Assim que o governador de Nampula fugiu do palácio, por causa de ratos, e refugiou-se no Hotel Plaza como fica a sua segurança? Será que vão interditar a passagem no passeio do lado do hotel? É que normalmente não é permitido andar no passeio do palácio por questões de segurança. Ou seja, em Nampula o governador tem o seu passeio privado.
Espero sinceramente que esta estadia no hotel faça perceber que ninguém quer matar o governador. E se houver, não fará a partir do passeio. O governador vai perceber que pode dormir, sonhar, e fazer-tudo, sem interferência de ninguém.
Outra curiosidade interessante é o serviço protocolar. Aqueles carros com sirenes vão continuar? É que o Hotel Plaza, a actual residência do governador, fica na varanda do gabinete dele. Ou seja, ali nem dá para entrar no carro.
Última curiosidade: o governo da província de Nampula não tem uma casa protocolar que pudesse acolher o governador nesta situação pontual de fuga? Aquelas casas ditas "presidência" não podem acolher o governador por uns dias? Ou seja, não havia outra opção?
Se está moda de exilar-se nos hotéis pegar, sei não! Estão a imaginar o governador, o secretário de estado, o secretário permanente, o edil, o director, o vereador, etecetera, alojados em hotéis por causa de ratos ou mosquitos ou mesmo calor?
- Co'licença!
Em relação ao velho e sempre pertinente debate sobre o reconhecimento da heroicidade de Afonso Dhlakama pelo Estado moçambicano, eu tenho a dizer o seguinte:
O que Dhlakama precisa não é ser herói nem estar na cripta. O que Dhlakama precisa não é ter nome numa avenida ou numa praça. O que Dhlakama precisa não é ser aclamado na Assembleia da República, a mesma assembleia que aclamou as dívidas escondidas - coisa que ele odiou até a sua morte.
O que Dhlakama precisa é de ser seguido por aqueles que o admiram e admiram a sua obra. O que Dhlakama precisa é que a sua obra seja valorizada, reconhecida, difundida e imortalizada por aqueles que o consideram herói.
A heroicidade genuína não depende de consagrações públicas nem de medalhas. A heroicidade genuína não depende de aclamações nem de lápides na cripta. A heroicidade genuína não depende de reconhecimentos do papel.
Quem, de facto, acredita (no seu íntimo) que Afonso Dhlakama é seu herói, então que siga os seus ideais. Que valorize e imortalize a sua obra. Que ressuscite o Dhlakama que mora dentro de si e seja ele o próprio Dhlakama. Dhlakama não é herói de todos. Aliás, não existem heróis de todos. Dhlakama é herói de quem o admira. Heroicidade não se força... não é necessário.
Os verdadeiros heróis não precisam nem de criptas, nem de continências, nem de hinos, nem de passos de camaleão, nem de trombetas, nem de mensagens, nem de hossanas. Os verdadeiros heróis precisam - isso sim - de se alojarem no peito dos seus discípulos para viverem eternamente.
- Co'licença!
Cerca de duzentos membros do Cê-Cê do maior partido da república do... do... do coiso... deixa pra lá, estiveram reunidos durante três dias, com o objectivo de discutir os tomates do puto Samito. Na verdade, os tomates do puto não estavam na agenda da reunião, mas acabaram tomando a maior parte dos discursos de abertura. Por serem maduros e grandes e por estarem no devido lugar, os tomates do Samito - que também é membro deste órgão do partido - têm sido alvo de muita conversa e crítica por parte de alguns membros.
"Desde 1986 que não víamos tomates assim. É por isso que a maior parte de nós não sabe cozinhar com esse tipo de tomates. Esses tomates são muito bons para caril e salada, só que não estamos habituadas a usar. Já não há no mercado nacional. São raros esses tomates" - lê-se no discurso da ala feminina.
Por sua vez, os combatentes atacaram o proprietário dos tomates. "É uma afronta um miúdo desses ter tomates assim. Até mesmo nós os mais velhos nunca tivemos tomates desse tipo. Esses tomates são muito perigosos. Durante a guerra de libertação eliminamos todos. Fazem parte das hortícolas reaccionárias. Não vamos tolerar" - disseram.
