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segunda-feira, 20 dezembro 2021 07:39

Ataques no Niassa: Entre o banditismo local e as incursões dos terroristas, escrito por Omardine Omar

Nos últimos dias, a província do Niassa passou a vivenciar uma nova realidade, com ataques terroristas, conforme garantiram as autoridades policiais e governamentais, que chegaram a atacar uma viatura de um safari, emboscadas contra membros da polícia no distrito de Mecula, onde várias pessoas viriam a abandonar suas residências e procurado refúgio na vila-sede e nas instalações da Reserva Especial do Niassa (REN).

 

Entretanto, várias têm sido as notícias que tentam dar a entender que os terroristas estejam a actuar em vários locais da província do Niassa, o que não constitui uma verdade absoluta, uma vez que, de certo tempo para cá, a província do Niassa tem vivido fenómenos criminais estranhos.

 

Como exemplo, há dias, uma cooperativa de poupanças de mulheres do distrito de Lagos viria a vivenciar uma situação de aparente assalto aos valores monetários e por não terem sido encontrados os restantes montantes, acabaram por incendiar duas residências. Dados colhidos de fontes policiais e civis indicam que, no Niassa, na rota de Muembe até Mavago, ocorrem frequentes assaltos à mão armada contra cidadãos e comerciantes devidamente identificados.

 

Conforme garantiram as fontes, o modus operandi é o mesmo do suposto ataque ocorrido em Muembe, que segundo fontes policiais, foi o que aconteceu no referido dia do acto, uma vez que após os ataques ocorridos em Mecula várias subunidades das FDS foram destacadas para garantir a segurança em alguns distritos vulneráveis da província e acabaram por se deparar com mais uma acção dos meliantes que, na aflição, optaram por incendiar cerca de 15 residências e o caso foi atribuído ao grupo terrorista.

 

Na mesma senda, há dias, na cidade de Lichinga, concretamente no bairro da Cerâmica, um grupo de meliantes invadiu uma residência de um agente da Lei e Ordem que se encontrava em serviço. Comunicada sobre a situação, deslocou-se uma brigada da PRM com o objectivo de deter os meliantes, que acabou tendo uma forte troca de tiros que durou por algumas horas, tendo criado medo e insegurança naquele bairro. Na ocasião, alguns integrantes do grupo de meliantes foram capturados pelas autoridades policiais.

 

Portanto, dados na nossa posse mostram que a questão do banditismo e terrorismo na província do Niassa, especificamente no distrito de Mavago, que é banhado pela Reserva Especial do Niassa (REN), possui diferentes narrativas, uma vez que, segundo fontes do sector mineiro, é neste distrito que se encontram grandes quantidades de ouro e rubi e que ultrapassam as dimensões existentes em Montepuez.

 

Conforme apuramos, a zona em questão e que se encontra no interior da REN está a criar fortes disputas por parte das elites políticas e económicas nacionais que pretendem explorar os recursos, facto que poderá estar a motivar grupos subversivos que podem praticar actos de banditismo e que depois podem ser associados ao terrorismo. Porém, a realidade geográfica da província do Niassa é diferente de Cabo Delgado e de outras províncias, tendo em conta que as regiões onde tem sido reportada a ocorrência de tais ataques são de difícil acesso, distantes uma da outra e pouco habitadas.

 

No entanto, conforme avançaram fontes militares, o grupo terrorista presente nas matas de Mecula ronda entre 20 a 30 homens cujo principal líder, que em vida respondia pelo nome de Maulana Ali Cassamo, foi colocado fora de combate pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS). Segundo o Comandante-Geral da PRM, Bernardino Rafael, os terroristas terão chegado em Mecula via Mavago, onde antes tiveram um forte combate com a Unidade de Intervenção Rápida (UIR). (O.O.)

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