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Actualizado de Segunda a Sexta

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Economia e Negócios

As condições laborais nas empresas privadas moçambicanas melhoraram pela primeira vez em mais de um ano, durante o mês de Abril, tendo os últimos dados do inquérito Purchasing Managers’ Index (PMI) mostrado sinais iniciais de uma recuperação do impacto da pandemia de Covid-19.

 

Elaborado mensalmente pelo Standard Bank Moçambique, o PMI determina que valores acima de 50,0 apontam para uma melhoria nas condições das empresas no mês anterior, ao passo que valores abaixo de 50,0 mostram uma deterioração.

 

No mês de Abril, o valor do PMI situou-se em 51,3, registando uma subida em relação a 49,1 observados em Março último. O relatório do estudo explica que a variação positiva da actividade das empresas deveu-se a novos aumentos, tanto na produção como nas novas encomendas, levando a uma forte subida na aquisição de meios de produção e na reposição de inventários.

 

“Isto coloca pressão adicional nos custos dos meios de produção, que subiram ao ritmo mais elevado desde Março de 2020. A confiança nas empresas relativamente à produção futura atingiu um pico de 16 meses, mas os números do emprego continuaram a cair”, acrescenta a fonte.

 

Em Abril, os preços dos meios de produção foram mais elevados devido, em grande parte, a um aumento acentuado nos custos de aquisição, que foi atribuído a uma maior procura de matérias-primas. Como consequência, o relatório do inquérito revela que as empresas transferiam os custos para clientes, através de uma subida nos preços de venda, apesar de a inflação ter diminuído ligeiramente desde o período do inquérito anterior.

 

Por último, em Abril, a nossa fonte constatou que a confiança das empresas relativamente aos próximos 12 meses da actividade do sector privado foi bastante positiva. “Mais de dois terços dos inquiridos esperam que a produção aumente, mostrando esperança numa maior afluência de novos negócios, em mais exportações e na abertura de novas sucursais. Como resultado, o nível de optimismo, foi o mais elevado desde o final de 2019”, conclui o relatório.

 

Olhando para esses resultados, o economista-chefe do Standard Bank Moçambique, Fáusio Mussá, diz, em comentário anexo ao relatório do PMI, ser provável que Moçambique saia da recessão durante o segundo trimestre de 2021, uma vez que o país está a passar por um abrandamento das restrições relacionadas com a Covid-19.

 

“Considerando o risco inerente às previsões e a incerteza relacionada com os actuais desafios de segurança; a incerteza de resposta em termos de políticas; a Covid-19; e os eventos climáticos, prevemos que o dólar americano e o metical encerrem o ano com um valor de aproximadamente 60,7 no cenário bull, 65,4 no cenário de base e 70,1 no cenário bear. A inflação do final do ano no cenário base aponta para 7,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, com uma previsão de recuperação do PIB a manter-se baixa num crescimento anual de apenas 1,6% em relação ao mesmo período do ano anterior”, perspectiva Mussá.

 

O PMI do Standard Bank Moçambique compila respostas dos questionários enviados aos directores de compras, de um painel de cerca de 400 empresas do sector privado. O painel é estratificado por sector específico e dimensão das empresas em termos de número de colaboradores, com base nas contribuições para o Produto Interno Bruto. Os sectores abrangidos pelo inquérito incluem a agricultura, a mineração, o sector manufactureiro, a construção, o comércio por grosso, o comércio a retalho e os serviços. (Carta)

segunda-feira, 10 maio 2021 08:00

Diminui confiança do sector industrial nacional

O indicador de confiança do sector de produção industrial, que inclui também as actividades das indústrias extractivas, de produção e distribuição de electricidade e água, recuou ligeiramente se comparado com o trimestre anterior, tendo o seu saldo continuado acima da média da sua série temporal, revela o Instituto Nacional de Estatística (INE), em relatório de inquérito trimestral.

 

No último trimestre, o saldo caiu para 86.1 pontos de 100.3 registados no último trimestre de 2020.

 

De acordo com a nossa fonte, a redução da confiança do sector foi influenciada, principalmente, pela avaliação desfavorável de todas as componentes do indicador síntese do sector, mas com maior saliência para a perspectiva substancial de queda da procura no período de referência.

 

“Em linha com o indicador síntese do sector, o volume de negócios diminuiu ligeiramente, o que se manifestou pelo aumento ligeiro dos stocks, num ambiente caracterizado pela perspectiva muito baixa de preços no mesmo período em análise”, relata o documento.

 

A fonte revela que cerca de 52% das empresas do sector industrial enfrentou algum constrangimento no trimestre em análise, o que correspondeu a uma redução de 8% de empresas com constrangimentos face ao trimestre anterior.

 

Como causas, o INE diz que uma série de factores continuou a afectar o sector industrial, destacando-se a falta de matéria-prima (25%), a concorrência (18%) e os outros factores não especificados (26%) como principais obstáculos que dificultaram o desempenho óptimo do sector. (Carta)

O indicador de Confiança do Clima Económico (ICE) registou uma queda ligeira no primeiro trimestre de 2021, se comparado com o quarto trimestre de 2020, revela o Instituto Nacional de Estatística (INE). O saldo do ICE, no primeiro trimestre de 2021, situou-se em 86.7 pontos, contra 86.9 pontos registados no trimestre anterior.

