Povo - conjunto de indivíduos que têm a mesma origem, a mesma língua e partilham instituições, tradições, costumes e um passado cultural e histórico comum (infopedia).
Cultura Africana - de forma geral, os africanos são definidos por serem hospitaleiros, alegres, comunitários, solidários e pacíficos - na educação, nas preces, no trabalho e, de forma geral, no quotidiano os africanos executam-no com música, ritmo e dança.x. 2
FACTOS:
Os navegadores europeus do século XV foram os últimos no mundo a aventurarem-se pelos “mares nunca antes navegados, “que outros povos já o faziam, há pelo menos 3500 anos. Os europeus ficaram surpresos com a cordialidade com que foram recebidos nos diferentes portos do Sul do Atlântico, Índico e Pacífico.
Estes indígenas, que tinham como génese a cultura da paz, cooperação económica global ao longo das gerações, procederam cumprindo o protocolo tradicional de boas vindas aos novos visitantes vindos do Hemisfério Norte.
Por sua vez, estes novos viajantes pelo mundo não perceberam (ainda hoje) as regras da hospitalidade. Procederam culturalmente à moda europeia - através das armas, falsidades, intrigas e conspirações contra os hospedeiros.
Revendo a história, os chineses, indianos, judeus, árabes e africanos já viajavam entre oceanos desde há 5000 anos, sem conflitos entre as partes.
Com a chegada dos europeus, estes territórios passaram a um estado de guerra permanente. Muito por culpa do seu desconhecimento pelo resto do mundo (para não dizer ignorância) acerca das culturas e potencialidades na cooperação com o Hemisfério Sul - riquezas que faziam guerras na Europa como pedras preciosas, ouro, prata, cobre, pimenta, açúcar, têxteis, etc., etc., afinal eram tão fáceis de adquirir no resto do mundo.
Quando os europeus chegavam a um porto africano, árabe, indiano, asiático e americano pensavam que tinham “descoberto” esse território. A razão da sua orgulhosa epopeia sobre os descobrimentos.
Os portugueses, espanhóis, italianos, britânicos e franceses foram os últimos povos do mundo a atreverem-se a navegar para além do seu território e limítrofes, porém, os pioneiros entre os europeus.
Quem chegasse primeiro a um “território era sua descoberta, portanto, sua propriedade” e não deixava nenhum outro país entrar. Como o leitor sabe, não existia o mapa mundo como hoje conhecemos, muito menos linhas de fronteiras - o mapa Greco-Romano escrito por John Thomson em 1813 designa de “Desconhecidos” os territórios a Sul do Corno de África (enciclopédia Britânica). Historicamente, os povos eram livres de viajar, emigrar num verdadeiro mundo global.
Aconteceram inúmeras vezes os portugueses aportarem num porto e os espanhóis aportarem noutro próximo e, ainda, os britânicos aportarem num outro também próximo, (tipo Angoche, Ilha de Moçambique e Nacala). Naturalmente, acabavam em guerras.
Isso fez com que os países europeus mais pobres, incapazes militarmente, fossem “corridos” por outro descobridor mais forte dos diferentes territórios que pensavam ter “descoberto”.
Foram esses os mais fracos que tiveram de ir “descobrindo” os territórios ao sul do Sul do Atlântico e ao longo do Índico, sendo um bom exemplo os portugueses e holandeses, entre outros.
A cultura de guerras incessantes entre os “descobridores” enfraquecia-lhes, atrasando a oportunidade de explorarem os recursos disponíveis.
Ao fim de 400 anos, os europeus reuniram-se em Berlim, na Alemanha, para concordarem as linhas de fronteira a que os territórios passariam a pertencer exclusivamente a cada “descobridor”. A reunião ficou registada, a 15 Novembro 1884, na história como a Conferência de Berlim.
A razão principal desta conferência visava acabar com inter-conflitos europeus coloniais de tal forma que os “descobridores”, agora formalmente “aliados colonizadores”, ultrapassassem uma crescente resistência nacional indígena contra a ocupação, exploração e humilhação.
Esses aliados são os mesmos que hoje se designam de “comunidade internacional”, que em 1080 se juntaram numa aliança para a primeira Cruzada - guerra que os europeus católicos, liderados pelo Papa Urbano II, fizeram na Palestina, afim de ocupar Jerusalém contra judeus, cristão ortodoxos e muçulmanos. As cruzadas duraram 300 anos e os europeus Romano-Católicos saíram derrotados.
A urgência da Conferência de Berlim deveu-se ao facto de a Europa atravessar uma das maiores crises da sua história - sanitária, social, económica e humana. A destruição e a fome generalizada agravada pela longa e sangrenta Guerra dos 30 anos entre Católicos e Anglicanos.
Como que castigados divinamente, 30 anos depois da Conferência de Berlim, os Europeus, ou seja, a “comunidade internacional” volta ao seu “velho” normal - inicia a Primeira Guerra (europeia) Mundial - com resultados mais catastróficos para o continente europeu, então o mais pobre do globo.
Aproximadamente 30 anos depois da Primeira Guerra, inicia-se a Segunda Guerra (europeia) Mundial - Com consequências catastróficas num continente que esteve em guerras permanentes nos últimos 10 séculos. Nesta Segunda Guerra (europeia) Mundial, resulta um dos maiores assaltos da humanidade, seguido de um genocídio, o Holocausto - contra comunidade judaica que detinha a proeminência na economia europeia, tendo sabiamente se mantido fora dos conflitos, em particular os religiosos Romano-Católicos versus Anglicanos.
Como forma de os europeus se financiarem para a referida grande guerra, os racistas, xenófobos e nacionalistas alemães e aliados liderados por Hitler roubaram todos os bens e mandaram assassinar, queimando nas câmaras de gás de Auschwitz, 6 milhões de Judeus.
A história serve de referência para não repetirmos os erros do passado. Há muitas “conferências de Berlim” acontecendo no hemisfério norte. Desta vez para definir a distribuição dos recursos naturais, essenciais à sua (europeia) sobrevivência.
Os africanos de forma geral e, em particular, os governantes, devem deixar sua ingenuidade de acreditar na “ajuda da comunidade internacional” e defender os nossos interesses soberanos, de forma sustentável.
Nós temos de trabalhar, trabalhar e trabalhar.
Desconfiemos sempre de “quem cabras vende e ovelhas não tem, de algum lado vem”.
A luta continua!