Os jovens do partido (os que legitimamente deviam produzir e promover tomates como os de Samito para o consumo interno, mas não o fazem) queixaram-se da falta de exemplos e incentivos dos mais velhos. Por não estarem acostumados a ver jovens como eles com bons tomates, acusaram o puto Samito de indisciplina. "Nenhum jovem deve ter tomates mais grandes, maduros e bem colocados do que os outros. A qualidade dos tomates deve ser igual" - frisaram acrescentado que era suposto que esses tomates estivessem guardados em Gôndola.
Enquanto isso, o chefe-máximo fala de colisão, digo coesão. Segundo ele, os "tomaticultores" devem estar unidos para uma única causa: vencer a próxima safra agrícola.
Analistas políticos entrevistados pela nossa reportagem suspeitam que Samito tenha herdado os tomates do pai.
MM, nosso correspondente no terreno.
- Co'licença!
Enquanto estamos todos empenhados em mostrar ao mundo que somos um povo de gatunos, o nosso irmão Edson André Sitoe, ou simplesmente Mexer, vem estragar tudo. Neste fim-de-semana Mexer contrariou todo o nosso esforço. Mexer marcou um golo importante (de empate) que praticamente garantiu à sua equipa a conquista da taça da França, um certame bastante mediatizado. E isso foi suficiente para todo o mundo falar bem de nós, contrariando todo o nosso trabalho que é de promovermos a quantidade e a qualidade dos nossos gatunos além-fronteiras.
É que parecia estar muito bem claro para todos nós que a ideia era fazermos de tudo para mostrarmos ao mundo inteiro que somos uma nação de gatunos, simplesmente. Que aqui todo gajo, desde atleta, presidente, músico, ministro, embaixadora, professor, Pê-Cê-A, etecetera, deve pura e simplesmente surrupiar bens públicos que estiverem onde a sua mão conseguir alcançar de modo a mantermos a nossa imagem. Pensei que este objectivo comum tivesse sido entendido, mas, pelos vistos, não.
Mexer, meu irmão, veja o que você fez! Agora as pessoas já sabem que moçambicano sabe jogar futebol. Já sabem que moçambicano pode ser decisivo numa partida daquele nível. Já sabem que moçambicano pode fazer coisas boas. Veja só, irmão! Veja só o retrocesso! Ora, o que vamos fazer com os gatunos que andamos a formar nesse tempo todo? O que vamos fazer com a marca que lançamos? Vai com calma, irmão! Se for marcar, que não seja um golo decisivo. Não estrague a bolada.
Talvez haja uma saída. Quem sabe, se prendermos aquele "Indivíduo" dentro desta semana as coisas mudem a nosso favor! Talvez assim as pessoas voltem a confiar na qualidade dos nossos gatunos outra vez. Não podemos deixar que esse miúdo estrague o trabalho de toda uma nação: criar gatunos para exportação. Se quisermos que a nossa pilantragem seja reconhecida mundialmente (como temos mostrado até agora) devemos todos fazer as coisas nesse sentido. Todos, sem excepção.
- Co'licença!
As notícias dizem que o antigo Ministro dos Transportes e Comunicações, Zucula, o Paulo, pode estar a caminho do tribunal brevemente, desta vez no caso Embraer, cujo recurso foi rejeitado pelo Tribunal Superior de Recurso, e também, mais-uma-vez, outra-vez, de-novo, pode ainda voltar ao tribunal como arguido no caso Odebrecht, que está sob investigação. Ou seja, só neste ano, Zucula pode desfilar três vezes no tribunal, sem contar que no ano passado este mesmo indivíduo passeou a classe com bradas dele nesses mesmos corredores.
Mas, ouve cá, esse dele é gatuno mais que quem?! Isso é injusto! Eu acho que os gatunos deste país deviam se manifestar com marcha de rua, dísticos, camisetes e tudo. Parece que há gatunos com mais privilégios. De facto, há gatunos que são chamados ao tribunal umas três vezes por semestre ou por ano. E isso não é bom. Isso ofusca outros gatunos que, de resto, não são poucos. Há ladrões que também querem aparecer. Haja oportunidade para todos.