 

Em comunicado, a entidade explica que a confiança desfavorável dos empresários no período em análise foi extensiva às expectativas de emprego e da procura que registaram descidas ligeiras.

 

“Em termos sectoriais, a conjuntura desfavorável da economia no período em análise deveu-se à apreciação negativa do indicador nos sectores de alojamento, restauração e similares, de transportes e da produção industrial, suplantando assim os sectores da construção, do comércio, bem como de outros serviços não financeiros que registaram uma avaliação positiva no mesmo período em análise”, detalha o documento.

 

Segundo o INE, durante o período de referência, o capítulo de expectativa dos preços de bens e de serviços registou uma queda ténue, facto que interrompe os sinais de recuperação verificados no trimestre anterior. Em média, 49% das empresas inquiridas enfrentaram algum obstáculo no primeiro trimestre, o que representou uma diminuição em 6% de empresas com dificuldades face ao trimestre anterior.

 

Conforme justifica o comunicado, o aumento de empresas com constrangimentos, no mês em análise, foi influenciado, principalmente, pelo incremento de empresas com dificuldades em todos os sectores, com maior destaque para os sectores de alojamento, restauração e similares (58%), transportes (54%) e de produção industrial (52%), com a maior frequência relativamente aos outros sectores de inquérito. (Carta)

O Access Bank acaba de concluir o processo de aquisição do Grobank Limited, na África do Sul, que passa agora a chamar-se Access Bank South Africa Limited. A operação foi finalizada depois da conclusão de todos os procedimentos regulamentares e da aquisição pelo Access Bank das acções de controlo do antigo Grobank Limited. Na mesma altura em que decorre em Moçambique o processo de aquisição do BancABC, o Access Bank Plc avança também, no Botswana, com a aquisição do African Banking Corporation (BancABC Botswana). O BancABC Botswana é o quinto maior banco daquele país e é uma instituição bancária muito bem capitalizada e preparada para o crescimento e sucesso no seu mercado local.

 

Em Moçambique, o processo de aquisição do BancABC está também prestes a ficar concluído. O negócio representa um grande passo para o sector da banca no mercado moçambicano, consolidando a estratégia alargada do Access Bank que, em Moçambique, ficará posicionado entre os 7 maiores bancos. Até ao final de 2021, o Access Bank pretende ainda expandir-se para outros países africanos como Angola, Camarões e Guiné-Conacri.

 

Com estas operações criam-se novas oportunidades de crescimento a curto e a longo prazo, abrindo espaço para que o Access Bank se posicione de forma, cada vez mais, robusta ligando os principais mercados africanos com inúmeras vantagens para os seus clientes. O Banco tem como objectivo ser a mudança de que África necessita, alicerçado na visão de ser o banco africano mais respeitado do mundo.

 
Como parte de um Grupo que abrange 3 continentes, 16 países e mais de 49 milhões de clientes, o Access Bank incorpora uma experiência acumulada em todos os segmentos. A expansão reforça a sua posição como o banco com maior base de clientes. (Carta)

A VISA Inc., uma empresa multinacional americana de serviços financeiros, não reconhece a actual taxa de câmbio determinada pelo Banco de Moçambique, enquanto regulador do sistema financeiro nacional. Um economista avança que isso se pode dever ao facto de aquela empresa desconfiar da taxa de câmbio do Banco Central, por ser especulativa após ser manipulada.

 

Como consequência, a VISA continua a debitar 75 Meticais por cada Dólar norte-americano (USD) em transacções, mesmo com a actual valorização do Metical. Esse facto está a sufocar os moçambicanos que fazem compras online.

 

O valor do Dólar caiu nos últimos dias por efeitos das políticas monetárias e não só que têm vindo a ser adoptadas pelo Banco de Moçambique. Nesse contexto, 1 USD custa, desde finais de Abril último, 57 Meticais, depois de ter atingido 75 Meticais no pico da pandemia da Covid-19.

 

A valorização acentuada do Metical (que iniciou em finais de Março passado) face ao Dólar e outras moedas de referência cambial causou interrogações, desde o primeiro dia, porque com a pandemia, insegurança e efeitos climáticos, a actividade económica do país cresce negativamente e isso não favorece a apreciação da moeda nacional.

 

Mesmo com as crises, o Metical está a fortificar-se, o que é, em certa medida, benéfico para a economia nacional. Todavia, essa apreciação não está a ser reconhecida pela empresa americana VISA, cujas soluções financeiras são usadas em Moçambique e noutros quadrantes do mundo.

 

A VISA, sublinhe-se, não é obrigada a usar a taxa de câmbio determinada pelo Banco de Moçambique, senão os bancos ou instituições financeiras nacionais. Mas o preocupante é que a diferença das taxas do Banco Central e da VISA é abismal e está a causar enormes prejuízos aos cidadãos moçambicanos.

