A TotalEnergies vem dando sinais de retoma das suas operações em Cabo Delgado, nomeadamente em Afungi-Palma, mas ontem, em Maputo, Patrick Pouyanné, Presidente e Director-geral (PDG) da multinacional voltou a frisar que o retorno definitivo só depois de uma avaliação independente da situação humanitária na região.

Ontem, de acordo com uma nota de imprensa da TotalEnergies, Patrick Pouyanné deslocou-se a Cabo Delgado para fazer um balanço sobre a situação de segurança e humanitária. Ele "também deslocou-se ao local industrial de Afungi, à vila de reassentamento de Quitunda, visitou as vilas de Palma e Mocímboa da Praia e reuniu-se com o Presidente Filipe Nyusi para falar sobre a evolução da situação de segurança e humanitária na província de Cabo Delgado, onde se situa o projecto Mozambique LNG”.

A TotalEnergies pretende que, quando regressar, a situação humanitária esteja normalizada em Cabo Delgado. Para isso, durante esta visita, Patrick Pouyanné anunciou ter confiado a Jean-Christophe Rufin, personalidade reconhecida pela sua expertise nas áreas de acção humanitária e de direitos humanos, uma missão independente de avaliação da situação humanitária na província de Cabo Delgado. Esta missão avaliará igualmente as acções implementadas pelo projecto Mozambique LNG e proporá, se necessário, acções complementares a serem implementadas.

Segundo a nota de imprensa, o relatório desta missão será entregue em finais de Fevereiro e as suas conclusões serão partilhadas com todos os parceiros do projecto Mozambique LNG, a quem caberá decidir se as condições estão reunidas para uma retoma das actividades do projecto.

Seja como for, a TotalEnergies vê melhorias significativas no terreno.

“A partir de 2021, a situação na província de Cabo Delgado melhorou significativamente, graças em particular à ajuda prestada por outros países africanos que se empenharam para trazer a paz e segurança”, declarou Patrick Pouyanné, PDG de TotalEnergies.

Contudo, “o levantamento da força maior e a retoma das actividades no local do projecto Mozambique LNG requerem nomeadamente, o restabelecimento da segurança na região, a retoma do funcionamento dos serviços públicos e o retorno a uma vida normal para as populações da região". A missão confiada a Jean-Christophe Rufin deverá permitir aos parceiros do projecto Mozambique LNG avaliar se a situação actual permite uma retoma das actividades, respeitando os direitos humanos."

Jean-Christophe Rufin, médico, empenhado no movimento humanitário desde 1977, realizou inúmeras missões de campo (Nicarágua, Eritreia, Sudão, Filipinas). Foi vice-presidente dos Médicos Sem Fronteiras (1991-1992) e presidente da Acção Contra a Fome (2003-2006). Conselheiro do secretário de Estado para os Direitos Humanos (1986-1988), adido cultural e de cooperação no Brasil (1988-1989), conselheiro do ministro da Defesa, encarregado das operações de manutenção da paz (1993-1994), foi também Embaixador da França no Senegal e na Gâmbia (2007-2010).(Carta)