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sexta-feira, 15 julho 2022 07:09

Bancos moçambicanos com elevados níveis de crédito malparado na África Austral

banco mocambique min

Em 2021, o sector bancário nacional, que domina a prestação de serviços financeiros, permaneceu sólido, estável, lucrativo e líquido, mas os níveis de crédito malparado (NPL, sigla em Inglês) continuaram elevados. Nesse aspecto, os bancos moçambicanos destacam-se em relação a parte considerável de países da região da África Austral, revela o Banco de Moçambique.

 

Em relatório de Estabilidade Financeira referente ao ano de 2021, o regulador do sistema financeiro nacional começa por relatar que os níveis de capital e liquidez dos bancos que operam no país estão acima dos requisitos regulamentares. Por conseguinte, no período em análise, os riscos de rendibilidade, solvência e de liquidez permaneceram baixos.

 

“No entanto, o risco de crédito continua a ser uma preocupação devido ao alto índice de inadimplência do crédito [crédito malparado ou em incumprimento], que tem estado a contribuir para a deterioração da qualidade dos activos”, lê-se no documento.

 

Em contrapartida, o Banco de Moçambique afirma que, no período em análise, a qualidade dos activos totais da banca (avaliados em 814.4 biliões de Meticais), medida pelo NPL, permaneceu relativamente inalterada e acima do nível convencional que é de 5%. Precisamente, a instituição apontou que, em 2021, o NPL foi de 10,60%, contra 9,83% do período homólogo de 2020. 

 

“Comparativamente a alguns países da região Austral, o nível de incumprimento em Moçambique é mais elevado”, refere o relatório do Banco de Moçambique. Para fundamentar a afirmação, o Banco Central ilustra que Eswatini, Namíbia, Zâmbia, Malawi, Botswana, Maurícias e África do Sul têm níveis de NPL abaixo de Moçambique, sendo de 7.7%, 6.8%, 5.8%, 5.4%, 4.2%, 5.3% e 5.2%, respectivamente. 

 

“O NPL poderia ter um valor mais expressivo se o BM, a fim de salvaguardar a estabilidade financeira e atenuar o impacto da Covid-19 no sector bancário, não tivesse concedido uma autorização excepcional de não constituição de provisões adicionais pelas ICSF [Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras], nos casos de renegociação dos termos e condições dos empréstimos, antes do seu vencimento, para os clientes afectados por esta pandemia”, sublinha o Relatório.

 

Neste contexto, o Banco de Moçambique apela aos bancos comerciais a assegurar prudência e diversificação na concessão de crédito, pois activos de má qualidade e concentração de aplicações podem acarretar problemas de insolvência, comprometendo expectativas de crescimento, competição e continuidade da instituição de crédito. (Evaristo Chilingue)

 

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