Para melhor organização e gestão de oportunidades, a classe devia ter um código de conduta e estatutos. Devia decidir, por exemplo, que nenhum gatuno deve aparecer perante o juiz mais de duas vezes num ano e, também, nenhum gatuno deve ter mais do que uma especialidade de roubo. Por exemplo, você não pode ser "desviador de capitais" e "lavador de dinheiro" ao mesmo tempo. Ou você desvia ou você lava. Os desviadores devem dar oportunidade aos que têm lavandarias e assim vice-versa. É uma questão de igualdade.
Nenhum gatuno é mais gatuno que os outros. Temos muitos gatunos aqui e todos devem ter a oportunidade de ver o juiz pelo menos uma vez por ano. U-kê-kê-isso!? Três presenças num ano é demais.Há gatunos que têm o mau feitio de quererem ser gatunos sozinhos. Assim não dá.
A opinião pública não pode passar a vida a falar de um só gatuno, com diferentes tipos de roubo, em vários processos. Não! A Ordem dos Gatunos deve-se pronunciar publicamente para repudiar esta falta de ética. É contra a lei da concorrência e pode minar a boa convivência e o bom ambiente de negócios.
A fila é longa. É muita concorrência. Não é nada fácil ser reconhecido como gatuno nos dias que correm por causa desses que fazem de tudo para serem julgados e condenados sozinhos. Isso pode ser um factor desmotivador para os outros e podem desistir desse "biziness". Um gatuno sem auto-estima é um gatuno frustrado e um gatuno frustrado é um perigo para o país... ele pode parar de roubar de vez - o que não é bom para a nossa posição no "ranking".
- Co'licença!
É preciso que se diga: Paulo Vahanle superou Manuel Tocova no que diz respeito à des-governação do Conselho Autárquico de Nampula. Infelizmente, Vahanle conseguiu esta proeza. Pelo menos no tempo de Tocova éramos notícia. Pelo menos o mundo sabia que Nampula tinha um edil que não batia lá muito bem.
Montanhas de lixo, moscas e cheiro nauseabundo, buracos em tudo quanto é estrada e vendedores de rua nos passeios é o apanágio. Aliás, os vendedores agora já não vendem apenas nos passeios, vendem também nas estradas. A Avenida do Trabalho, por exemplo, entre os Cê-Efe-Eme e a padaria Nampula, é um mercado grossista de vegetais. No ano passado, levantei esta inquietação num debate radiofónico da Ere-Eme e o representante do município disse que a edilidade não podia tirar os vendedores daqueles locais em respeito aos direitos humanos. Dizia ele que tirar as pessoas dali seria negar-lhes o direito à vida. Aí é!?!
Olha, é preciso que se diga sem politiquices nem subterfúgios: o cota Vahanle não está a ver "guemi". Aliás, se me disserem que tio Vahanle ainda não tomou posse, eu vou acreditar. Isto não pode ser gestão de quem já tomou posse. Se tomou, então, tomou pouco... não tomou bem. As obras de Amurane ruíram. Nampula perdeu o brilho que tinha. Já não se fala de Nampula como se falava. Nampula hoje se parece com uma cidade vítima de ciclone.
Paulo Vahanle tem o azar (que também pode ser sorte) de ter entrado no poder depois de terem passado por aqui o Mahamudo Amurane e o Manuel Tocova. O famoso e o famigerado. Ambos elevaram Nampula a um nível antes visto: um, pela boa gestão pública e outro, pela má gestão. Mas, pelo menos, Tocova conseguiu levar Nampula a grandes manchetes nacionais e internacionais.
Em pouco tempo de governação, Tocova foi mais notícia de capa do que Guebuza em dois mandatos. Isso é obra! E neste aspecto em particular, Tocova é melhor que Vahanle. Tocova ficou presidente, demitiu, nomeou, assinou cheques, mostrou arma, foi preso, foi julgado, foi condenado, bazou à parte incerta, deu entrevistas tipo Dhlakama, regressou à parte certa, "faleceu" politicamente e virou lenda. No tempo de Tocova nós tínhamos certeza que o "nosso presidente" estava aqui... a fazer m*rdas, mas sabíamos que estava aqui. Agora, Vahanle não aparece... nem para pedir socorro.
