As reservas obrigatórias feitas pelos bancos moçambicanos voltaram a crescer em julho, atingindo o máximo histórico acumulado de 258.224 milhões de meticais (3.634 milhões de euros), segundo dados do banco central.
De acordo com um relatório estatístico do Banco de Moçambique, o volume destas reservas bateu o recorde anterior, de 257.777 milhões de meticais (3.627 milhões de euros) em junho, sendo ainda a segunda subida mensal consecutiv
As reservas obrigatórias dos bancos comerciais no banco central estavam fixadas pelo Banco de Moçambique no coeficiente de 10,5% em moeda nacional e 11% em moeda estrangeira no início de janeiro de 2023.
Mas nos primeiros seis meses de 2023 o banco central aumentou por duas vezes o coeficiente, para “absorver a liquidez excessiva no sistema bancário, com potencial de gerar uma pressão inflacionária”.
O último desses aumentos aconteceu em junho do ano passado, chegando então a 39% dos depósitos em moeda nacional e 39,5% no caso de moeda estrangeira a ficarem em reserva bancária.
Desde o final de dezembro de 2022, quando ascendiam a 62.144 milhões de meticais (873 milhões de euros), o volume das reservas bancárias à guarda do banco central já aumentou mais de 315%.
Após o segundo aumento dos coeficientes, a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) considerou que a decisão tornava ainda mais caro contrair financiamento bancário, essencial numa economia de pequenas e médias empresas, que teriam mais dificuldades.
O Banco de Moçambique decidiu em 01 de agosto manter inalterados, em valores máximos, pelo menos até final de setembro, os coeficientes de reservas obrigatórias dos bancos comerciais, apesar dos apelos dos empresários e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A decisão foi tomada numa reunião do Comité de Política Monetária (CPMO) do banco central. A próxima reunião do CPMO está agendada para 30 de setembro. O FMI defende a redução dos rácios de reservas, para impulsionar a economia, aconselhando alternativas para absorver excesso de liquidez e a remuneração das reservas.
"A redução dos elevados requisitos de reservas é essencial para aliviar as condições financeiras. Embora o sistema financeiro moçambicano apresente um excedente de liquidez estrutural, os aumentos significativos nas reservas obrigatórias em 2023 [de cerca da 10% para 40%] (…) podem ter sido maiores do que o necessário para absorver o excesso de liquidez", lê-se no relatório do FMI da quarta avaliação ao programa de Facilidade de Crédito Alargado, concluído em julho.
Os empresários moçambicanos apontaram em 25 de julho um défice de 400 milhões de dólares (358 milhões de euros) em divisas, levando a atrasos nos pagamentos ao exterior, multas e quebras na faturação, e apelaram ao banco central para reduzir o coeficiente de reservas obrigatórias.
De acordo com dados da CTA, as necessidades não satisfeitas em importações ou pagamentos ao exterior já "ascendem a 400 milhões de dólares" em 2024, devido a "constrangimentos de liquidez" de moeda estrangeira nos bancos. "No geral, a falta de divisas no mercado tem constrangido o processo de pagamento das faturas com o exterior", sublinhou o vice-presidente da CTA, Zuneid Calumia. (Lusa)
O Presidente da República, Filipe Nyusi, inaugurou esta quarta-feira (18) a ponte metálica que liga os distritos de Nipepe, na província do Niassa, e de Lalaua, em Nampula, separados durante décadas pelo rio Lúrio.
Durante a cerimónia de inauguração, Nyusi destacou que a construção da ponte não só encurta distâncias, "mas também reforça a nossa união como povo e a nossa determinação em garantir que Moçambique seja um país integrado e indivisível. Hoje, testemunhamos mais um marco do nosso compromisso com o desenvolvimento infra-estrutural e o bem-estar dos nossos cidadãos”.
A ponte, com 300 metros de extensão, conecta os dois distritos, permitindo agora uma segunda ligação entre Niassa e Nampula. Até então, a única via de acesso era através da Estrada Nacional Número 13 (N13), que liga Nampula, Cuamba e Lichinga.
Uma nota do Governo do Niassa, a que “Carta” teve acesso, refere que a construção da ponte representa um marco do esforço do Executivo, através do Sector de Estradas, de reforçar a unicidade do território nacional, unindo as províncias do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico.
Avaliada em 950 milhões de Meticais, a ponte vai permitir a travessia, em menos de duas horas, entre Nipepe e Lalaua, substituindo o trajecto perigoso que antes envolvia canoas ou a travessia directa pelo rio. As 10 horas de viagem que o percurso exigia por estrada, passando por Nipepe, Cuamba e Ribáuè, ficaram para a história.
O Governo, em parceria com a empresa de capitais chineses, DH Mining Development Co. Lda. também realizou a reabilitação de 122 km de estradas terraplanadas, incluindo diversas obras de arte, construção de 65 casas de alvenaria para reassentados, abertura de quatro furos de água e a reabilitação de ruas no distrito.
O Ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, Carlos Mesquita, presente na cerimónia, referiu que, ainda este mês de Setembro, será inaugurada a Ponte de Metuchira na província de Manica, avançando que a Ponte sobre o Rio Revúbuè, na província de Tete, também será oficialmente entregue dentro em breve. Destacou que a ponte sobre o rio Lúrio promete ser um importante elo entre as províncias de Nampula e Niassa, impulsionando a conectividade, o comércio e o desenvolvimento económico regional. (Carta)
O Produto Interno Bruto a preços de mercado (PIBpm) apresentou uma variação positiva de 4.50% no segundo trimestre de 2024, quando comparado ao mesmo período do ano 2023, perfazendo um acumulado de 3.86%. A informação foi tornada pública esta segunda-feira (16), pelo Instituto Nacional de Estatística e pelo Banco de Moçambique.
Dados mais detalhados do INE referem que o desempenho da actividade económica no segundo trimestre de 2024 é atribuído, em primeiro lugar, ao sector primário que cresceu em 5.85%, com maior destaque para o ramo da Indústria de Extracção Mineira com variação de 17.48%, seguido pelo ramo da Pesca com uma variação de 1.61%. Por último, o ramo da
Agricultura, Pecuária, Caça, Silvicultura e Exploração florestal teve uma variação de 1.43%.
“Ocupa a segunda posição o sector terciário com variação de 3.61%, com destaque para o ramo de Hotelaria e Restauração com variação de 5.63%, seguido pelo ramo dos Serviços financeiros com variação de 4.37% e do ramo dos Transportes, Armazenagem e Actividades auxiliares de transportes e Informação e Comunicações com variação de 3.50%”, lê-se num comunicado do INE.
Por fim, a Autoridade explica que o ramo do Comércio e Serviços de Reparação teve uma variação de 2.35%. O sector secundário registou uma variação positiva de 2.82%, induzido pelo ramo de Electricidade, Gás e Distribuição de Água com variação de 4.46%, seguido pelo ramo da Indústria Manufactureira com variação de 2.90% e, por último, o ramo da Construção com variação negativa de menos 1.46%.
Refira-se que o PIBpm do primeiro trimestre cresceu 3.20% no primeiro trimestre de 2024, contra 6.5% registados em igual período do ano 2023, e 4.8% em relação ao quarto trimestre do ano passado, o que representou uma desaceleração de 3.3% e 1.6% respectivamente.
O INE apontou a desaceleração da actividade económica, medida pela variação do PIB, fundamentalmente, pela queda do sector da indústria transformadora e de electricidade e água e pelo menor crescimento do ramo da construção. (Carta)
O Vice-Ministro da Economia e Finanças, Amílcar Tivane, está em Doha, capital do Qatar, com mais de 20 empresários moçambicanos a expor oportunidades de investimento em Moçambique, aos agentes económicos daquele país. Falando no domingo último (15), no primeiro fórum de negócios entre Moçambique e Qatar (que decorre de 14 a 17 de Setembro corrente), Tivane assinalou que o país é um terreno fértil para investir, pois o Governo tem aprovado uma vasta gama de iniciativas políticas para criar um ambiente propício à atracção de investimento do sector privado.
Destacou o Pacote de Medidas de Aceleração Económica (PAE), lançado em 2022, destinado a apoiar a recuperação económica e aliviar as restrições vinculativas ao investimento do sector privado. “No âmbito da implementação do Pacote de Estímulo, o Governo de Moçambique aprovou várias medidas políticas para melhorar o ambiente de negócios, incluindo: (i) aprovação de novos diplomas legislativos, tais como uma Lei do Trabalho, uma Lei de Investimento, uma Lei Cambial; (ii) aprovação de legislação actualizada sobre branqueamento de capitais e combate ao terrorismo; e (iii) a implementação de reformas fiscais, estruturais e de governação para melhorar os fundamentos macroeconómicos”, apontou Tivane.
Na ocasião, coube à Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) detalhar os diferentes sectores em que empresários catarianos podem investir. O Presidente da CTA, Agostinho Vuma, destacou o sector da agricultura, indústria, transporte, logística, recrutamento de mão-de-obra, comunicação, comércio e serviços.
Sobre o sector da indústria, Vuma destacou a presença no fórum da MozParks, que lidera os parques industriais em Moçambique, que já atraíram e absorveram mais de dois biliões de USD em investimentos. No sector de recrutamento de mão-de-obra, destacou a participação da CBE Southern Africa, que levou oportunidades no fornecimento de força laboral para vários projectos baseados no Qatar.
Destacou igualmente oportunidades de investimentos e exportação de produtos agrícolas. Vuma afirmou que Moçambique tem condições (terra e água) baratas e competitivas para produzir e fornecer produtos orgânicos num curto espaço de tempo e as oportunidades estão identificadas.
No âmbito deste fórum, a CTA e a Câmara de Comércio e Indústria do Qatar irão trabalhar em conjunto na promoção de interesse das empresas locais e na assinatura de acordos para a concretização de projectos conjuntos entre empresas moçambicanas e catarianas. De acordo com a Comtrade, as importações de produtos agrícolas do Qatar são estimadas em mais de 2,9 biliões de USD, 8,5% do total.
