Enquanto o mundo isola nove países da África Austral, incluindo Moçambique, pela descoberta, na vizinha África do Sul, da nova variante do novo coronavírus, denominada Ómicron, o Director-Geral do Instituto Nacional de Saúde (INS), Ilesh Jani, defende que o encerramento das fronteiras não impede a entrada das variantes do vírus que eclodiu na China em Dezembro de 2019.
Segundo Ilesh Jani, a experiência mostra que o encerramento das fronteiras não funciona para prevenir a entrada de variantes, pelo que os países devem adoptar outras medidas de controlo do vírus, mas que não passam pelo encerramento das fronteiras.
“A experiência anterior mostra que o encerramento das fronteiras não funciona para prevenir a entrada de variantes. Nós como país reconhecemos e por isso não temos usado essa estratégia de encerramento de fronteiras para controlar a pandemia”, explicou o especialista, em entrevista à STV.
Lembre-se que nove países da África Austral estão, desde sábado último, isolados do mundo, devido à descoberta, na África do Sul, da nova variante do novo Coronavírus. Moçambique, África do Sul, Lesotho, Botswana, Zimbabwe, Namíbia, eSwatini, Malawi e Zâmbia estão na lista negra de alguns países europeus, asiáticos, da Oceânia e africanos, incluindo Angola, que integra também a região Austral do continente.
Moçambique já testa nova variante
De acordo com o Director-Geral do INS, Moçambique está em condições de testar e identificar a nova variante do novo coronavírus sem ter de recorrer aos laboratórios estrangeiros, tal como se viu aquando do surgimento da variante Delta, em que o país teve de recorrer aos laboratórios sul-africanos para confirmar a sua existência no país.
Assim, o INS já está a testar a existência ou não da variante Ómicron no país, sendo que, das 232 amostras analisadas até último domingo, nenhuma mostrou sinais de ser da variante sul-africana.
“O que estamos a fazer é testar retrospectivamente todos os casos positivos do mês de Novembro. Até ontem [domingo], tínhamos 232 casos positivos em todo o país [referentes a todo o mês de Novembro] e estamos a testar estes casos para ver se encontramos suspeita da existência da nova variante”, revelou o responsável.
Entretanto, Jani esclareceu ser inevitável a existência da nova variante no país, assim como será inevitável a ocorrência da quarta vaga da Covid-19, prevista para os meses de Dezembro e Janeiro próximos, porém, sublinhou que o país continua “muito calmo” em termos de situação epidemiológica, pois, “temos uma taxa de positividade inferior a 0,5%”. Ou seja, “em cada 1.000 pessoas que nós testamos, encontramos menos de cinco casos”, disse a fonte.
Refira-se que, até esta segunda-feira, o país contava com um cumulativo de 151.528 casos positivos do novo coronavírus, dos quais 149.492 estavam recuperados e 1.941 tinham perdido a vida. Ou seja, até ontem, apenas 91 pessoas se encontravam doentes devido à Covid-19, das quais três estão internadas.
Sublinhar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou, nesta segunda-feira, para o risco global “muito alto” de a nova variante se espalhar pelo mundo, dadas as possibilidades que existem de esta escapar à protecção das vacinas disponíveis. (Carta)