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segunda-feira, 06 fevereiro 2023 08:00

Factura de combustíveis atinge 2 biliões de USD em 2022, mais do que o dobro de 2021

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O país gastou, no ano passado, mais do que o dobro para importar quase a mesma quantidade de diversos combustíveis líquidos adquiridos em 2021. Como consequência, até 2023 corrente, o cidadão continua a pagar caro para comprar combustível e outros produtos de primeira necessidade, num ano em que se perspectiva o contínuo aumento do preço do petróleo no mercado internacional.

 

Dados facultados à “Carta” pela Importadora Moçambicana de Petróleos (IMOPETRO) reportam que o país necessitou de 2 biliões de USD em 2022, para importar 1.8 milhão de Toneladas Métricas (TM) de combustíveis, contra 936.6 milhões de USD aplicados em 2021, para importar 1.5 milhão de TM de produtos petrolíferos diversos para o consumo nacional.

 

Da análise dos dados, constata-se que, no ano passado, em comparação com 2021, a procura por produtos líquidos em Moçambique cresceu 300 mil TM. Entretanto, para importar toda a quantidade consumida em 2022 (1.8 milhão de TM), foi necessário gastar duas vezes o que se despendeu em 2021 (936.6 milhões de USD), mais 168 milhões de USD.

 

Em palavras simples, num ano Moçambique gastou dinheiro que serviria para importar diversos combustíveis líquidos por dois anos. Segundo o Director-geral da IMOPETRO, João Macanja, a subida elevada da factura de combustíveis deve-se à subida do preço do petróleo no mercado internacional, a partir de finais de 2021, devido à retoma (pós-Covid-19) das economias e o impacto do conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Em 2023, a fonte perspectiva a contínua subida do preço de petróleo, devido a vários factores, numa altura em que o referido conflito continua sem fim à vista. 

 

“A partir de Novembro de 2021, até Outubro de 2022, o preço do petróleo esteve em alta, influenciado pela retoma das economias e a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Para 2023, as previsões indicam que o preço vai subir. Mas nunca se sabe ao certo o que acontece com o petróleo, há muitos factores que jogam o seu papel”, afirmou Macanja. 

 

Cidadão continua a pagar caro pelos combustíveis e não só

 

Três meses depois de um ano em que se assistiu ao contínuo aumento do preço do petróleo no mercado internacional, o preço do combustível continua elevado nos postos de abastecimento, mesmo com a queda do preço do petróleo. Em Fevereiro corrente, o preço do litro de gasolina (por exemplo, que custa 87,7 Meticais) está 20 Meticais mais caro que em meados de 2021, em que custava abaixo de 67 Meticais.

 

O elevado custo de combustíveis no mercado nacional gera, por sua vez, a subida generalizada de preços de bens e serviços de primeira necessidade e, por conseguinte, o aumento do custo de vida. É o caso do sabão e, principalmente, o óleo alimentar que, mesmo com a isenção do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), na sua comercialização continuavam caros.

 

Dados publicados em Julho de 2022, pelo Centro de Integridade Pública (que referencia o Instituto Nacional de Estatística – INE), indicam que, mesmo com a isenção, aqueles produtos eram caros para o consumidor. “Podemos verificar que estes produtos tiveram um aumento de 33,6%, tendo o sabão passado de 36,9MT/kg para 49,29MT/Kg, no período de Janeiro de 2018 a Julho de 2022. O óleo alimentar passou de 132,46MT/L em 2018, para 222,64MT/L em Junho de 2022, um aumento de cerca de 68%”, lê-se no relatório do estudo do CIP.

 

Moçambique poderia, porém, comprar combustível barato da Rússia

 

Moçambique poderia aliviar o elevado custo de vida se optasse por comprar combustível barato da Rússia, que no contexto das sanções impostas pela União Europeia e Estados Unidos, o país andava quase sem cliente para os seus produtos petrolíferos.

 

O Embaixador da Rússia em Moçambique, Alexander Surikov, disse em finais de Julho de 2022, no auge do elevado custo de vida no país, que o seu país estava aberto a fazer comércio com o nosso, em que de entre vários produtos poderia comprar combustíveis a preços baixos, comparativamente aos do mercado internacional. Em menos de um mês, o Ministro dos Recursos Minerais e Energia, Carlos Zacarias, disse que o Governo estava a analisar a oferta. Entretanto, de Agosto a esta parte, o país continua a buscar combustíveis em mercados asiáticos a preços elevados, não obstante a oferta da Rússia sob pena de sanções dos Estados Unidos da América. (Evaristo Chilingue)

 

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