Tio Vahanle, arregace as mangas! Não precisa fazer grandes acrobacias, mas mostre que está aqui com o povo. Não precisa fazer tudo ao mesmo tempo, mas mostre que tem ideias e tem vontade de fazer. Diga "axinene-ari-vava!" e mostre que valeu a pena a confiança. Apareça! Não se acanhe! Comunique! Busque a fórmula de Amurane!
Estamos atentos como sempre. Assim como estão as coisas não dá.
- Co'licença!
Aqui na Zambézia queremos gajos com essa quantidade de arrogância desse tal de Awade. Aqui trata-se arrogância e estupidez. Entra arrogante sai humilde, entra estúpido sai inteligente. Precisam-se Awades aqui para um tratamento eficaz. Ficar aqui um mandato inteiro é obra, pode ser nomeado ministro no mandato seguinte.
Esse Awade precisa de umas penicilinas de humildade do Mano Mané. Mano Mané trata de problemas de arrogância governativa aguda e vai pôr esse aí na linha em dois tempos. Com umas ampolas de anti-arrogância esse Awade fica bom num instante. Mano Mané não prescreve medicamentos para você ir comprar na farmácia, não... ele já anda munido com os fármacos na "topela" para você engolir aí mesmo ao vivo, em praça pública, sem água, em dose única.
Por aqui já passaram governadores e comandantes da Polícia com arrogância para dar e vender com bacela, mas voltaram bem mansinhos com o rabo entre as pernas. Havia um "gover" que só passava o tempo a transpirar a careca. O homem apanhava febres todos os dias das sete-e-meia às quinze-e-meia. Afinal, eram sintomas de perda forçada de arrogância. Hoje é um ministro "exemplar". Perguntem a dona Verónica.
Mas é o quê mesmo?! É Awade para cá, é Awade para lá. Esse Awade é bruto mais que quem? Esse é moleza, mandem-no cá pra zona. Temos vacina antirrábica para ele... essa raiva passa. Não será um Awade que vai-nos custar. Aqui já matamos leão com carolo, tivemos a primeira república militar e agora estamos a desenhar "casas modelo" para todo o país. É Zambézia aqui.
- Co'licença!
Excelentíssima Camarada Helena,
Antes de mais receba as minhas mais sinceras saudações.
Sugiro que a 'Tê-Vê-Eme' e o 'Notícias' partilhem com o público os seus dicionários e gramáticas. O jornalista deve partilhar os mesmos códigos com sua audiência. Aliás, é isso que dizem as teorias de comunicação. Um dos elementos mais importantes da comunicação, desde o modelo comunicacional de Aristóteles até ao de Harold Dwight Lasswell, é o código.
Agora, quando vemos, lemos ou ouvimos notícias elaboradas por certos canais da vanguarda já não sabemos o que significa o quê. Quando você pensa que "despenhar-se" é "cair", a Tê-Vê-Eme vem nos ensinar que a coisa não é bem assim. Afinal, "despenhar-se" é "aterrar de emergência". E foi assim que, há alguns anos, o jornal Notícias entregou Mugabe aos golpistas. O cota ficou na sala sorvendo do bom vinho e contando as rugas do saco, enquanto os golpistas estavam na varanda. O 'Notícias' garantiu ao velhote que os disparos que estava a ouvir eram de mancebos de Matalane que tinham transformado a varanda do palácio em carreira-de-tiro. O velhote tinha um vocabulário comum. Resultado: Mugabe foi encontrado com os seus "matxendes" na mão.
Assim, se estiver no voo e o piloto anunciar uma aterragem de emergência, é melhor começar a mijar e pedir uma "Bic" para actualizar o testamento... significa que o avião já perdeu uma asa e está a cair de bico. De resto, são outros dicionários, outras teorias, outros manuais e outros jornalismos. Aqui a ideia não é informar, mas baralhar para perpetuar o 'status quo'. Estamos a falar daquela imprensa que vive do nosso suor. Seria bastante triste se não fosse cómico.
- Co'licença!