvir os que pensam diferente. Incluir é dar oportunidades iguais a todos, é exercer justiça social, é promover o emprego.”: fora os cargos, para o PR o moçambicano é convidado “…a participar com o seu saber, experiência e espírito crítico no processo de identificação de soluções para os desafios que os moçambicanos irão enfrentar no próximo quinquénio” (discurso da tomada de posse)
Em suma, nada esta perdido e as expectativas transitaram para o preenchimento das vagas do governo em falta e ainda dos cargos por preencher de muitas outras posições relevantes do quadro (refeitório?) institucional moçambicano. Quem sabe se no que falta preencher e em tempo de compensação o PR marque um golo na própria baliza.