Não é novidade alguma que os livros escolares de distribuição gratuita são vendidos nas ruas e avenidas das maiores cidades do país ou mesmo nas respectivas escolas primárias. O que ainda não se sabe é quando esta prática terá o seu ponto final. Trata-se de uma prática secular, cuja resolução nunca esteve à altura dos sucessivos Ministros da Educação.
Entretanto, diferentemente dos anos anteriores em que os livros circulam no mercado durante o período da sua distribuição, este ano anteciparam ao próprio dia do arranque do ano lectivo. “Carta” circulou semana finda pelas artérias da cidade de Maputo e constatou a existência do livro escolar de distribuição gratuita à venda nos passeios entre 130 e 150 Meticais. A única diferença é que os mesmos se encontram embrulhados em sacos plásticos pretos para não chamar atenção das autoridades.
Trata-se de um negócio que, não só é ilegal, mas também contradiz o discurso oficial sobre a distribuição daquele material didático. Oficialmente, sabe-se que o livro escolar será distribuído em meados deste mês (Fevereiro), porém, este já se encontra no mercado negro.
À “Carta”, a porta-voz do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH), Gina Guibunda, disse estar surpresa com a informação, pois, nas suas palavras, o livro escolar de distribuição gratuita só chega ao país na próxima semana.
“Peço que verifiquem bem esses livros. Não quero acreditar que sejam nossos livros. Podem ser do privado. Então, é preciso que vejam as características dos mesmos para saber se são ou não os nossos”, explicou.
Referir que, anualmente, o Governo moçambicano desembolsa cerca de 1,4 bilião de Meticais para aquisição dos livros, dos quais perto de 1 bilião de Meticais para impressão dos manuais e 400 milhões de Meticais para o pagamento de direitos aduaneiros e transporte. (Marta Afonso)