As autoridades moçambicanas estimam que mais de 1,8 milhões de pessoas vivem numa situação de insegurança alimentar aguda em Moçambique, prevendo-se que o número baixe, mas ainda fique acima de 1,4 milhões em 2022.
Os números resultam da “Avaliação de segurança alimentar e nutricional pós-colheita 2021”, realizada em outubro pelo Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (Setsan), entidade do Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar, cujo relatório foi hoje consultado pela Lusa.
A província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, tem o maior número de pessoas em situação de insegurança alimentar, cerca de 932 mil pessoas, por causa da insurgência armada na região.
Segue-se a província de Nampula, norte do país, com cerca de 84 mil pessoas sem saber de onde virá a próxima refeição, e a província de Gaza, sul, com mais de 80.600 pessoas.
A província de Tete, na região centro, é a quarta com o maior número de pessoas em insegurança alimentar, com mais de 62 mil pessoas.
As províncias de Niassa, norte, e de Maputo, sul, concentram o menor número, cerca de 39.800 e 58.000 pessoas, respetivamente.
A avaliação refere que, além do terrorismo em Cabo Delgado, a escassez de chuva nalgumas regiões, o efeito de inundações e ciclones noutras, a par do impacto da covid-19, atiraram mais de um milhão de pessoas para a situação de insegurança alimentar em Moçambique.
O documento indica ainda que as famílias do município da Matola, subúrbio de Maputo, são as mais vulneráveis do país.
Segundo os dados, 90% dos agregados familiares da Matola sofreu um choque natural, económico ou social nos últimos 12 meses, seguindo-se a cidade de Chimoio com 88%, Beira com 77%, Xai-Xai com 70%, e Nampula com 69%.
As cidades de Lichinga e Tete foram as que apresentaram menor percentagem, com 4% e 19%, respetivamente.
A avaliação adianta que 951 mil pessoas receberam ajuda alimentar do Programa Alimentar Mundial (PAM) em setembro deste ano nas províncias de Cabo Delgado e Nampula.
O PAM comprometeu-se a manter apoio alimentar nos meses de novembro e dezembro, beneficiando 945 mil pessoas naquelas duas províncias, mas devido à falta de recursos as quantidades entregues correspondem a 39% da energia diária de cada pessoa.(Lusa)