 

É que aquela empresa de serviços financeiros, com sede na Califórnia, nos Estados Unidos da América, continua a debitar 75 Meticais por cada USD. “Carta” apurou essa realidade em várias denúncias de cidadãos moçambicanos que sofreram prejuízos após fazerem compras online, usando serviços da VISA.

 

“Hoje fiz compra online usando o meu cartão de débito do Standard Bank e uma coisa estranha aconteceu. O produto comprado custou 200 USD. Quando fui ver o extracto percebi que o banco debitou 15.891,00 Meticais. Liguei para o custumer care [Linha do Cliente] e fui informado que a empresa VISA, dona do cartão, aplica taxa de câmbio diferente daquela usada no nosso mercado. Por aí tudo bem. Mas não vejo muita racionalidade aqui em Moçambique. O Dólar custa 57 e quando fazemos compra fora, daqui e usando o banco daqui, somos debitados 75 Meticais. Estamos a ser roubados”, relatou a fonte, que a tratámos em anonimato.

 

Outro cidadão (em anonimato) sofreu o mesmo prejuízo, mas recorrendo a outro banco nacional. Disse ter feito pagamento online com cartão de crédito, através do Millennium Bim. Agastada, a fonte disse ter procurado explicações ao banco, tendo igualmente sido informada que as taxas são da VISA.

 

“O BIM ligou-me e informou que as taxas e o câmbio são da VISA, não do banco propriamente dito”, relatou a fonte.

 

Perante essa realidade, contactamos o académico e economista João Mosca. Explicou que a VISA continua a debitar 75 Meticais por cada USD por desconfiar da actual taxa de câmbio determinada pelo Banco de Moçambique, alegadamente, por ser especulativa.

 

“A VISA pode ter notado que a taxa de câmbio definida pelo Banco Central não reflecte a actual situação económica do país. Apercebeu-se de que possa haver manipulação do mercado, com a injecção de divisas, facto que está a permitir a apreciação do Metical”, disse Mosca.

 

Refira-se que a VISA não é única instituição financeira mundial que põe em causa a actual apreciação do Metical. Citada recentemente pela Lusa, a Fitch Solutions, uma instituição internacional de notação financeira, admitiu que a moeda nacional está sobrevalorizada, ou seja, o seu valor “não reflecte condições macroeconómicas propícias”. Todavia, os consultores da Fitch antevêem que o Metical se desvalorize e atinja os 74 Meticais até ao final desde ano. (Evaristo Chilingue)

As empresas privadas, representadas pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), actualizaram os seus prejuízos decorrentes da suspensão do Projecto Mozambique LNG, liderado pela Total, devido ao terrorismo em Cabo Delgado.

 

Quase um mês após o ataque terrorista de 24 de Março último à vila de Palma, a CTA relatou prejuízos preliminares de 410 empresas, 56 mil postos de trabalho afectados e um impacto financeiro preliminar de cerca de 95 milhões de USD, que inclui destruições, atrasos de pagamentos e mercadorias em trânsito sem certeza da entrega.

 

Esta quinta-feira (06), durante o Economic Briefing, o Presidente da CTA, Agostinho Vuma, actualizou que os prejuízos aumentaram e ascendem a 148.11 milhões de USD, decorrentes do não pagamento de mercadorias encomendadas para alimentar o Projecto.

 

Vuma relatou que a estimativa do valor das mercadorias já adquiridas para o fornecimento ao projecto da Área 1 ascende a cerca de 28,50 milhões de USD, sendo que 12,79 milhões (correspondentes a 45%) estavam em stock e 15.72 milhões de USD em trânsito.

 

“Parte considerável destas mercadorias, sendo perecível, possui um prazo de vencimento da sua validade (exemplo, refrigerantes, legumes, carnes, etc.), o que vem exacerbar as perdas decorrentes desta situação. Em suma, de acordo com a avaliação feita, o volume total de perdas registadas pelo sector empresarial estima-se em cerca de 148.11 milhões de USD”, relatou o Presidente da CTA.

 

Além de números, Vuma disse que os ataques terroristas do dia 24 de Março ao distrito de Palma, agudizaram o clima de insegurança, desconfiança e incertezas no ambiente económico, tanto para os investidores estrangeiros, como nacionais e, relativamente ao ambiente de negócios, subsistem algumas incertezas devido ao agravamento da situação da segurança em Cabo Delgado.

 

Para mitigar esses efeitos, a CTA propõe, a curto prazo, a introdução de um plano de aquisição de mercadorias das empresas afectadas; adiamento do pagamento de encargos aduaneiros e Imposto sobre Valor Acrescentado para mercadorias em trânsito; medidas fiscais excepcionais para a província de Cabo Delgado; e redução das facturas de electricidade em 50% em toda a província de Cabo Delgado.

 

A médio e longo prazos, a CTA sugere o reforço da segurança em toda a província de Cabo Delgado; estabelecimento de linhas de financiamento para apoiar a recuperação empresarial e adesão do país a convecções internacionais de seguro contra riscos políticos (Evaristo Chilingue)