Responsável, íntegro, idóneo e simpático é como os familiares e amigos do jornalista Amade Abubacar o caracterizam. No bairro de Changane, em Macomia, as pessoas lamentam a sua detenção e a cada dia que passa a indignação aumenta, principalmente por não acreditarem no crime que lhe é imputado agora, depois de ter sido detido ilegalmente num quartel militar a 5 de Janeiro último. Estão decorridos, portanto, 12 dias desde que ele se viu privado da liberdade.
Em entrevista à “Carta”, Ali Abubacar, irmão mais novo, suspeita que a detenção de Amade tem outras motivações, dentre elas silenciá-lo, por ser um jornalista comprometido com a verdade e nada mais. “A família está desesperada e inconsolável. Os filhos vivem momentos difíceis porque não sabem onde se encontra o pai”. Refira-se que a Procuradoria Provincial de Cabo Delgado já se dignou, finalmente, a reagir ao caso, tendo já remetido o processo (ontem) ao Tribunal Distrital de Macomia. O profissional de comunicação social é acusado de instigar publicamente ao crime, usando meios informáticos. Segundo alguns juristas, esta posição do Ministério Público visa somente branquear as reais causas da detenção de Amade Abubacar, que já foi transferido para o Comando Policial de Mueda. Sabe-se, no entanto, que nos próximos dias voltará a Macomia para responder perante um juiz.
Tido como excelente profissional e chefe de família exemplar (ele é pai de quatro filhos), Amade nasceu a 10 de Julho de 1987, no Posto Administrativo de Nambo, no distrito de Macomia, em Cabo Delgado. Ali iniciou os seus estudos primários.
Na Escola Secundária e Pré-Universitária Mari-Mari General Pedro, fez o ensino secundário. Ao que nos constou, é candidato a concurso com vista ao seu ingresso no ensino superior, em que pretende seguir Relações Públicas e Marketing. Segundo filho de Abubacar Artur e Amina Anli, tem sete irmãos e é actualmente quem vela por toda a família. (Omardine Omar)