O VAR, a segurança nos campos e fora deles, os salários cada vez mais “chorudos” das estrelas, são realidades do futebol internacional, que internamente temos cada vez mais dificuldade em acompanhar.
Os números envolvidos na contratação dos jogadores, as tentativas de suborno, o espaço como factor de descarga emocional dos cidadãos, aumentam a responsabilidade dos homens (e mulheres) que com a amostragem de um simples cartão vermelho, podem “despedir” do emprego – mesmo que temporariamente – profissionais que ganham por dia, aquilo que muitos de nós gostaríamos de auferir por ano.
Por isso...
Ser “senhor do apito” não é para qualquer um!
MUDAM-SE OS TEMPOS
E AS REALIDADES
Uma pergunta: entre nós, a algum futebolista, nos anos 70 ou 80, passaria pela cabeça correr, em pleno jogo, atrás de um Freitas Branco, Gil Milando, Issufo Costa ou Arnaldo Salvado, para o agredir”? Quem viveu e acompanhou esses tempos, sabe que isso nunca passaria pela cabeça”.
Porquê?
1. As mentalidades que gravitavam em torno dos jogadores, treinadores e dirigentes, eram outras;
2. O estatuto e os critérios na selecção do cidadão/árbitro, eram de rigor e paixão e não uma forma de sobrevivência, como acontece, em muitos casos, nos dias de hoje.
3. O comportamento social dos homens do apito, eram respeitados na sociedade, logo o espaço para os subornos, bem menores.
É verdade que é na imprevisibilidade onde reside o sortilégio do desporto-rei. Mas, a par das novas tecnologias para a aproximação do rigor, aumenta a sofisticação do acto ignóbil, baixo e indigno da compra/venda de resultados.
Hoje, com alguma mágoa, analiso as decisões dos juízes, tendo como pano de fundo factores cada vez mais negativos, pois vivemos tempos envenenados e em que não se consegue aplicar devidamente os contra-venenos.
Por isso, não deveria ser árbitro quem quer. Há que ter um CV limpo e um estatuto (e não “chitutu”) digno na sociedade. Além disso, um porte físico e psicológico que lhe granjeie respeito na sociedade, para se impôr junto dos jogadores. Efectivamente, a boa presença e garbo, também fazem a diferença.
No fundo, a postura dos árbitros deve ser idêntica à dos juízes dos tribunais, tendo em conta que os valores e interesses no desporto, crescem mais depressa nos homens do apito.
Assim sendo, para intervir com rigôr e isenção em algo que “mexe” com um país ou uma sociedade, não basta ser... é preciso também parecer!