“Para Moçambique, estes dados mostram que existe, aqui no Qatar, um grande mercado para o fornecimento de vários produtos agrícolas. Actualmente, Moçambique já exporta bananas, nozes de macadâmia, feijão, citrinos, leguminosas, oleaginosas, tudo biológico. A capacidade de produção pode ser aumentada por meio de investimentos conjuntos”, referiu o Presidente da CTA.
Igualmente, destacou a disponibilidade de 700 hectares nos distritos de Boane e Namaacha, Província de Maputo, onde em 135 hectares de bananas plantadas produz-se mais de 5.500 toneladas por ano e em cerca de 80 hectares de citrinos produz-se cerca de 100 toneladas de toranja star ruby, 100 toneladas de toranja marsh e 200 toneladas de laranjas valência e delta.
A CTA partilhou também oportunidades de investimento nos sectores de turismo e imobiliário de luxo, estimadas em 100 milhões de dólares. “Gostaríamos de discutir com os empreendedores, durante o Business to Business, sobre como é que podemos materializar essas oportunidades de investimento que existem no nosso país”, salientou Agostinho Vuma.
A Missão é organizada pela CTA, em parceria com a Embaixada de Moçambique no Qatar, Agência de Promoção de Investimentos e Exportações de Moçambique, Câmara de Comércio e Indústria do Qatar, bem como o Qatar Financial Centre. (Carta)
O Primeiro-Ministro, Adriano Maleiane, admitiu que o Governo ainda deve 3,3 milhões de meticais aos professores, apesar das declarações anteriores da Ministra da Educação, Carmelita Namashulua, proferidas em Julho, dando conta de que o pagamento das horas extras de 2022 estava quase concluído e que já haviam iniciado os pagamentos de 2023.
Ao ser questionado pela imprensa durante a Quarta Conferência Nacional dos Advogados em Maputo, Maleiane explicou que o processo de pagamento das horas extras envolve inspecções prévias e, uma vez concluídas, os pagamentos são realizados.
Quanto ao atraso no pagamento dos salários dos professores recém-contratados, ele mencionou que pode ser um problema de burocracia, já que, de acordo com o governante, os salários têm sido pagos normalmente.
Refira-se que o Governo tem falhado no pagamento das horas extras aos professores desde 2022, uma situação que tem forçado a classe a recorrer a greves, chegando inclusive a paralisar as aulas em algumas escolas do país. (Carta)
O país registou uma queda de preços na ordem de 0,11%. A divisão de Alimentação e bebidas não-alcoólicas destacou-se, ao contribuir no total da variação mensal com cerca de 0,11 pontos percentuais (pp) negativos. A informação consta de um comunicado veiculado há dias pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Desagregando a variação mensal por produto, a Autoridade destacou a queda de preços da cebola (10,0%), do tomate (5,1%), do repolho (10,6%), do peixe seco (1,0%), da alface (7,4%), da couve (2,6%) e da farinha de milho (1,0%). Estes contribuíram no total da variação mensal com cerca de 0,19 pp negativos.
“Contudo, alguns produtos com destaque para o milho em grão (12,0%), o limão (48,6%), o quiabo (6,7%), as consultas em clínicas ou policlínicas, excepto de médicos dentistas (3,1%), os livros escolares (0,9%), o frango morto (1,0%) e a galinha viva (0,6%), contrariaram a tendência de queda de preços, ao contribuírem com cerca de 0,10 pp positivos no total da variação mensal”, observou o INE.
A instituição calculou que, de Janeiro a Agosto do ano em curso, o país registou um aumento do nível geral de preços na ordem de 1,04%. As divisões de Alimentação e bebidas não-alcoólicas e de restaurantes, hotéis, cafés e similares, foram as de maior destaque, ao contribuírem com cerca de 0,40 pp e 0,21 pp positivos, respectivamente.
“Analisando a variação acumulada por produto, importa destacar a subida dos preços do peixe seco, de refeições completas em restaurantes, do feijão manteiga, do arroz em grão, do consumo de água canalizada, do milho em grão e do açúcar castanho. Estes comparticiparam com cerca de 0,89 pp positivos no total da variação acumulada”, descreve o documento.
Os dados do mês em análise, quando comparados com os de igual período de 2023, indicam que o país registou uma subida do nível geral de preços na ordem de 2,75%. As divisões de Educação e de Alimentação e bebidas não-alcoólicas foram as que tiveram maior subida de preços ao variarem com cerca de 6,18% e 5,28%, respectivamente.
Relativamente à variação homóloga, todos os centros, nomeadamente, as Cidades de Maputo, Beira, Nampula, Quelimane, Tete, Chimoio, Xai-Xai e Província de Inhambane, registaram uma subida do nível geral de preços. O INE destacou que a Cidade de Quelimane registou a maior subida de preços com cerca de 5,34%, seguida da Cidade de Xai-Xai com 3,82%, da Cidade da Beira com 3,33%, da Província de Inhambane com 2,62%, e das Cidades de Maputo com 2,51%, de Chimoio com 2,02%, de Nampula com 1,90% e de Tete com 1,27%. (Carta)