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sexta-feira, 17 abril 2020 06:22

Banco de Moçambique reduz taxas de juros em 1.5%

Reunido na última quinta-feira (16), o Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu reduzir a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, em 150 pontos base (pb), para 11,25%.

 

O CPMO decidiu, igualmente, reduzir as taxas da Facilidade Permanente de Depósitos (FPD) e da Facilidade Permanente de Cedência (FPC) em 150 pb, para 8,25% e 14,25%, respectivamente, e manter os coeficientes de Reservas Obrigatórias (RO) para os passivos em moeda nacional e em moeda estrangeira em 11,50% e 34,50%, respectivamente.

 

Em comunicado recebido na nossa redacção, o Banco Central afirma que a redução das taxas é sustentada pela expressiva revisão em baixa das perspectivas de inflação para o médio prazo, num contexto de maior declínio da procura agregada em resultado do impacto da Covid-19 na economia doméstica e internacional.

 

Na nota, o Banco de Moçambique esclarece que a revisão em baixa da inflação decorre do declínio acentuado da procura interna, num cenário de prolongamento das medidas de restrição impostas pelo Estado de Emergência, bem assim das perspectivas de redução do preço do petróleo no mercado internacional. “Em Março, a inflação anual de Moçambique desacelerou para 3,09%, após 3,55% no mês anterior”, refere a fonte.

 

O Banco Central reafirma, no documento, que as perspectivas de crescimento económico para 2020 deterioram-se e os esforços de recuperação pós-ciclones retraem-se. De acordo com a fonte, prevê-se que as consequências económicas da materialização da Covid-19 sejam severas, num cenário em que a economia moçambicana já se encontra debilitada em virtude dos efeitos dos ciclones Idai e Kenneth e da instabilidade militar nas zonas norte e centro do país.

 

“A combinação dos factores acima referidos implicará contracções nas indústrias extractivas e transformadora, bem como nos sectores de transportes, comércio e serviços, hotelaria e restauração, ao todo representando cerca de 58% do Produto Interno Bruto (PIB). As perspectivas de um bom desempenho na agricultura, sector com um peso médio de 25% no PIB, poderão não ser suficientes para amortecer os efeitos negativos nos restantes sectores da economia”, lê-se no comunicado.

 

Na segunda reunião bimensal deste ano, o CPMO do Banco de Moçambique constatou ainda que a política monetária tem espaço para continuar a apoiar as políticas do país na mitigação dos efeitos da Covid-19. O órgão assegura que as perspectivas de inflação continuam a melhorar e as reservas internacionais do país, no montante de cerca de 3.900 milhões de USD, situam-se em níveis confortáveis para cobrir mais de seis meses de importações.

 

O CPMO do Banco Central considera que, mesmo com o recente alívio do serviço da dívida de cerca de 15 milhões de USD pelo Fundo Monetário Internacional, a ser redireccionado para o combate à Covid-19, as elevadas necessidades da economia poderão implicar maior pressão sobre a despesa pública, num contexto de contracção acentuada da receita pública. “Desde a sessão do CPMO de Fevereiro, a dívida pública interna, excluindo contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, aumentou de 155.256 milhões para 160.756 milhões de meticais, reflectindo, essencialmente, a emissão de obrigações do Tesouro”, acrescenta a nota.

 

Assinado pelo Governador do Banco Central, Rogério Zandamela, o documento relata que, para o horizonte de curto a médio prazo, aumenta a preocupação do CPMO em relação ao impacto da Covid-19 sobre a actividade económica. “Assim, o CPMO continuará a monitorar os indicadores económico-financeiros, os factores de risco e o seu impacto sobre as perspectivas de inflação e a actividade económica, e poderá tomar as medidas correctivas necessárias antes da sua próxima reunião ordinária, agendada para o dia 17 de Junho de 2020”, concluiu o comunicado. (Carta)

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